Por Manu Siqueira
Você é do tipo que ama ou odeia dezembro? Ou melhor, você é do tipo animado ou é a pessoa que fica chocha, capenga, anêmica, frágil e inconsistente com a aproximação do fim de ano? Se você me perguntar se eu gosto ou não de dezembro, eu não saberia te responder. Talvez dependa do ano. Do que aconteceu nele. Com quem convivi, o que aprendi. Já tive a sensação de, no fim do ano, estar tão exausta, que a única coisa que eu queria era dormir e descansar o meu corpo e a minha mente. Já tive anos em que quis celebrar com amigos e com a família em festas regadas a alegria e diversão.
Mas acho que, geralmente, o fim de ano é um período para refletir, recalcular a rota, se desfazer de coisas e de pessoas, fazer faxina no armário, nos arquivos, doar algo e, se doar para alguém. Fazer a energia circular, me parece, espanta o mau agouro. E sim, sou a favor de todos os rituais que façam os seres humanos acreditarem que serão mais felizes no ano que se inicia.
Desde que me tornei celebrante de casamentos, estou ressignificando certos rituais. Acho que os ritos de passagem são importantes para fechar ciclos e abrir novos espaços no coração. É uma ótima oportunidade, inclusive, de praticarmos o respeito às religiões, doutrinas e filosofias. Uma rosa branca para Iemanjá, uma reza para Nossa Senhora das Graças e um pedido aos espíritos superiores. Por que não?
Esta época, talvez seja o período em que as pessoas fiquem um pouco mais sensíveis. E, sinceramente, como estamos precisando de sensibilidade no mundo, não é mesmo? Abaixo o ódio gratuito, as opiniões não solicitadas e os julgamentos na internet (e na vida real). E viva a compaixão, a solidariedade e a amizade! Ah! A amizade. Taí uma coisinha pra me emocionar. Sempre me comovo com declarações e gestos vindos dos meus amigos ou direcionados por mim, a eles. Na minha vida, eles não chegam a meia dúzia, mas são amigos com letras maiúsculas, escritas com luzes neon, piscantes, em alguma válvula do meu coração. Assim como Vinícius de Moraes disse um dia: “Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos”. Amigos são verdadeiras dádivas, mesmo.
Agradecer por ter, em volta, gente que te quer bem e que torce por você, genuinamente, é sagrado… e cada vez mais raro. Sabe aquelas pessoas curativas? Que te acalmam e que dizem exatamente as palavras que você precisa ouvir naquele momento de dor ou de profundo estresse? Assim como há pessoas malignas, existem as bondosas, e é nessas que devemos concentrar todas as nossas energias. Nos alimentar de bem…
Manter essas pessoas por perto, sempre é um bom jeito de iniciar um ano.
Por isso, antes que termine o ano, fale, digite, grave um vídeo, desenhe, cante para alguém que foi imprescindível para você. Comemore ter essa pessoa em sua vida. Se o seu ano foi duro, amargo e difícil, é hora de aprender com as experiências dolorosas e seguir adiante. Não, eu não sou do time de perdoar quem te feriu. Há uma comoção geral nas festas de fim de ano de que devemos praticar o perdão a qualquer custo. Não! Sou do time de: afaste-se imediatamente de quem te feriu e, se possível, mantenha-se afastada eternamente.
Antes que termine o ano, faça lista, faça planos, faça o que quiser. Permita-se ser livre de ter que ser ou ter que fazer. Nós não temos que nada. Fazemos se quisermos. Claro, com sabedoria e inteligência. Antes que termine o ano, eu quero te desejar um 2024 livre, leve, divertido e alegre. Que, no ano que se inicia, a gente possa ser feliz, antes que termine o ano.
*Manu Siqueira é jornalista (mmsiqueira77@yahoo.com.br)