*Por Armando Vasconcelos, diretor do Colégio Equipe
No decorrer do segundo semestre um grande contingente de pais preocupados com a escola em que os filhos vão estudar no próximo ano letivo visitam as instituições identificadas previamente como boas e buscam informações sobre a proposta pedagógica, a qualificação dos professores, os resultados…
Em síntese: a qualidade do ensino. Em recente conversa com um grupo de pais iniciei perguntando qual seria o diferencial para escolha da escola. As seguintes percepções foram mencionadas: qualidade do ensino, resultados no Enem, formação integral, boas informações dos alunos, acolhida na escola, que o educando aprenda a gostar de estudar, identificação dos estudantes pelo nome, o aluno ser tratado como pessoa e o número controlado de discentes em sala.
Das percepções mencionadas faço as seguintes inferências. Antes de tudo, o que me parece crucial: a qualidade de ensino. É uma constante o foco ser o ensino. Ensino remete a professor. Focar em resultados hoje é muitas vezes um critério para matricular o filho na escola. Poucas pessoas se referem à aprendizagem. Proponho aos leitores e aos interessados no assunto que o foco seja a aprendizagem. A literatura educacional é rica em pressupostos e dados sobre a aprendizagem entendida como “Uma nova cultura de aprendizagem”. Os pesquisadores Douglas Thomas e John Seely Brown são os autores de um livro com este título.
Focar na aprendizagem exige do professor postura de reconhecimento da autonomia e da liberdade dos estudantes em explorar sem limites. Nessa perspectiva Fernando Valenzuela, CEO da National Geographic Learning para a América Latina se refere ao professor como curador. A prestigiada revista The Economist, na edição de 11 de junho de 2016, publicou uma matéria sobre “Como formar um bom professor”. No texto lemos que “bons professores traçam objetivos claros, reforçando altos padrões de comportamento e gerenciando o tempo da sala de aula sabiamente. Eles usam técnicas instrucionais já testadas e praticadas para garantir que todos os cérebros estejam trabalhando o tempo todo, por exemplo, fazendo perguntas em sala de aula de maneira inesperada ao invés de se acomodar naqueles alunos que estão sempre levantando a mão para contribuir”. É animador constatar que as pesquisas em educação explicitam duas assertivas na perspectiva da formação do professor: bons professores não nascem prontos e as habilidades a serem conquistadas podem ser ensinadas.
Os professores são os principais protagonistas da educação. As atitudes docentes precisam estar impregnadas de norteadores como o respeito à autonomia dos alunos, a mediação das aprendizagens e a criação de ambientes onde o conhecimento pode ser produzido, explorado e conectado. A conectividade implica necessariamente a existência de uma cultura digital na escola. O relatório da Unesco sobre educação para o século 21 – Um tesouro a descobrir – propõe que a educação deve se estruturar em quatro pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. A missão da escola é, portanto, envidar esforços para o desenvolvimento humano entendido como a evolução da “capacidade de raciocinar e imaginar, da capacidade de discernir, do sentido das responsabilidades”. Eis um bom paradigma para iluminar a escolha da escola para nossos filhos.
*Todas as segundas-feiras estaremos publicando artigos sobre as transformações e tendências da educação
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