*Por Rafael Dantas
Parasita deu ao cinema coreano um novo status em 2020, mas as produções cinematográficas do país oriental já merecem atenção há algum tempo e tem novas promessas também. Trago 3 dicas de filmes que mergulharam na história de um dos períodos mais sombrios da política coreana. São enredos fortes que revelam a tensão vivida pelos coreanos décadas atrás, com governos autoritários.
Motorista de Táxi
O meu favorito desse trio é Motorista de Táxi. O mais leve que os demais, traz alguns pontos de humor, inclusive, em uma história pesada, que envolveu o cerco de uma cidade rebelde pelo governo nacional. O desconhecimento do trabalhador comum sobre da realidade do seu País e o choque ao se deparar com ela integram uma teia de compreensões que podem ser comuns outras sociedades (eu incluiria a brasileira nessa reflexão). O filme é de 2017, com direção de Hun Jang e uma atuação impecável de Song Kang-ho, um dos grandes atores do país, que também estava no elenco de protagonistas de Parasita.
SINOPSE: Um taxista de Seul é contratado por um jornalista estrangeiro para levá-lo até a cidade de Gwangju. Ao chegar lá, eles se deparam com o lugar tomado pelo governo militar e com os cidadãos, liderados por um grupo de estudantes, reivindicando liberdade. O que começa com uma simples corrida de táxi se torna uma luta pela sobrevivência em meio à Revolta de Gwangju, evento real que aconteceu na Coreia do Sul em maio de 1980.
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1987: When The Day Comes
Mergulhado entre as tensões e traumas das ditaduras de diferentes orientações políticas, 1987: When The Day Comes traz o tom de como questões tão pessoais tem grandes efeitos nacionais. Tortura, rebeldia juvenil, resistência para enfrentar o autoritarismo compõem um trama complexo e envolvente. A película é baseada na história de Park Jong-Chul, um universitário que integrava o movimento pró-democracia. Após ser preso e torturado, há uma tentativa frustrada de esconder o ocorrido. O filme também é de 2017 e foi dirigido por Jang Joon-hwan.
SINOPSE: Em 1987, o estudante universitário do movimento pró-democracia Park Jong-chul é capturado pela polícia. Ele é então torturado até a morte. A polícia e o governo tentam encobrir o caso de Park Jong-Chul, mas a mídia e os estudantes universitários tentam revelar a verdade.
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The Man Standing Next
A aposta do cinema coreano para o Oscar 2021 é The Man Standing Next. A trama envolve segredos e traições na alta cúpula do governo coreano, que estava prestes a cair, em outubro de 1979. Trata-se de um thriller político, dirigido por Min-ho Woo, que demonstra a dureza dos líderes autoritários do País e as tensas relações diplomáticas internacionais na sua época.
SINOPSE: Nos anos 70, a Coreia do Sul está completamente dominada pela KCIA, que tem braços que vão além do Estado. A KCIA por sua vez tem como principal controlador, o presidente da república.
Não sou especialista em cinema (aqui no nosso site, essa missão é de Wanderley Andrade), mas as dicas acima são um bom caminho para os amantes da história traduzida no trabalho dos cineastas. Conheci o cinema coreano e essas obras através de indicações que vieram do historiador, metroviário e amigo Jorge Mota, apreciador da sétima arte de diversos países. Sua lista é inclusive carinhosamente chamada por um grupo dos Cinéfilos que integro de MotaFlix.
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*Por Rafael Dantas, jornalista e repórter da Revista Algomais. Ele assina as colunas Gente & Negócios e Pernambuco Antigamente (rafael@algomais.com | rafaeldantas.jornalista@gmail.com)