Revista-Espaço Propágulo realiza exposição “A beleza da lagoa é sempre alguém”


Onze artistas pernambucanos estarão presentes na exposição “A beleza da Lagoa é Sempre Alguém”, que acontecerá de 18 de junho a 21 de agosto, na Galeria Janete Costa. A exposição é uma realização da Revista-Espaço Propágulo e conta com financiamento do Funcultura.
O título da exposição foi apropriado de uma passagem do livro “A Desumanização”, do escritor português Valter Hugo Mãe. O livro conta a história de uma menina que perdeu a irmã gêmea, e através deste enredo aborda a solidão, a solitude, a ausência e a presença do outro. Fala ainda da humanidade frágil e a dependência do outro, que embora nem sempre seja um outro que faça bem, contribui para a construção de quem somos. Porém, a exposição não pretende ser uma tradução da obra ou uma transposição de seu enredo para um contexto espacial, a temática é apenas um pontapé para o desenvolvimento da linha curatorial em construção.
A seleção dos artistas teve início com convocatória pública, lançada nas redes sociais da Propágulo, em janeiro deste ano, onze artistas foram selecionados para compor a exposição “A beleza da lagoa é sempre alguém”, que acontecerá no mês de junho deste ano, na Galeria Janete Costa.
Anti Ribeiro, Bisoro, Clara Simas, Luana Andrade, Marcela Dias, Marina Soares, Matheusa Santos, Nara Gual, Rayellen Alves, Tacio Russo, Tatiana Móes foram os artistas selecionados, de mais de cem inscritos, em processo curatorial realizado pelo curador Guilherme Moraes, por Mariana Melo e demais integrantes da Propágulo. A exposição também contará com dois artistas convidados: Luana Andrade e Rayellen Alves.
O principal critério para a seleção foi a relação das propostas com a temática da exposição. Os artistas escolhidos estarão na exposição, como também na edição Nº 8 da revista Propágulo, que será lançada na abertura da exposição.
Sobre a Propágulo
A Propágulo é uma revista-espaço voltada para as diferentes formas de se mediar arte. Em suas atuações, reúne a produção de periódicos impressos, livros, eventos, exposições, residências e ações educativas, tendo como foco a produção artística contemporânea do estado de Pernambuco.
Movidos pela vontade de criar conexões e diálogos entre os diferentes atores do setor cultural, contamos com uma ampla atuação no contexto das artes visuais, já tendo mapeado mais de 100 artistas emergentes e envolvido efetivamente mais de 150 realizadores em nossas atuações. Isso nos permite apresentar um amplo panorama das artes, com o qual possuímos diálogo e proximidade, através dessas formas complementares de aprofundamento.

Mini biografias dos artistas selecionados
Anti Ribeiro 
 
Nascida em São Cristóvão (SE) é produtora sônica, educadora, curadora e pesquisadora. Seu trabalho é focado na produção de dramaturgias e trilhas sonoras, composição de música eletrônica, curadoria em festivais fílmicos e em um processo de investigação-ensino baseado na oralidade. Projetos recentes incluem Movediça, um trabalho que busca esculpir som em peças sônicas, através da captura e distorção de eventualidades fonossedutoras e Ficção Como Arma de Guerra, um ambiente virtual de intercâmbio focado na tentativa de sonhar outros mundos e/ou escapar deste. Mais em: http://antiribeiro.com

Bisoro

Residente de Camaragibe (PE), é ártista plástico recifense que encontra como suporte de sua pesquisa a pintura, entendendo-a enquanto dança-performance. Em seu trabalho, prioriza o movimento, através do qual seu corpo se debruça em metros de algodão cru pregados. Seu corpo, enquanto parte da obra, reverbera-se em corpos vulneráveis e sem fala. Com as mãos bêbadas de tinta, evoca figuras disformes que procuram, em si, abrigo. Vulnerabilidades sociais e estruturais de um jovem negro periférico são questões intrínsecas
à sua obra.

Clara Simas

Nascida e atuante em Recife (PE), Clara Simas é artista visual e co-fundadora do estúdio de design gráfico A Firma (2012). Bacharel em design pela UFPE (2015), é especialista em Epistemologias do Sul pelo Conselho Latinoamericano de Ciências Sociais (2022). Através da experimentação com estéticas que mesclam o universo do design, fotografia e artes visuais, Clara materializa seus projetos em diferentes suportes — peças gráficas únicas, fotolivros, livros de artista, instalações, exposições e videoarte. Tais projetos costumam ser articulados a partir de procedimentos como desenho, apropriação, colecionismo e classificação de imagens ou documentos. Em geral, suas pesquisas são desenvolvidas em longos períodos de tempo e refletem o interesse pela micro-história e pelo uso de narrativas ficcionais na subjetivação de personagens não-conhecidos. 

Luana Andrade

Artista visual, professora e investigadora nascida em Surubim (PE) e atualmente residente na cidade do Porto, em. Formada em Artes Visuais (licenciatura) pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e mestra pelo Programa Associado de Pós-graduação em Artes Visuais (PPGAV-UFPB/UFPE), atualmente dedica-se ao doutorado em Educação Artística (pDEA – Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto). Vem trabalhando em linguagens híbridas, processuais e participativas, o que a aproxima, também no campo da pesquisa, das artes relacionais — quando existe um esforço em atuar na fronteira entre arte e vida. Interessa-se pelos tópicos do cotidiano, formas de vida, relação das pessoas com o espaço onde transitam, e também a educação num campo expandido: entendendo que as práticas artísticas são capazes de fabricar situações pedagógicas. Como poéticas de arte contemporânea, estes trabalhos dialogam com outros campos do saber humano, estrangeiros em um determinado campo da arte puramente formal. Questões sociais entram no horizonte de cada processo, como se transbordassem o seu próprio corpo pensante com vistas a contaminar outros corpos. A contaminação, enquanto um método, necessita aqui de táticas elaboradamente simples, com menos brilho e mais opacidade — por isso busca pela matéria mais chula, vulgar, banal, desapercebida, mas que se faz presente de modo efetivo na vida das pessoas. São táticas apropriacionistas — na adoção de objetos, estéticas e práticas já em circulação – que, por vezes, ativa-se no envolvimento do público, pensando sempre nas implicações sociais do exercício de lidar com o Outro.

Marcela Dias

Nascida e atuante em Recife (PE), possui a pintura e o desenho como linguagens norteadoras da sua pesquisa. Seus trabalhos são atravessados por divagações sobre cotidiano e memória. Participou de exposições coletivas como “Desculpas Pelas Quais” (2021) realizada na Garrido Galeria juntamente ao artista Heitor Dutra e com curadoria de Guilherme Moraes e Steve Coimbra. Atualmente é representada pela Garrido Galeria (PE) e Nós Galeria (SP). Formada em Artes Visuais (licenciatura) pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), atualmente é mestranda do Programa Associado de Pós-graduação em Artes Visuais (PPGAV-UFPB/UFPE).

Marina Soares, Artista Visual

Nascida em Gravatá (PE), vive hoje em Olinda (PE). Graduada em Design (2019) pela Universidade Federal de Pernambuco e mestranda do Programa Associado de Pós-graduação em Artes Visuais (PPGAV-UFPB/UFPE). Utiliza a fotografia e o vídeo como linguagens artísticas. Grande parte de seus trabalhos são desenvolvidos por meio de processos fotográficos alternativos. Sua poética tem se estruturado a partir de pesquisas no campo do Imaginário, com o mergulho em narrativas míticas e questões sobre identidade e memória afetiva. Teve trabalhos expostos no Pequeno Encontro da Fotografia (Olinda, PE), Festival do Minuto (São Paulo, SP), no Instituto Moreira Salles – Festival ZUM (São Paulo, SP), entre outros.

matheusa dos santos 

Nascida em Marabá (PA), atua hoje no estado de Pernambuco. Parte da escrita para traçar atividades coletivas que conduzam reflexões acerca da epistemologia de sistemas de conhecimento, bem como seus pontos de complexidade e contradição.

Nara Gual

Nascida e atuante em Recife (PE), é pernambucana e mãe. Cresceu com o cheiro de terebentina, escondida no atelier do pai. Sempre teve interesse por muitas coisas diferentes: fotografia, ciência, medicina, arte e suas intersecções. Atraída pela interação da arte com questões existenciais, metafísica e ciência, pesquisa sobre as transformações e a memória. Trabalha com diversos meios, como papel, fotografia, objetos, instalações e intervenções ora efêmeras, ora sucessivas, em uma metáfora da dinâmica da ação do tempo sobre a matéria.

Rayellen Alves 

Moradora da comunidade de pescadores e marisqueiras em Nova Cruz 2 / Igarassu (PE). Ingressou em 2016 no Curso de Licenciatua em Artes Visuais na Universidade Federal de Pernambuco. Trabalhou como arte/educadora na Escola Municipal João Pernambuco entre 2017 e 2018, onde se iniciou a sua produção artística. Desde então realiza pesquisas acadêmicas e obras com enfoque em memórias autobiográficas em seu processo de formação, utilizando como objeto principal seu cabelo crespo. Atualmente trabalha com colagens digitais e experimentos têxteis.

Russo

Artista visual, atua na cidade do Recife nas linguagens da arte urbana e do teatro, faz parte da maré de pedra que permeia as avenidas da cidade, praticando microações cotidianas como revide ao ambiente urbano. Realizou o Festival Mural (movimento urbano da arte do lambe) em 2019 e, em 2021, publicou a Cartilha Lambe-lambe como dispositivo pedagógico, auxiliando professores a utilizar o lambe lambe dentro da sala de aula. É escritor e pesquisador dos males da cidade contemporânea. Suas pesquisas sobre a cidade vão do lambe-lambe a trabalhos no Laboratório Labirinto (PE).

Tatiana Móes 
Ingressou no universo artístico ainda jovem, quando cursou “Natureza Morta” na Escola de Belas Artes do Recife. Após formar-se em Design Gráfico pela UFPE, em 1999, frequentou o curso do pintor Shun ́ishi Yamada, sendo, também, sua assistente. Atuou como designer e ilustradora, até sua viagem ao Porto. Nesta cidade, formou-se Mestra em Desenho e Técnicas de Impressão pela Faculdade de Belas Artes do Porto, recebendo o “Certificado de Mérito” por sua excelência acadêmica. Em Portugal, sua pesquisa voltou-se à discussão sobre o Diorama do Museu de História Natural na construção da percepção da alteridade animal sob a luz da ciência, colonização e entretenimento entre a passagem do séc. XIX para o XX, e suas sombras sobre as relações humanas e culturais deste período. Tal investigação vem evoluindo para um aprofundamento sobre questões relativas à alteridade que envolvam animais, sombra, híbridos e monstros; e, mais recentemente, suas experiências como mãe e mulher. Em seu trabalho a artista joga com estratégias de representação, assim como com a opacidade e transparência das superfícies, e mescla diversas referências, aproximando-se por vezes da linguagem da Colagem.

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