Arquivos Algomais Saúde - Página 135 de 158 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

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Nutricionista dá dicas de como preparar uma lancheira saudável

O processo de educação alimentar ocorre ainda na primeira infância, período que compreende do nascimento até os seis anos de vida da criança. Segundo os especialistas, é importante estimular hábitos saudáveis nos pequenos para evitar que erros alimentares aconteçam, já que é mais difícil corrigi-los depois de adulto. "Quando os adultos chegam ao consultório para um processo de reeducação alimentar é porque na primeira infância eles não foram bem orientados", disse a nutricionista do Greenmix Bárbara Duque. Com a volta às aulas, Bárbara orienta os pais a prepararem o lanche das crianças em casa ao oferecer dinheiro aos filhos. "Muitas cantinas de escolas não oferecem alimentos saudáveis", enfatizou. A atenção dos pais também devem passar pela conservação dos alimentos na lancheira. Os alimentos perecíveis, como o iogurte, precisam ser mantidos refrigerados. "Se o turno da criança for integral, é melhor optar por frutas de casca (laranja, maçã, banana, por exemplo). No caso de apenas um turno, os pais podem colocar uma fruta de corte (melancia, melão, mamão) na lancheira até 3 horas com tranquilidade e segurança", orienta a nutricionista. A especialista pede que os pais deem preferência à lancheira térmica, pois ajuda no processo de conservação. No mercado, existem opções mais práticas sem deixar de lado o quesito saudável. Frutas secas, cereais, oleaginosas podem ser uma opção. No Greenmix, localizado nas Zonas Norte e Sul do Recife, os lanches são saudáveis sem deixar de lado o sabor. Bolo formigueiro, de cenoura, biscoito polvilho, mini cookies, todos com teor reduzido de açúcar ou adoçado com demerara são mais saudáveis do que os tradicionais. A nutricionista Bárbara Duque alerta quanto ao uso do sal e açúcar no preparo dos alimentos dos pequenos: "Até dois anos, não recomendamos a ingestão de açúcar. Sobre o sal, é ideal que os pais não abusem, já que em muitos alimentos in natura existe sal intrínseco", afirmou.

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Consumo de tabaco é responsável por 90% dos casos de câncer de pulmão

O tabagismo está na origem de 90% de todos os casos de câncer de pulmão - entre os 10% restantes, 1/3 é dos chamados fumantes passivos – no mundo, sendo responsável por ampliar em cerca de 20 vezes o risco de surgimento da doença. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil soma mais 28 mil novos casos de tumores pulmonares ao ano. Além disso, o mau hábito aumenta as chances de desenvolver ao menos outros 13 tipos de câncer: de boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, intestino, rim, bexiga, colo de útero, ovário e alguns tipos de leucemia. Apesar destes dados não serem novidade, o país ainda registra um elevado número de casos de neoplasias malignas entre a população fumante. A oncologista Mariana Laloni, do Centro Paulista de Oncologia (CPO) - Grupo Oncoclínicas, diz que a maioria dos pacientes com câncer de pulmão apresenta sintomas relacionados ao próprio aparelho respiratório, tais como: tosse, falta de ar e dor no peito. Outros sintomas inespecíficos também podem surgir, entre eles perda de peso e fraqueza. Em poucos casos, cerca de 15%, o tumor é diagnosticado por acaso, quando o paciente realiza exames por outros motivos. Por isso, a atenção aos primeiros sintomas é essencial para que seja realizado o diagnóstico precoce da doença. Segundo a médica, existem dois tipos principais de câncer de pulmão: carcinoma de pequenas células e de não pequenas células. "O carcinoma de não pequenas células corresponde a 85% dos casos e se subdivide em carcinoma epidermóide, adenocarcinoma e carcinoma de grandes células. O tipo mais comum no Brasil e no mundo é o adenocarcinoma e atinge 40% dos doentes", destaca. O tratamento do câncer de pulmão se baseia em cirurgia, tratamento sistêmico (quimioterapia, terapia alvo e imunoterapia) e radioterapia. Sempre que possível, a cirurgia é realizada na tentativa de se retirar uma parte do pulmão acometido. Atualmente, os procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos, por vídeo (CTVA) são cada vez mais realizados com menor tempo de internação e retorno mais rápido do paciente às suas atividades. A indicação da cirurgia depende principalmente do estadiamento, tipo, do tamanho e da localização do tumor, além do estado geral do paciente. Após a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia são indicadas para destruir células tumorais microscópicas residuais ou que estejam circulando pelo sangue. Para a Dra. Mariana, a combinação de tratamento sistêmico e radioterapia também pode ser administrada no início do tratamento para reduzir o tumor antes da cirurgia, ou mesmo como tratamento definitivo quando a cirurgia está contraindicada. A radioterapia isolada é utilizada algumas vezes para diminuir sintomas como falta de ar e dor. Mas o grande avanço dos últimos anos, ainda de acordo com a oncologista do CPO, é a imunoterapia. Baseado no princípio de que o organismo reconhece o tumor como um corpo estranho desde a sua origem, e de que com o passar do tempo este tumor passa a se disfarçar para o sistema imunológico e então se aproveitar para crescer, a imunoterapia busca reativar a resposta imunológica contra este agente agressor. "Atuando através do bloqueio dos fatores que inibem o sistema imunológico, as medicações imunoterápicas provocam um aumento da resposta imune, estimulando a atuação dos linfócitos e procurando fazer com que eles passem a reconhecer o tumor como um corpo estranho", explica a Dra. Mariana. E se eu parar de fumar? Principal fator de risco evitável de tumores pulmonares, o tabaco está presente em cigarros, charutos, cachimbos, narguilé e também nos cigarros eletrônicos. E, ao contrário do que muitos usuários destes produtos acreditam, nunca é tarde demais para parar. Segundo a especialista do CPO, os benefícios à saúde começam apenas 20 minutos após interromper o vício: a pressão arterial volta ao normal e a frequência do pulso cai aos níveis adequados, assim como a temperatura das mãos e dos pés são normalizadas. Em 8 horas, os níveis de monóxido de carbono no sangue ficam regulados e o de oxigênio aumenta. Passadas 24 horas, o risco de se ter um acidente cardíaco relacionado ao fumo diminui. E após apenas 48 horas, as terminações nervosas começam a se recuperar de novo e os sentidos de olfato e paladar melhoram. De duas semanas a três meses, a circulação sanguínea melhora consideravelmente. Caminhar torna-se mais fácil e a função pulmonar melhora em até 30%. A partir de um a nove meses, os sintomas comuns em fumantes, como tosse, rouquidão, e falta de ar ficam mais tênues. Os cílios epiteliais iniciam o crescimento e aumentam a capacidade de eliminar muco, limpando os pulmões. A pessoa fica mais disposta para realizar atividades físicas. Em cinco anos, a taxa de mortalidade por câncer de pulmão de uma pessoa que fumou um maço de cigarros por dia diminui em pelo menos 50%. Quinze anos após parar de fumar, torna-se possível assegurar que os riscos de desenvolver câncer de pulmão se tornam praticamente iguais aos de uma pessoa que nunca fumou. Para mais informações, acesse www.eseeuparardefumar.com.br. Sobre o Grupo Oncoclínicas Fundado em 2010, é o maior grupo especializado no tratamento do câncer na América Latina. Possui atuação em oncologia, radioterapia e hematologia em 11 estados brasileiros. Atualmente, conta com 60 unidades entre clínicas e parcerias hospitalares, que oferecem tratamento individualizado, baseado em atualização científica, e com foco na segurança e o conforto do paciente. Seu corpo clínico é composto por mais de 450 médicos, além das equipes multidisciplinares de apoio, que são responsáveis pelo cuidado integral dos pacientes. O Grupo Oncoclínicas conta ainda com parceira exclusiva no Brasil com o Dana-Farber Cancer Institute, um dos mais renomados centros de pesquisa e tratamento do câncer no mundo, afiliado a Harvard Medical School, em Boston, EUA. Para obter mais informações, visite www.grupooncoclinicas.com.

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Tratamento inadequado do diabetes afeta 18% dos idosos nos EUA; quadro é semelhante no Brasil

Aproximadamente 18% dos idosos com diabetes nos Estados Unidos são tratados de forma inapropriada; ou por excesso de medicamentos ou por subtratamento, revela um estudo publicado recentemente no Journal of General Internal Medicine. A pesquisa foi feita com base nos dados de 78 mil pacientes com mais de 65 anos em dez estados dos EUA – as informações são do Medicare, programa de assistência médica do governo federal americano. O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, Dr. João Eduardo Nunes Salles, afirma que um terço dos idosos apresenta algum tipo de alterações no metabolismo da glicose. “É fundamental atentar-se às particularidades que tangem o tratamento do diabetes, não apenas medicamentoso, mas comportamental e nutricional. Além do avanço do sedentarismo e da obesidade, o envelhecimento populacional também tem grande impacto no aumento dos casos de diabetes”, avalia. No Brasil, segundo levantamento da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, o diagnóstico da doença aumentou 54% na população masculina entre 2006 e 2017, atingindo 7,1% dos homens adultos. Contudo as mulheres ainda são as principais vítimas da doença, com 8,1% no último ano. A SBD estima que 16 milhões de brasileiros foram diagnosticados com a doença. Salles alerta também para a importância do controle da doença, sobretudo para diminuir o risco de cardiopatias – segundo a International Diabetes Federation, pessoas com mais de 60 anos e portadoras de diabetes tipo 2 têm um risco de três a quatro vezes maior de morrer por doenças cardiovasculares. “Há alternativas terapêuticas capazes de controlar o diabetes e suas complicações. Conhecimento e acesso a tratamentos adequados são fundamentais para preservar a doença no idoso, aumentando sua expectativa e qualidade de vida”, atesta o especialista. O geriatra Renato Bandeira de Mello, diretor científico da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), faz uma ponderação e explica a necessidade de avaliação ampla ao idoso diabético para racionalizar tanto o diagnóstico como o tratamento dessa condição. “Saber avaliar o idoso de forma multidimensional é fundamental para o processo de tomada de decisões clínicas. Por exemplo, em pacientes com Doença de Alzheimer com comprometimento cognitivo importante ou quando há limitações e vulnerabilidade físicas em decorrência de outras doenças graves, o excesso de exames e tratamentos, assim como o controle rígido do diabetes podem aumentar o risco de complicações e prejudicar a qualidade de vida desses pacientes”. O especialista também destaca que, por meio da Avaliação Geriátrica Ampla, é possível identificar em outro extremo os idosos robustos, em que a idade isoladamente, mesmo quando superior a 80 anos, não limita a indicação dos tratamentos com objetivo de controle de complicações a médio e longo prazo. “Nos idosos plenamente funcionais, mesmo que longevos, não se deve restringir tratamentos somente pela idade em si. Este é um equívoco que pode levar ao subtratamento de condições controláveis”. Sendo assim, recomenda-se que as indicações de exames, procedimentos e tratamentos sejam ponderadas individualmente de acordo com a funcionalidade daquele idoso. A SBGG, no documento “Escolhas Sensatas na Assistência ao Paciente Idoso”, aponta que o controle rígido dos níveis glicêmicos em idosos frágeis pode trazer mais riscos do que benefícios, sobretudo quando há hipoglicemias graves ou recorrentes. Baseado nesta ponderação, recomenda-se não prescrever medicamentos com intuito de atingir alvos de hemoglobina glicada menor que 7,5% em idosos diabéticos com declínio funcional e/ou cognitivo ou em extremos etários. Sobre a SBD Filiada à International Diabetes Federation (IDF), a Sociedade Brasileira de Diabetes é uma associação civil sem fins lucrativos, fundada em dezembro de 1970, que trabalha para disseminar conhecimento técnico-científico sobre prevenção e tratamento adequado do diabetes, conscientizando a população a respeito da doença e melhorando a qualidade de vida dos pacientes. Também colabora com o Estado na formulação e execução de políticas públicas voltadas à atenção correta dos pacientes, visando a redução significativa da doença no Brasil. Sobre a SBGG A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), fundada em 16 de maio de 1961, é uma associação civil sem fins lucrativos que tem como principal objetivo principal congregar médicos e outros profissionais de nível superior que se interessem pela Geriatria e Gerontologia, estimulando e apoiando o desenvolvimento e a divulgação do conhecimento científico na área do envelhecimento. Além disso, visa promover o aprimoramento e a capacitação permanente dos seus associados.

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Dieta pobre em proteína durante gestação aumenta o risco de câncer de próstata nos filhos

Karina Toledo/via Agência FAPESP  Filhos de mães alimentadas com uma dieta pobre em proteínas durante o período de gestação e lactação correm risco consideravelmente maior de desenvolver câncer de próstata ao envelhecer. Foi o que constatou um estudo feito com ratos no Instituto de Biociências (IBB) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu. Os resultados da pesquisa, apoiada pela FAPESP, foram divulgados no The Journals of Gerontology. “Observamos em estudo anterior que a exposição intrauterina à dieta hipoproteica prejudica o desenvolvimento da próstata. Agora, comprovamos que esse efeito registrado no pós-natal aumenta a incidência de doenças prostáticas quando esses indivíduos envelhecem”, disse Luis Antonio Justulin Junior, professor do IBB-Unesp e coordenador do estudo. O modelo usado no laboratório de Justulin consiste em alimentar fêmeas prenhes com uma ração contendo apenas 6% de proteína. O alimento normalmente oferecido a ratos de laboratório tem entre 17% e 23% desse nutriente. “Dados da literatura indicam que o porcentual mínimo necessário para a rata levar a gestação sem problemas é 12%”, disse Justulin. As fêmeas prenhes incluídas na pesquisa foram divididas em três grupos. O controle recebeu a ração padrão, com pelo menos 17% de proteína, durante toda a gestação e 21 dias após o nascimento – período de lactação. A partir do desmame, os filhotes também foram alimentados com a dieta padrão. Na avaliação feita quando a prole completou 540 dias de vida, quando já são considerados ratos velhos, os pesquisadores não observaram nenhum caso de tumor prostático. O segundo grupo de fêmeas recebeu a ração com 6% de proteína durante a gestação apenas. Após o nascimento, passou a se alimentar com a dieta padrão, assim como os filhotes depois do desmame. Na avaliação dos 540 dias, 33% dos descendentes machos haviam desenvolvido câncer de próstata. No grupo três, exposto à dieta hipoproteica durante todo o período de gestação e também de lactação, o índice de descendentes afetados por tumores na próstata foi de 50%. “Fizemos a análise histopatológica nas glândulas desses animais e, em todos os grupos, encontramos alterações pré-neoplásicas que podem interferir na função glandular, como hiperplasia, atrofia epitelial e neoplasia interepitelial – esta última com potencial para se tornar um carcinoma, segundo dados da literatura científica. Mas somente nos animais expostos à dieta hipoproteica na vida intrauterina observamos o desenvolvimento do câncer propriamente dito”, disse Justulin à Agência FAPESP. Desequilíbrio hormonal Em trabalho anterior, publicado em 2017 na revista General and Comparative Endocrinology, o grupo do IBB-Unesp detalhou alguns dos prejuízos que a dieta hipoproteica materna induz na prole. Análises feitas no décimo e no vigésimo primeiro dia após o nascimento mostraram que, nos filhotes de mães submetidas à restrição proteica, a próstata cresce menos e apresenta células epiteliais menos diferenciadas – características que mostram atraso no desenvolvimento. A glândula também apresenta prejuízos funcionais, pois produz uma quantidade menor de secreção e conta com menos espaço para armazená-la. Vale lembrar que a função da próstata é produzir o fluido que protege e nutre os espermatozoides no sêmen, tornando-o mais líquido. “Esses animais, de maneira geral, apresentam baixo peso no nascimento, órgãos menos desenvolvidos e alteração nos níveis hormonais. Mas, por volta do vigésimo primeiro dia após o nascimento, começamos a observar um crescimento acelerado para tentar compensar o déficit”, disse Justulin. No trabalho mais recente, os pesquisadores coletaram sangue dos filhotes machos no dia pós-natal 21 e 540. Observaram que, em comparação ao grupo controle, havia um desequilíbrio na relação entre os níveis de hormônio feminino e masculino. Enquanto o macho controle apresentava 15 picogramas (pg) de estrógeno no dia 21, o macho submetido à restrição proteica durante a gestação e lactação apresentava 20 pg. Já no dia 540, a diferença foi ainda maior: 14 pg no controle contra 35 pg no restrito. Além disso, no dia 540, a alta no hormônio feminino estava associada a uma baixa na testosterona, o principal hormônio masculino. Enquanto o grupo controle tinha 5 nanogramas (ng), o grupo restrito tinha somente 0,8 (ng). De acordo com Justulin, no dia 21 não foi observada baixa na testosterona no grupo restrito, pois era justamente a fase em que os animais passavam pelo pico de crescimento acelerado. “Nossos trabalhos anteriores mostraram que os filhotes submetidos à restrição proteica intrauterina nascem pequenos, mas quando se tornam adultos jovens já não apresentam diferenças em relação aos indivíduos do grupo controle – tanto em tamanho quanto em volume da próstata e nos níveis hormonais. Agora estamos percebendo que, quando os animais envelhecem, as diferenças voltam a aparecer. É como se o envelhecimento funcionasse como um segundo insulto ao organismo, considerando que o primeiro foi a dieta hipoproteica na fase inicial de desenvolvimento”, disse. A hipótese que os pesquisadores agora tentam comprovar é que a exposição desse animal de idade avançada aos níveis hormonais alterados favorece a carcinogênese, ou seja, o desenvolvimento tumoral. “Nós observamos isso na próstata, mas há outros estudos mostrando correlação entre o baixo peso no nascimento induzido por restrição nutricional intrauterina e alterações nos níveis de insulina, maior incidência de síndrome metabólica e doenças cardíacas”, disse Justulin à Agência FAPESP. Atualmente, o grupo do IBB-Unesp investiga as vias de síntese dos hormônios sexuais com o objetivo de entender de que modo a dieta hipoproteica altera o equilíbrio entre estrógeno e testosterona. Outro objetivo é demonstrar o mecanismo pelo qual esse desequilíbrio hormonal favorece o desenvolvimento do câncer de próstata. Resultados preliminares da pesquisa indicam que, no dia 21 pós-natal, os animais restritos apresentam um conjunto de RNAs mensageiros e microRNAs desregulados. “Encontramos vários RNAs mensageiros e microRNAs que estão desregulados tanto nos animais de 21 dias, como nos de 540 dias que desenvolvem câncer. Interessante é que algumas destas moléculas também estão alteradas em pacientes humanos com tumores de próstata, conforme observamos em bancos públicos de dados genômicos, com o auxílio de ferramentas de bioinformática”, disse Justulin. O artigo Maternal Low-Protein Diet Impairs Prostate Growth in Young Rat Offspring and Induces Prostate Carcinogenesis With Aging, de Sergio A. A. Santos, Ana C. Camargo, Flávia B. Constantino,

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Retinopatia diabética: conheça a doença que atinge 150 mil brasileiros por ano

A diabetes se caracteriza pela alta taxa de glicose no sangue (hiperglicemia), gerando alterações cardiovasculares em várias partes do corpo. O que pouca gente sabe, no entanto, é que a doença pode afetar um dos principais sentidos do ser humano: a visão. Isso porque a retina – aquele tecido da parte traseira do olho responsável pela formação das imagens enviadas ao cérebro – é uma área bastante vulnerável, já que é constituída por vasos sanguíneos muito finos. Essa complicação da diabetes se chama “retinopatia diabética”, que atinge 150 mil pessoas por ano no Brasil, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Estima-se que pessoas que sofrem de diabetes têm um risco 25 vezes maior de perda da visão. Além disso, cerca de 40% dos diabéticos sofrem algum estágio da retinopatia diabética, embora metade deles não esteja ciente disso. "As primeiras alterações são silenciosas e o paciente não apresenta queixas. Muitos só procuram o oftalmologista quando percebem uma baixa na visão e, às vezes, as alterações são irreversíveis. Se não for tratado, pode levar à cegueira”, alerta a médica Manoela Gondim, do Serviço Oftalmológico de Pernambuco (Seope). A retinopatia diabética está relacionada ao tempo da diabetes e ao descontrole da glicemia, causando a hiperglicemia. Neste estágio, há várias alterações no organismo que acabam gerando disfunção nos vasos da retina, que ficam danificados e liberam sangue na cavidade vítrea. Com o avanço da doença, a visão escurece e há o risco de edema macular – acumulação de líquido na mácula, zona mais importante da retina. O distúrbio é classificado de duas formas: retinopatia diabética não proliferativa (estágio menos avançado, com vasos sanguíneos obstruídos) e proliferativa (estágio mais avançado, com risco de rompimento dos vasos e cegueira). Alguns cuidados com alimentação e a realização frequente de exames de mapeamento da retina são recomendações importantes para que a doença não evolua. Hoje, com o avanço da tecnologia, há formas eficazes de tratamento. “Fotocoagulação a laser, injeções intraoculares e cirurgias vitreorretinianas são opções disponíveis. Contudo, a prevenção da retinopatia e o controle glicêmico são primordiais para reduzirmos os casos de cegueira pela diabete”, comenta Manoela Gondim.

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Relato de sonhos pode ajudar a diagnosticar esquizofrenia

lton Alisson, de Maceió (AL)/via Agência FAPESP Pacientes esquizofrênicos podem apresentar psicose, a perda de contato com a realidade que provoca delírios, alucinações e fala incoerente, entre outros sintomas. O diagnóstico desses pacientes, contudo, pode levar seis meses para ser fechado e pode ser revisto diversas vezes ao longo de suas vidas, por diferentes especialistas, uma vez que não há biomarcadores para atestar esse distúrbio mental. “O que se mede hoje para diagnosticar esquizofrenia são as respostas dos pacientes em um questionário. Apesar de importante, esse método é altamente subjetivo. Por isso, os pacientes com esquizofrenia são tratados de diversas maneiras, por múltiplos métodos e, geralmente, com combinações de remédios”, explicou Sidarta Ribeiro, neurocientista e diretor do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Nos últimos 10 anos, o pesquisador, em colaboração com colegas de seu laboratório e de outras instituições no Brasil e no exterior, tem realizado uma série de estudos com o objetivo de analisar matematicamente o discurso de pacientes com esquizofrenia e tentar correlacioná-lo com os sintomas que apresentam. Alguns dos resultados dos estudos foram apresentados por Ribeiro em palestra no dia 26 de julho durante a 70ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada na semana passada na Universidade Federal de Alagoas (Ufal). “A ideia desses estudos é possibilitar fazer o diagnóstico de pacientes com esquizofrenia mais precocemente e possibilitar que eles possam receber o tratamento adequado mais rapidamente, porque os prejuízos dos surtos psicóticos são acumulativos”, disse Ribeiro. “Uma pessoa, quando tem o primeiro surto psicótico, tem alguns prejuízos cognitivos. Em um segundo surto, há mais outros danos e assim sucessivamente. O tratamento não adequado desses pacientes pode fazer com que continuem com seus problemas atuais e desenvolvam outros”, disse. De acordo com o pesquisador, os sintomas de pacientes com psicose são bastante evidentes. Em casos crônicos, em que apresentam uma série de surtos psicóticos, se não forem adequadamente tratados podem chegar a um quadro de fala incoerente, chamado “salada de palavras”, caracterizado pela aleatoriedade do discurso. Por meio de grafos – uma forma matemática de estudar diferentes objetos de um determinado grupo e suas relações e conexões –, os pesquisadores têm analisado o discurso especificamente sobre o sonho de pacientes diagnosticados com sintomas psicóticos para tentar aumentar a precisão do diagnóstico de transtornos mentais. Classificado por Sigmund Freud (1856-1939) no livro A intepretação dos sonhos, de 1899, como “a estrada real para o inconsciente”, o sonho, que é a chave para a psicanálise, também tem se revelado útil na psiquiatria, no diagnóstico clínico de esquizofrenia, segundo Ribeiro. “Temos visto que, de fato, o relato do sonho é um conteúdo particularmente muito útil na clínica psiquiátrica”, disse. Diferença de relatos Em um estudo realizado em colaboração com colegas do Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e do Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão em Neuromatemática (NeuroMat) – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) financiado pela FAPESP –, os pesquisadores gravaram, com o consentimento dos envolvidos, os relatos dos sonhos de 60 pacientes voluntários, atendidos no ambulatório de psiquiatria de um hospital público em Natal (RN). Alguns dos pacientes já tinham recebido o diagnóstico de esquizofrenia, outros de bipolaridade e os demais, que formaram o grupo de controle, não apresentavam sintomas de transtornos mentais. Os relatos dos sonhos dos pacientes foram transcritos. As frases dos discursos dos pacientes foram transformadas por um software desenvolvido por pesquisadores do Instituto do Cérebro em grafos. Ao analisar os grafos dos relatos dos sonhos dos três grupos de pacientes observaram-se diferenças muito claras entre eles. O tamanho, em termos de quantidade de arestas ou links, e a conectividade (relação) entre os nós dos grafos dos pacientes diagnosticados com esquizofrenia, bipolaridade ou sem transtornos mentais apresentaram variações. “O relato dos sonhos dos esquizofrênicos é extremamente lacônico, enquanto o do bipolar é mais desconexo e do grupo controle é cronológico e mais coeso. Isso pode ser uma forma de mapear a mente desses pacientes com palavras”, disse Ribeiro. Em outro estudo, a ser publicado, os pesquisadores gravaram os relatos de sonhos e de memórias passadas positivas, negativas, neutras, do dia anterior e mais antigas de adolescentes que apresentaram um primeiro surto psicótico para verificar qual tinha maior capacidade de prever o diagnóstico de esquizofrenia seis meses depois. O relato do sonho apresentou melhor desempenho. “Pensamos que a memória muito antiga talvez tivesse o mesmo caráter do sonho e não foi isso o que constatamos. O sonho classifica melhor os pacientes esquizofrênicos e teve maior capacidade de predizer o diagnóstico por esquizofrenia seis meses depois”, afirmou Ribeiro.

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Nicette Bruno e Beth Goulart participam do ‘Movimento Para Sobreviver’, que alerta sobre a relação do diabetes e riscos cardiovasculares

As atrizes Nicette Bruno e Beth Goulart são as estrelas que dão voz ao “Movimento Para Sobreviver”, que vai alertar a população sobre a relação do diabetes tipo 2 e problemas cardiovasculares. Nicette, que hoje está com 85 anos, foi diagnosticada há quatro anos com diabetes tipo 2 e endossa a campanha com conhecimento de causa.  Beth, no papel de filha, reforça a importância do cuidado com os idosos. Os dados são alarmantes: de cada 10 pessoas com mais de 65 anos e com a doença, sete morrem em decorrência de problemas no coração¹. Doenças cardiovasculares em pessoas com diabetes tipo 2 matam mais que HIV, tuberculose e câncer de mama². A campanha Para Sobreviver foi criada por uma coalizão formada por ONGs, sociedades médicas e laboratórios com o objetivo de debater a importância do acesso a tratamentos que proporcionem a sobrevivência do idoso com diabetes tipo 2. Saiba mais em www.movimentoparasobreviver.com.br.

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HPV é um dos principais fatores do câncer de boca e garganta entre jovens

Julho é o mês reservado para o combate ao câncer de cabeça e pescoço. Entre os dez tipos de câncer de maior ocorrência no Brasil, o tumor orofaríngeo – localizado atrás da boca e que inclui a base da língua, céu da boca, amídalas e paredes laterais – é um dos tumores mais incidentes entre os jovens brasileiros de até 40 anos de idade. “O HPV possui alta associação com este cenário precoce, em conjunto com outros fatores como o tabagismo e o etilismo”, alerta Dr. Marcelo Salgado, oncologista da Multihemo – unidade do Grupo Oncoclínicas em Recife. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o número de casos relacionados à infecção pelo vírus vem aumentando em homens e mulheres e a sua transmissão ocorre por meio da prática sexual sem proteção, principalmente por intermédio do sexo oral. “O risco do desenvolvimento do tumor maligno entre jovens é grande por conta da liberdade sexual adquirida nos últimos anos”, explica o especialista. Ainda segundo Dr. Marcelo, o vírus atinge de forma massiva a população feminina. Cerca de 75% das brasileiras sexualmente ativas terão contato com o HPV ao longo da vida, sendo que o ápice da transmissão do vírus ocorre na faixa dos 25 anos. Primeiros sinais Os primeiros sinais do tumor orofaríngeo podem surgir por meio de feridas que não cicatrizam na boca nos primeiros 15 dias, além do aparecimento de nódulos no pescoço. O paciente pode se queixar também de dor para mastigar ou engolir. “Estes fatores, ligados ao aparecimento de pequenas verrugas na garganta ou na boca, podem revelar um possível diagnóstico com associação ao HPV. Portanto, é muito importante que seja acompanhado de perto por um especialista”, diz o oncologista. Outros sintomas podem estar relacionados à rouquidão persistente, manchas/placas vermelhas ou esbranquiçadas na língua, gengivas, céu da boca e bochecha, bem como lesões na cavidade oral ou nos lábios e dificuldade na fala. Principais fatores Infecções Virais A geração de jovens e adultos com menos de 40 anos preza e valoriza muito a liberdade sexual. Trata-se de um grupo que nasceu após o “boom” do HIV e, apesar de bem informada e consciente dos riscos envolvendo doenças sexualmente transmissíveis, apresenta índices elevados de contágio pelo chamado papilomavírus humano – conhecido como HPV. “Além disso, a hepatite B e C também são fatores de risco para câncer de cabeça e pescoço, são infecções virais que podem ser transmitidas em relações sexuais não seguras. Vale lembrar sempre da importância do uso de preservativos para a preservação da saúde”, finaliza o médico. Tabagismo Segundo o oncologista, o câncer de cabeça e pescoço apresenta maior incidência entre os jovens e pouco mais de um terço é causado por maus hábitos. “O principal e o mais importante de ser combatido é o tabagismo”, revela Dr. Marcelo. Antigamente, o hábito de fumar era visto com elegância e glamour, sendo incentivado até pelas propagandas que mostravam atores famosos tragando seus cigarros, o que estimulava esse costume entre as pessoas mais jovens. O uso frequente do cigarro também é responsável pelo aparecimento do tumor na cabeça e pescoço. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 90% dos pacientes diagnosticados com câncer de boca eram tabagistas. Álcool Houve um tempo em que o cigarro era liberado nos restaurantes e até em sala de aula. Hoje, isso não é mais permitido. Contudo, o uso do tabaco persiste e, na maioria das vezes, vem acompanhando de bebidas alcoólicas. Estimativas apontam que 75% dos casos de câncer de pulmão são decorrentes do uso do tabaco e os fumantes têm cerca de 20 vezes mais risco de desenvolver a doença. O álcool pode agir como um solvente e facilitar a penetração de carcinógenos nos tecidos-alvos. Além disso, aumenta o índice de quebras no material genético e a peroxidação de lipídios e, consequentemente, a produção de radicais livres. Vários estudos epidemiológicos demonstram que o consumo combinado de álcool e fumo constitui o principal fator de risco para o desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço.

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Inverno com Saúde oferece exames gratuitos para a população

Promover a conscientização ambiental, o bem-estar e os cuidados preventivos com a saúde humana: esses são os objetivos do Inverno com Saúde, ação promovida pelo Hospital Santa Joana Recife. Este ano, o estande móvel do projeto – que iniciou no dia 21 de julho e vai até 12 de agosto – estará no Recife e em Gravatá, oferecendo exames gratuitos para a população. No último final de semana, o primeiro da ação, os moradores de Gravatá e Recife já puderam ter contato com as orientações e os cuidados em saúde disponibilizados. Dando continuidade à sua programação, o Inverno com Saúde estará atendendo no próximo sábado, 28 de julho, no Hotel Portal de Gravatá (das 9h às 12h) e na Praça da Matriz (das 14h às 18h). A ação voltará ao Recife no domingo, 5 de agosto (das 9h às 16h), no Segundo Jardim de Boa Viagem. Além disso, o estande também será montado no Parque da Jaqueira, nos dias 29 de julho (das 9h às 16h) e 12 de agosto (das 8h às 13h). Com o mote “Faça chuva ou faça sol, a dica é se cuidar”, o Inverno com Saúde vai oferecer, gratuitamente, aferição de pressão e testes de glicemia e anemia, além de informações sobre responsabilidade socioambiental e panfletos com dicas de saúde para o período do inverno. No ano passado, foram cerca de 1.500 pessoas atendidas e quase 4.500 exames realizados. “O Inverno com Saúde chega ao seu 12º ano já consolidado como um importante projeto para a população das cidades de Gravatá e Recife. Por meio dele, nos empenhamos para levar à comunidade ações como o oferecimento gratuito de exames básicos, que mostram indicadores importantes para o direcionamento dos cuidados com a saúde de cada indivíduo”, afirma Marcelo Vieira, diretor administrativo do Hospital Santa Joana Recife.

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Estudo mostra que o Brasil terá mais de 29 mil novos casos de câncer relacionados ao excesso de peso e as mulheres são as mais atingidas

Que a obesidade é um dos grandes vilões da saúde, todo mundo já sabe. Porém, cada dia mais, surgem estudos e pesquisas com números alarmantes que relacionam o excesso de peso como um dos principais fatores para o aumento de casos de doenças graves como as cardiovasculares, insuficiência cardíaca, apneia do sono e vários tipos de câncer. Segundo o estudo desenvolvido pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em colaboração com a Harvard University, nos Estados Unidos, mais de 15 mil casos de câncer, por ano, poderiam ter sido evitados no país se não fosse a obesidade da população. A pesquisa feita por cientistas brasileiros, americanos e franceses, possuem estimativas ainda piores para o futuro. Até 2025, o Brasil terá mais de 29 mil novos casos de câncer relacionados ao excesso de peso. As mulheres são as mais atingidas, não apenas por serem o público com maior índice de IMC elevado, mas também por serem as mais afetadas pelos tumores de ovário, útero e câncer de mama, que também tem ligação com o sobrepeso. Apesar de todos os problemas físicos, emocionais e sociais que a obesidade pode trazer para a vida de uma pessoa, um em cada cinco brasileiros são atingidos por ela. Para a psicoterapeuta Sorella Mendes, é preciso que as pessoas encarem obesidade como uma doença que necessita de tratamento, só assim será possível mudar esse cenário preocupante. “Uma das principais queixas que escuto de minhas pacientes que enfrentam uma batalha diária para tentar eliminar peso é sobre a necessidade que sentem de comer, sem realmente estarem com fome. Na psicoterapia, tratamos essa fome como uma compulsão alimentar e a chamamos de fome emocional”, afirma Sorella, que idealizou o Projeto Mente Magra. De acordo com Sorella, existem quatro tipos de fome, a fisiológica, a social, a específica ou vontade e, por fim, a emocional. É importante identificar qual fome atinge cada pessoa para assim conseguir tratar o transtorno alimentar. Fome fisiológica x fome psicológica A fome fisiológica é a fome celular, aquela que organismo precisa receber alimentos para sobreviver. A fome real do corpo que não exige um alimento específico, mas que é saciada por qualquer alimento. Quando estamos realmente com fome, o corpo avisa dando sinais como aquele vazio ou dor no estômago, dores de cabeça e até mesmo irritação. Você sabe que precisa comer, para não passar mal ou ficar indisposta. Já as outras três fomes existentes são de fundo emocional, que podem sabotar a mente humana fazendo com que o indivíduo coma por emoção, por momento ou por desejo. Sem o autocontrole, essas fomes emocionais podem levar a compulsão alimentar, uma das principais causas da obesidade ou do sobrepeso. A primeira, e sem grandes problemas quando a pessoa já desenvolveu o autocontrole alimentar, é a fome social. Aquela despertada em eventos e comemorações. Momentos agradáveis em que nos reunimos com amigos e familiares para jogar conversar fora e comer os alimentos disponíveis no momento. Apesar de as vezes exageramos, quando é algo esporádico ou planejado, não chega a prejudicar. A segunda é a fome específica ou vontade, aquela relacionada ao prazer que desperta a vontade de beber ou comer algo específico como, por exemplo, um refrigerante ou um bolo de chocolate. Ela está ligada ao emocional podendo ser despertada por lembranças de infância ou estímulos externos como uma propaganda na televisão. A orientação da psicoterapeuta para esses casos é que o paciente ingira o tal alimento desejado, respeitando sempre os sinais de fome e saciedade, pois a vontade não assumida pode desencadear uma futura compulsão alimentar. “A ingestão dos alimentos considerados proibidos, em pequenas porções, faz com que o indivíduo passe a ter uma alimentação mais equilibrada. Quando entendemos que esses alimentos estarão a nossa disposição, conseguimos fazer escolhas melhores a longo prazo, sem focarmos apenas no prazer momentâneo”, afirma Sorella. Já a terceira, e mais preocupante, é a fome emocional. Essa já é considerada um transtorno alimentar a ser tratado, pois a pessoa come de forma compulsiva, não se sente saciada com pequenas porções, sente uma urgência em comer, come rápido e muitas vezes até escondido. A fome emocional pode ser gerada por um acúmulo de sinais, tanto de fome quanto de saciedade, que não foram respeitados. Longos períodos de restrição alimentar e de mentalidade de dietas, faz com que as pessoas se distanciem do que necessitam dentro de sua individualidade, ou até mesmo, como forma de se desconectar de seus medos, angústias e ansiedades. As emoções que não aprendemos a entrar em contato de forma saudável, geram fugas externas que muitas vezes são descontadas na comida. “A luta contra a obesidade precisa ser olhada com o verdadeiro respeito e cuidado que merece. O paciente obeso sofre com suas próprias limitações, com os problemas de saúde causado pelo excesso de peso, com os transtornos psicológicos que todo o processo causa e ainda é obrigado a enfrentar o preconceito das pessoas que o julgam por estar fora dos padrões considerados “normais” pela sociedade”, declara Sorella.

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