Há pouco mais de um mês, quando o Brasil entrou em festa pelas três indicações de “Ainda Estou Aqui” ao Oscar, quem apostaria numa mudança tão forte de cenário? Mudanças relacionadas à polêmica envolvendo “Emilia Pérez”, nossa principal concorrente. Verdade que o filme da Netflix abocanhou grande parte dos prêmios pelos quais passou. Porém, Karla Sofía Gascón, atriz que protagoniza a história dirigida pelo francês Jacques Audiard, resolveu polemizar perto do período de votação da academia, o que pode, sim, ter influenciado a escolha dos votantes.
Veículos da imprensa internacional lançaram suas apostas quanto ao êxito de “Ainda Estou Aqui”. Para Tom Phillips, do jornal inglês, The Guardian, o longa de Walter Salles dialoga com o avanço do autoritarismo no mundo: “O filme se impôs, no Brasil e no mundo, durante uma nova onda de autoritarismo, como um alerta contra os homens poderosos e egocêntricos que em nada diferem daqueles que governaram o Brasil durante o regime militar…”. O The New York Times acredita que o filme brasileiro trará na bagagem os prêmios de Melhor Filme Internacional e de Fernanda Torres como Melhor Atriz.
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Fernanda terá pela frente a dura missão de desbancar Demi Moore (A Substância) e Mickey Madison (Anora). Moore venceu o SAG Awards, premiação do Sindicato dos Atores, e Madison, o Bafta, considerado o Oscar britânico. As duas premiações servem de termômetro para a categoria. Historicamente, quem ganhou alguma das duas, levou o Oscar de Melhor Atriz. Claro que isso não é regra esculpida em rocha. Fernanda Torres corre forte por fora, e pode surpreender.
É óbvio que torcemos muito para que "Ainda Estou Aqui" volte ao Brasil com alguma estatueta. E as chances são reais. Porém, melhor que isso, é saber que a jornada de Eunice Paiva rompeu os limites territoriais brasileiros e lançou-se aos olhos do mundo como denúncia de um período sombrio de nossa história, em memória não apenas de Rubens Paiva, mas de tantos outros que foram mortos pela ditadura militar.
Aposta: "Ainda Estou Aqui" ganha o prêmio de Melhor Filme Internacional e Fernanda Torres o de Melhor Atriz.