Caçador de palavras

*Por Paulo Caldas

A eclosão da ideia se assemelha ao ato de acordar com o canto do primeiro passarinho. É assim que acontece com o escritor.  Daí é obedecer ao impulso e se pôr a juntar letras e caçar as palavras onde quer que estejam.  Pronto: agora é manusear a pena, gastar tinta, encher as folhas e cumprindo o ritual, chegar ao êxtase.

Aldemiro Lima, advogado por profissão, nasceu vocacionado à escrita. Ao invés de textos ficcionais, no entanto, foi envolvido num emaranhado de petições, datas vênias, embargos laudatórios, agravos disso e daquilo e vossas excelências até, finalmente, embalsamar a liturgia do direito civil, processual, penal e o escambau.

Farto dessa lida, da qual abrigou nos alfarrábios preciosos instrumentos ortogramaticais, surgiu na nossa oficina literária com o firme propósito de seguir a vocação, fugindo aos encantos de sereia chamada Justiça.

Foi assim que o compenetrado causídico despiu-se da incômoda gravata, do paletó sisudo, do apertado sapato bico fino. De jeans e camisa polo, calçando tênis ele deu os primeiros passos, seguindo as pegadas dos colegas do grupo. Certamente estranhou a ausência do juridiquês.

– Como, não usam mesóclise? E por que chamam as aspas de andorinhas. Não empregam pronomes?

Passada aquela fase, percebeu que ali os conhecimentos são compartilhados e a crítica é o sinônimo do incentivo. Daí então encontrou seu mundo, assumiu hábitos de escritor (sofrimento perene e glória fugaz) e mãos dadas à criatividade, abraçou a perseverança.

Neste primeiro voo solo, O encontro de contos em cada canto, habitam tanto personagens inusitados quanto comuns, vistos de forma simples e direta, mas criativos  tal a sua escrita, como se pode ver nos contos O Sol empoeirado, Amor de criança e em outros dos trinta e três que compõem o livro.

*Paulo Caldas é escritor

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