Ana Garcia: “Uma experiência como o festival pode ser transformadora para as pessoas” – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

Ana Garcia: “Uma experiência como o festival pode ser transformadora para as pessoas”

Por Yuri Euzébio

Com nomes do calibre de Lia de Itamaracá (PE), Clarice Falcão (PE), Black Alien (SP), OQuadro (BA),Sevdaliza (Irã / Holanda), Liniker & os Caramelows (SP), Dani Costa (PE), Aventura (PE), DJ Gui Boratto (SP), Gop Tun(SP), MC Tha(SP) e muito mais, o festival pernambucano No Ar Coquetel Molotov se consagra como um dos mais importantes do Brasil e chega a sua 16ª edição, no dia 16 de novembro, no Caxangá Golf Club, com uma programação variada e que vai além da música.

Mostra Play The Movie, Molotov Negócios, intervenções artísticas, acessibilidade, parcerias com a Women Friendly – Empresa Amiga da Mulheres e Keychange (iniciativa internacional pioneira que estimula o equilíbrio de gênero na programação dos festivais), são algumas das ações promovidas pelo festival, que fazem do No Ar, um espaço que vem transformando a realidade da música local e nacional.

Conversamos com a diretora do festival Ana Garcia, sobre o evento, curadoria, legado, negócios, emoções, dificuldades e o polêmico gênero brega funk. Confiram a entrevista exclusiva para a coluna Mais Música:

Com as últimas edições sendo realizadas no esquema sold out, ou seja, com todos os ingressos esgotados, explica como é ter que fazer um festival perfeito pra tanta gente. Como costumam trabalhar?

Estamos vivendo uma época difícil de crise econômica e política. E já existem diversos estudos sobre os millennials (nova geração) preferirem ficar em casa a sair. Então, estamos tentando a cada ano tornar o festival em uma experiência inesquecível e única. Certamente o festival não é perfeito e por ser feito sob tantas mãos criativas que procura realmente passar uma experiência inovadora, todo ano aprendemos algo novo. Além disso, o festival tem os seus limites financeiros. O maior desafio é criar experiências, ativações e novidades com uma verba limitada e talvez isso seja o que torna o festival tão interessante tanto para quem participa, como quem trabalha. Não queremos ter um padrão, queremos fazer um festival criativo que pode ser realizado em qualquer parte do mundo e temos a sorte que esteja acontecendo no Recife.

O que mudou da primeira edição do festival até hoje? E o que você enxerga de mais positivo?

Eu acho que os festivais da 1ª a 10ª edição foram festivais bem diferentes, em locais fechados, com público limitado e sem as dificuldades e responsabilidades de realizar um festival ao ar livre. Então, as mudanças são infinitas desde estrutura, tamanho de equipe a organização. Sem falar que começamos a realizar um festival em uma época que tinha poucos festivais e quase nenhum liderado por mulheres. Eu brinco que apesar de estarmos na nossa 16ª edição, esta é a 6ª edição do festival, tudo mudou depois que fomos para a Coudelaria Souza Leão em 2014. O público aumentou bastante e com isso a nossa responsabilidade de conseguir atender a todos com a maior segurança possível. Mas acho que uma das maiores mudanças foi entender que o festival não é apenas um local para assistir música e sim um ponto de encontro onde podemos discutir políticas. Por isso a importância de uma programação equilibrada, com 50% das mulheres ocupando os palcos, ter treinamento com toda equipe de segurança e bar com o Women Friendly, ser obrigatório o Copo Eco para tornar o evento mais sustentável e por aí vai. Acho que mesmo com todo crescimento, ainda temos muito o que aprender e vejo isso como algo muito positivo. É uma forma de continuar a maquina árdua para fazer melhor e maior sempre.

O No Ar é conhecido por inspirar outros eventos e festivais do Brasil, seja nas ações ou na escolha do Line – Up. Como vocês pensam a curadoria do evento?

A curadoria é um quebra cabeça. Recebemos muito material de bandas do mundo inteiro, vamos para muitos shows, somos constantemente convidados para participar de feiras e festivais no Brasil e fora do mundo e o mais legal é a colaboração do público. Galera cria hashtags e sempre tentamos entender se faz sentido abraçar o movimento ou não. Mas claro que isso tudo depende muito do nosso orçamento. Também tentamos fechar parcerias, como o Natura Musical que nos permite trazer artistas do programa, ou instituições como o Embaixada dos Países Baixo e Instituto Conceição Moura. O mais importante é ter a novidade e manter uma programação fresca onde as pessoas queiram ver pelo menos 80% da programação.

Algumas marcas estão preocupadas não apenas em realizar um evento perfeito hoje em dia. Também pensam no legado que vão deixar. Que legado o Coquetel espera deixar para o público e pra cidade?

Acho que no começo do Coquetel Molotov só queríamos mudar a vida das pessoas, nem que fosse apenas de uma pessoa. A música salva vidas e sabemos disso. Uma experiência como um festival pode ser transformador para as pessoas. Mas acho que queremos ajudar a criar um público antenado, consciente e ativo. Inspirar outros festivais, mostrar que é possível criar algo novo, ter políticas dentro dos eventos e buscar a igualdade.

Outra coisa importante que o festival promove, é o Molotov Negócios com palestras e workshops gratuitos importantes. O que podemos esperar dessa iniciativa?

Percebemos que está cada vez mais difícil para os artistas locais viajarem e participarem de diversas feiras e conferências fora de Recife. Além disso, tentamos preencher um buraco que existe ao trazer festivais, blogs, players de mídia que dialogam de uma forma mais próxima com o público que queremos atingir que é mais focado no indie, rock e mpb. Acho que no fim, complementa com muita coisa que rola na cidade. Mas a nossa programação é gratuita e tentamos ter um foco em artistas do interior que tem mais dificuldade de ter acesso a esse tipo de conteúdo. A primeira edição com palestras, oficinas e pitchings foi um sucesso. Foi a primeira vez que fizemos uma rodada de negócios em formato pitching e isso ajudou as bandas a se organizarem melhor para realizarem as suas apresentações para um grupo de compradores. Estamos muito ansiosos com os encontros deste ano. Ter pela primeira vez um talk de um responsável do Facebook será um sonho. Além disso, fechamos uma grande parceria com a ABMI com uma programação toda dedicada ao mercado da música. O melhor de tudo é que é tudo gratuito.

Qual a parte mais difícil e a mais emocionante de fazer o Festival?

A parte mais difícil de realizar o festival é a captação. É muito difícil conseguir captar o necessário para fazer o festival da forma que o projetou. Mas acho que isso é o que torna mais emocionante também… é realmente uma montanha russa de emoções. Será que vamos conseguir? Quanto devemos arriscar? As vezes é um soco no estômago. Atualmente, o mais difícil tem sido manter a calma diante das críticas que recebemos nas nossas redes sociais. Acho que é o preço que pagamos por manter todas as vias abertas para diálogos.

Sobre o polêmico brega-funk. O que você acha do estilo e como foi inserir o gênero no festival?

Acho que a polemica do brega funk pra mim sempre foi muito similar a política de curtir o rap dos anos 90. É uma longa discussão, as mulheres no rap durante muitos anos foram desrespeitadas, mas como não falar que Snoop Dogg e Wu Tang Clan não foram incríveis e revolucionou a forma como consumimos música? Mas fico feliz da conscientização e a abordagem de outros tópicos. Todo mundo curte o brega funk, todas as classes, idades, está rolando em tudo. Foi durante uma conversa com Nega do Babado, que participou do Coquetel Molotov de 2017, que pensei como deveríamos ter um artista no nosso line up. Pensei logo no rei e convidamos Troinha. Ele entendeu o conceito e fiz questão de explicar quem era o nosso público, como repensar o repertório e fazer um show bonito. Fico muito feliz que naturalmente eles têm invadido outros festivais e hoje tem festival de brega funk com apoio para multidão. É isso.

PROGRAMAÇÃO

PALCO COQUETEL MOLOTOV

MC Tha (SP)

Lia de Itamaracá (PE)

Sevdaliza (Irã / Holanda)

Luiz Lins (PE)

Liniker e os Caramelows (SP)

Black Alien (SP)

Coppola (SP)

Gui Boratto (SP)

PALCO NATURA MUSICAL

Uana Mahin (PE)

Clarice Falcão (PE)

Terno Rei (SP)

Rosa Neon (BH)

Drik Barbosa (SP)

Denov (SP)

Dani Costa, o show da queridinha (PE)

OQuadro (BA)

Revérse Djs (PE) Cherolainne b2b JV

Gop Tun (SP)

PALCO SONIC

Aventura (PE)

Satanique Samba Trio (DF)

Siba Carvalho (PE)

Torre (PE)

Taco de Golfe (SE)

Raça (SP)

Bione (PE)

Jurandex (PE)

Saskia (RS)

SOM NA RURAL

Batestaca (PE) convida MADDAM (PE)

SERVIÇO

TNT Apresenta

No Ar Coquetel Molotov 2019

Shows com MC Tha, Drik Barbosa, Rosa Neon, Sevdaliza, Black Alien, Gop Tun e Liniker e os Caramelows, entre outros

Local | Caxangá Golf Country Club – Av. Caxangá, 5362 – Iputinga
Data |16.11
Horário | a partir das 13h
Ingressos LIMITADOS |

3º Lote: R$ 60,00 (meia), R$ 120,00 (inteira) e R$ 85,00 (social – levar 1 kg de alimento não-perecível)
Link para compra online | www.sympla.com.br/noar2019
Pontos de venda | Avesso (Avenida Rui Barbosa, 806) – seg a sexta, das 9h30 às 19h30 e sábado das 9h às 18h.
Formas de pagamento no local | Dinheiro

Classificação indicativa para 16 anos desde que estejam com esta autorização por escrito e com firma reconhecida pelos seus responsáveis legais em duas cópias.
www.coquetelmolotov.com.br| www.facebook.com/noarcm

Patrocínio: Baterias Moura, Uninassau, Natura Musical, CEPE

Apoio: Instituto Conceição Moura, Embaixada do Reino dos Países Baixos, Copergás, Women Friendly, Todxs, Porto Digital, Porto+, Som na Rural, Nando Zevê, Moka, Buffalo, Café 8, Prefeitura do Recife, Fundarpe, Secretaria de Cultura, Governo de Pernambuco

Cerveja oficial: Itaipava

Realização: Coda

Deixe seu comentário

+ Recentes

Assine nossa Newsletter

No ononno ono ononononono ononono onononononononononnon