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Aplicação das células-tronco em equinos com doenças neurológicas

Revista algomais

Em abril de 2018, a revista científica Stem Cell Research & Therapy, uma das mais importantes do mundo na área de terapia celular, publicou um artigo que tem como autora principal Danielle Jaqueta Barberini, doutora em Medicina Veterinária pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Unesp, câmpus de Botucatu.

O artigo, que é parte da tese de doutorado de Danielle, é resultado das atividades desenvolvidas por ela nos nove meses que atuou como pesquisadora visitante na Universidade da Califórnia, em Davis, nos Estados Unidos, considerada por diversos rankings de avaliação, a melhor escola de Medicina Veterinária do mundo.

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A aproximação com a instituição norte-americana teve início quando Danielle buscou contato com a pesquisadora Dori Borjesson, do Veterinary Institute of Regenerative Cures (VIRC), da Universidade da Califórnia. A seleção para uma Bolsa Estágio de Pesquisa no Exterior (BEPE) junto à Fapesp permitiu que ela concretizasse seu objetivo de trabalhar com a pesquisadora. “Estudei e utilizei muitos artigos da doutora Dori e sabia que ela era uma referência na área. Mesmo sem conhecê-la pessoalmente, escrevi um e-mail para saber se poderia trabalhar com ela por algum tempo. Trocamos algumas mensagens e, com a oportunidade da bolsa concedida pela Fapesp, acabou dando tudo certo”.

O VIRC é um instituto que tem como objetivo desenvolver pesquisas na área de terapia celular aplicada a animais domésticos. A FMVZ, por sua vez, também tem avançado nos estudos com células-tronco, voltados, principalmente, para doenças neurológicas em cães e cavalos.

Na parte do seu doutorado desenvolvida na Universidade da Califórnia, Danielle comparou a eficiência da aplicação das células-tronco em cavalos nas regiões atlanto occipital (nuca) e lombo sacra (lombar) dos animais. “A hipótese, comprovada pelo estudo, é que a via de aplicação na região atlanto occipital possibilitou que as células-tronco se difundissem melhor por toda a medula espinhal do que ocorreu na abordagem feita na região lombo sacra”, explica o professor Rogério Martins Amorim, orientador da tese de Danielle. “Isso nos sugere que, se queremos ter sucesso com esse tipo de terapia em cavalos com problemas neurológicos, especialmente de medula espinhal, precisamos aplicar as células-tronco na região occipital, onde elas terão maiores possibilidades de difusão por todo o sistema nervoso central”.

Para realizar a pesquisa, Danielle marcou as células-tronco “in vitro”, com uma substância radioativa inócua para o paciente. Ao transplantar essas células, ela pôde acompanhar o trajeto de sua migração no organismo dos animais por um período de 24 horas, usando um aparelho de cintilografia. “Esse é um equipamento que não temos na FMVZ. Devido à estrutura física e de equipamentos que eles possuem em Davis, nós pudemos desenvolver uma parte do trabalho que não seria possível realizar aqui”, ressalta o professor Amorim. Um segundo artigo produzido a partir do trabalho de Danielle em Davis também deve ser encaminhado para publicação em periódicos internacionais da área.

O docente da FMVZ destaca a importância da parceria com um grupo de pesquisa muito forte, vinculando a uma instituição mundialmente reconhecida na área de Medicina Veterinária. “Ficamos satisfeitos com a parceria e com os resultados obtidos no trabalho, culminando com a publicação de um artigo numa revista importante. Sem essa aproximação e apoio da Fapesp não teríamos condições de desenvolver e publicar esse estudo da forma como foi feito”.

Como decorrência dessa aproximação, o próprio professor Rogério Amorim realizou seu pós-doutorado no VIRC, de julho de 2016 a julho de 2017, trabalhando num projeto voltado para enfermidades neurológicas de cães. “Temos a intenção de continuar essa colaboração e desenvolver novos projetos. Espero que outros alunos possam ir para a Universidade da Califórnia e que possamos fortalecer essa parceria”.

 Danielle, por sua vez, relata os benefícios pessoais e profissionais decorrentes da experiência. “Em termos profissionais vi muita coisa nova, foi possível aprimorar bastante a minha formação e até trazer novas informações para a FMVZ. Eles foram muito abertos, permitindo que eu participasse e observasse os projetos de pesquisa que eu quisesse, inclusive com outras espécies. Foi ótimo para ampliar minha experiência. Do ponto de vista pessoal, pude aprimorar meu inglês, fazer muitas amizades e até um pouco de turismo”.

Danielle está trabalhando atualmente num laboratório particular em Botucatu, onde também pesquisa novos produtos relacionados às células tronco. “Talvez no futuro eu tente um pós-doutorado. Por enquanto, pretendo continuar atuando dessa forma, pois consigo conciliar pesquisa com a rotina de trabalho do laboratório”.

Relembrando sua atitude de entrar em contato com a pesquisadora Dori Borjesson e sua busca pela bolsa BEPE, Danielle aconselha aos seus futuros colegas. “Se alguém pensa em fazer parte de sua formação no exterior, eu recomendo ter inciativa, vale a pena correr atrás, buscar a pessoa ou a instituição que é referência em sua área. Quando você se prepara e tem convicção não é tão difícil de conseguir”.

(UNESP)

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