As nossas guerras cibernéticas - Revista Algomais - a revista de Pernambuco
IPERID

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Instituto de Pesquisas Estratégicas em Relações Internacionais e Diplomacia

As nossas guerras cibernéticas

*Por Marcos Alves

Da terra....

Agenda TGI

Na noite do 26 ao 27 de Abril a Internet Francesa sofreu “cortes” de grande escala. A rede ficou fora do ar em várias regiões e cidades do país e deixou as operadoras totalmente saturadas, incapazes de fornecer acesso aos usuários e muito menos explicar o porquê dessa situação. Se descobriu rapidamente que a os cabos de fibra ótica por onde circula o sistema foi cortado em localidades distintas da França e isso a poucos minutos de intervalo.

Várias fonte oficiais e não oficiais já admitem que isso possa ter sido um ciberataque. Difícil determinar quem está na origem dessa sabotagem e se pode haver recidiva, mas ela demostra também os limites da proteção das redes físicas dos nossos sistemas de comunicação internet.

Para o mar....

Relembramos que no início do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, países ocidentais mencionaram várias vezes o risco de Moscou cortar os cabos submarinos da internet e assim poder provocar um blackout da rede. Eles faziam referência ao navio russo Yantar, oficalmente um navio de pesquisa oceanográfica, mas considerado pelas autoridades ocidentais como um potencial navio espião com mini submarinos capazes de descer a 6000m de profundidade e avistado na Irlanda, perto das zonas dos cabos transatlânticos.

99% do tráfego mundial é efetuado por via desses cabos. São 420 cabos pelo mundo percorrendo 1,3 milhões de km que asseguram as conexões mundiais. Por isso os fundos submarinos são hoje um verdadeiro campo de enfrentamento e altamente protegidos. Esses cabos também permitem espionar, como por exemplo entre 2012 e 2014, quando os Estados Unidos conseguiram grampear a chanceler alemã, Angela Merkel, conectando-se aos cabos que iam para a Alemanha.

Três empresas se repartem o mercado mundial do seguimento, sendo a Alcatel Submarine Network a líder, com sede em Calais, no Canal da Mancha. A empresa, afirma que para a manutenção de toda sua rede ela dispõe de 3 barcos navegando pelo mundo...maravilha!

Até o espaço....

Em Fevereiro deste ano, o exército francês realizou uma simulação de corte dos cabos entre as suas ilhas nas Antilhas e a França, utilizando meios alternativos de comunicação por via de satélites.

Porém, esse sistema também tem suas falhas. No dia do ataque Russo à Ucrânia o satélite KA-SAT foi alvo de um ciberataque confirmado pelo Comando Espacial Francês que atingiu milhares de casas que ficaram sem TV, mas também atingiu profisionais e instalações sensíveis. Cerca de 10.000 clientes da rede NordNet tiveram seus modems atingidos e desabilitados. O corte durou quase dez dias na França, até terem conseguido trocá-los todos. Clientes da rede FAI na Europa passaram pela mesma situação, neste contexto de tensão por falta de peças e componentes eletrónicos para fabricar novos aparelhos. Na Alemanha, 3000 eólicas foram atingidas. Elas continuaram a funcionar, porém, sem possibilidade de serem controladas a distância.

Esse satélite foi escolhido por hackers, por ser fortemente utilizado como acesso à internet pelo exército ucraniano. Atacá-lo era um bom meio de perturbação só que acabou provocando “ciberdanos colaterais” como o mencionou o governo Alemão.

*Marcos Alves é fellow do Iperid

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