Joselito, negro, 65, descobriu que era albino aos 20 anos quando fora usado como exemplo numa aula por sua professora de Biologia. Laís, negra, 7, albina, com a ajuda da mãe entendeu desde nova que o albinismo não é uma condição limitante. Joselito mora em Salvador, Laís, no Rio de Janeiro. Distantes geograficamente, dividem os desafios de uma condição e uma complexa rede ancestral. O curta observacional, À Flor da Pele, acompanha os dois personagens em sua jornada diária com o albinismo.
Joselito é filho de mãe indígena e de pai negro. Descobrir-se albino tardiamente custou ao baiano sérios problemas de pele. Foi submetido a mais de 100 procedimentos cirúrgicos para remover lesões pré-cancerígenas. Apesar disso, costuma manter otimismo e bom humor. Numa das cenas, diverte-se com a enfermeira durante o procedimento de remoção de uma das lesões nas costas. Diferente de Joselito, Laís é acompanhada desde que nasceu, quando fora diagnosticada como albina. Patrícia, a mãe, conta que a princípio tomou um susto, mas logo em seguida entendeu que a filha veio para lhe dar coragem e mudar a forma de pensar sobre a condição.

O entrelaçar das histórias é visível também na montagem realizada por Natara Ney. Numa das cenas, Laís está à mesa com os pais. Em off, ouvimos a voz de Joselito, que conta a história do nascimento do irmão que também é albino. Momentos distintos quanto ao contexto, porém interligados pela condição dos personagens.
À Flor da Pele tem direção e roteiro da carioca Danielle Villanova. Danielle foi produtora executiva do documentário Fico Te Devendo Uma Carta Sobre o Brasil, que conquistou Menção Honrosa do Júri Oficial no IDFA em 2019 e no Festival É Tudo Verdade em 2020. Também foi coordenadora de produção do documentário Divinas Divinas, de Leandra Leal. À Flor da Pele é sua estreia na direção. O curta irá estrear no Festival Curta Cinema no Rio de Janeiro, que acontece de 23 a 30 de abril.
Sobre o doc: https://www.aflordapelefilme.com/