Ao citar o pensador Antônio Cândido, que defende o acesso às artes como um direito básico, a professora Ester Rosa, da UFPE, afirma que a literatura é um direito imprescritível que não pode ser sonegado à população. “Temos dificuldade de alimentar a imaginação. Ao sermos confrontados com narrativas orais e escritas que a humanidade elaborou, passamos a ter a possibilidade de entendermos a realidade complexa do mundo em que vivemos”, explica.
Ao contrário do que se possa supor, ela afirma que a juventude demonstra estar interessada em ler. E aponta que o papel da família é bem relevante para o despertar dessa prática que democratiza a razão (pois nos permite olhar o mundo sob outros pontos de vista) e nos humaniza. “Observar desde cedo os pais lendo ou ter muitos livros em casa são fatores que marcam a vida das crianças e contribuem para sua formação enquanto leitores”, salienta.
Cora de Almeida Farias, 10 anos, desde bebezinha foi incentivada pelos pais, que são jornalistas, a gostar de ler. “Sempre lemos para ela. Quando foi crescendo, passamos a dividir a leitura. Ela lia uma página e nós líamos a outra. Até que ela ganhou mais segurança e se tornou mais protagonista. Lendo e ganhando segurança nisso”, conta a mãe Júlia de Almeida, que relatou a grande alegria da filha quando pôde frequentar sozinha a biblioteca de sua escola.
Boa parte do lazer e do tempo livre dela é dedicada ao universo da literatura. O gosto de Cora fez com que os passeios com o avô frequentemente passem por alguma livraria e que muitos dos presentes de Natal e até de aniversário sejam livros. Ela ama gibis, mas sua leitura favorita é de Luna Clara e Apolo Onze, um livro com nada menos de 327 páginas. “As duas coisas que mais gosto são livros e jogos de tabuleiro. Eu estudo pela manhã e normalmente passo a tarde lendo ou assisto à TV. À noite gosto muito de ler também. Minha mãe me dá beijo e fico lendo”, conta a garota que já tem uma biblioteca bem extensa.
Segundo estudo da Academia Americana de Pediatras, ler para os filhos e estimular a relação com livros na primeira infância contribui na alfabetização dos pequenos e no seu desempenho escolar. A prática auxilia também no desenvolvimento das habilidades cognitivas em geral e até para a empatia.
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*Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com)