Estreou na terça (9), na Caixa Cultural Recife, a mostra El Deseo – O Apaixonante Cinema de Pedro Almodóvar. Serão exibidos todos os 22 longas que integram a filmografia do diretor e mais dois documentários sobre sua vida e carreira. A mostra tem curadoria da pesquisadora argentina Silvia Oroz e do jornalista Breno Lira. Silvia participará também de um debate sobre o diretor e estará à frente de um master class.
Para saber todos os detalhes da mostra, o colunista Wanderley Andrade conversou com Breno Lira, admirador confesso da obra de Almodóvar.
Como surgiu a “Mostra El Deseo”?
Eu tive a ideia de fazer a mostra em 2009. Foi a primeira vez que me inscrevi em um edital da Caixa Cultural. Só que o projeto não foi selecionado. Inscrevi outra vez e eles selecionaram para acontecer aqui no Rio de Janeiro em 2011. Depois disso, a mostra já foi para Curitiba, Brasília, ano passado levei para Belo Horizonte e agora Recife, na Caixa Cultural. Sempre gostei dos filmes do Almodóvar. Sempre tive curiosidade de saber os detalhes de todo o processo de realização dele, como escrevia aquelas histórias, de onde vinham. Convidei Silvia Oroz, que divide a curadoria comigo, a montar o projeto da mostra e apresentar para a Caixa.
A mostra tem o mesmo formato das que aconteceram nas outras cidades?
No Rio, além dos filmes do Almodóvar e dos documentários que estamos apresentando em Recife, tínhamos incluído alguns trabalhos que o diretor produziu pela El Deseo e longas que serviram de referência para seus filmes. Isso foi possível pois tínhamos a disposição duas salas de exibição. Só consegui levar dessa forma para belo horizonte. Nas outras cidades, até por conta da duração, algumas com apenas uma semana, como aconteceu em Curitiba e Brasília, tive que reduzir e fazer essa versão mais compacta que inclui todos os longas dele e esses dois documentários que descobrimos quando estávamos realizando a primeira mostra.
De Recife, a mostra seguirá para quais cidades?
Ainda tenho vontade de levar a mostra para São Paulo e Fortaleza, que são duas cidades que têm unidades da Caixa Cultural. Como a Caixa tem sido parceira desde o início, tenho priorizado seus editais. Estamos conversando também com outras cidades. Mesmo fazendo uma mostra só com os filmes, sem oferecer catálogo, existe um custo mínimo. É necessário um patrocínio, uma pessoa interessada, alguma empresa que possa bancar o projeto.
Qual característica da obra de Almodóvar mais chama tua atenção?
Sempre falam sobre como Almodóvar usas as cores em seus filmes. E realmente é algo que chama a atenção. Durante a infância, ele viveu numa região da Espanha que não era muito colorida, uma região mais seca, mais cinzenta. Ele tinha apenas as cores dos filmes que via no cinema. Às vezes até o excesso de cores que usa vem um pouco dessa carência de cor durante a infância. O interessante no trabalho do diretor, desde o “Pepi, Luci e Bom”, que é o primeiro, até o ”Julieta”, é a forma como constrói seus roteiros, tanto nos originais, quanto nas adaptações. Percebe-se sua evolução como roteirista. Se você assistir toda a mostra vai perceber isso. Os roteiros do Almodóvar são uma verdadeira aula de como escrever uma história para cinema, com todas as maluquices e estranhezas que sua filmografia tem.
Como começou sua parceria com Silvia Oroz?
Nós trabalhávamos no curso de cinema da Universidade Estácio de Sá no Rio. Minha função no curso de cinema era organizar sessões de filmes seguidas de debates para os alunos da universidade. Silvia sempre participava como mediadora. Eu sabia que ela tinha uma pesquisa grande sobre melodrama latino-americano. Nas conversas com ela, descobri que gostava do trabalho do Almodóvar, que pesquisava a obra dele também, mas nunca tinha publicado nada. Daí comecei a falar sobre o projeto da Mostra, de sua participação ao meu lado na curadoria e sobre ela promover uma master class falando justamente da relação do Almodóvar com o melodrama, que são dois assuntos que domina. Foi importante ter esse peso da Silvia no projeto por conta até de todo o conhecimento que tem. Ela é argentina, mas mora no Brasil há mais de 30 anos. Fugiu da ditadura com o marido e se estabeleceu trabalhando em cinemateca, acervos e atualmente como professora universitária.
PROGRAMAÇÃO
11/05– quinta-feira
17h – MATADOR – Duração: 1h36 – 18 anos
19h – A LEI DO DESEJO – Duração: 1h40 – 16 anos
12/05 – sexta-feira
17h – FILMES QUE MARCARAM ÉPOCA – TUDO SOBRE MINHA MÃE – Duração: 52 min – 10 anos
18h10 – TUDO SOBRE O DESEJO – O APAIXONANTE CINEMA DE PEDRO ALMODÓVAR – Duração: 49min – 10 anos
19h15 – Debate: O CINEMA DE PEDRO ALMODÓVAR – 90 min
13/05 – sábado
15h – KIKA – Duração: 1h52 – 14 anos
17h15 – DE SALTO ALTO – Duração: 1h53 – 16 anos
19h30 – MULHERES À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS – Duração: 1h35 – 12 anos
14/05 – domingo
16h – Master class: PEDRO ALMODÓVAR E O MELODRAMA – 120 min
16/05 – terça-feira
17h – A FLOR DO MEU SEGREDO – Duração: 1h42 – 14 anos
19h – ATA-ME! – Duração: 1h41 – 18 anos
17/05 – quarta-feira
17h – CARNE TRÊMULA – Duração: 1h39 – 18 anos
19h – TUDO SOBRE MINHA MÃE – 1h40 – 14 anos
18/05– quinta-feira
17h – MÁ EDUCAÇÃO – Duração: 1h45 – 18 anos
19h – FALE COM ELA – Duração: 1h52 – 14 anos
19/05 – sexta-feira
17h – ABRAÇOS PARTIDOS – Duração: 2h09 – 14 anos
19h15 – VOLVER – Duração: 2h01 – 14 anos
20/05 – sábado
15h – AMANTES PASSAGEIROS – Duração: 1h31 – 16 anos
17h – A PELE QUE HABITO – Duração: 2h13 – 16 anos
19h30 – JULIETA – Duração: 1h39 – 14 anos
SERVIÇO
El Deseo – O Apaixonante Cinema de Pedro Almodóvar
Local: CAIXA Cultural Recife – av. Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife, Recife/PE
Telefone: 3425-1915
Data: 9 a 20 de maio de 2017
Ingressos: R$ 4 e R$ 2 (meia) para as exibições.
Fan page: https://www.facebook.com/mostraeldeseo/