O comércio ambulante nas calçadas é um dos símbolos do desafio do controle urbano na cidade. Cada candidato à Prefeitura do Recife entrevistado pela Revista Algomais tem um ângulo diferente para atacar esse problema. A ação e o diálogo devem caminhar juntos no reordenamento urbano na opinião do candidato Daniel Coelho. “A questão dos camelôs, por exemplo, não pode ser decidida de maneira unilateral. É preciso que haja um diálogo com eles. Tirá-los das ruas, sem que seja encontrada uma solução, de nada vai adiantar, pois se tornará uma medida autoritária e eles vão acabar retornando, como fazem sempre. A prefeitura atual esqueceu-se de dialogar com a população e também com os ambulantes, por isso o problema persiste”. O ordenamento das praias é outra bandeira do candidato, que defende a participação da iniciativa privada em ações de contrapartida em áreas onde expõe suas marcas. LEIA TAMBÉM: Prefeituráveis opinam sobre mobilidade urbana Candidatos discutem o Rio Capibaribe O prefeito Geraldo Julio defende que o cuidado com a cidade é um tema central a qualquer gestor. “No nosso governo, o ordenamento urbano foi agregado à questão da mobilidade, uma vez que colocamos o pedestre como elemento primordial. Além disso, calçadas, passeios, ruas e espaços públicos bem organizados são fundamentais nesse processo. Dessa forma, ordenamos o comércio informal onde a ocupação descontrolada era crônica”. Ele afirma que não prejudicou os trabalhadores informais. “Todas as mudanças necessárias foram feitas com muito diálogo”. A segurança, as calçadas e o cuidado com os locais de lazer são os pilares defendidos pelo candidato do PSOL, Edilson Silva. “A cidade precisa ser segura para mulheres, crianças, idosos e pessoas com deficiência. O cuidado com os espaços públicos, com boa iluminação, calçamento adequado, espaços para sentar e jogar tornam a cidade mais viva, acessível e segura, e as pessoas, mais felizes e saudáveis”. Sobre as calçadas, ele afirma que elas não podem ser tratadas como os “restos” das ruas, mas como áreas de passagem, encontro e conversa. A execução das intervenções urbanísticas de forma pontual, sem estratégica e diálogo é a crítica da candidata Priscila Krause. “A medida emergencial é reverter essa tendência, com a consolidação do planejamento urbano e, com ele, mirar no bem-estar das pessoas”. Ela defende a busca por uma governança metropolitana com um planejamento que priorize o Plano Metropolitano de Desenvolvimento Urbano Integrado (PMDUI); a adequação do Plano Diretor do Recife e a Lei de Uso e Ocupação do Espaço Urbano ao PMDUI. Para Carlos Augusto será preciso começar a reorganizar a cidade a partir da desobstrução das áreas públicas, fato comum em especial no centro. “É bem verdade que em épocas de crise as pessoas precisam ganhar o sustento de todo jeito, mas a falta de planejamento e controle já vem acontecendo há décadas e amoldou uma cultura equivocada de extrema permissividade, onde o espaço público mais parece uma terra de ninguém”. Para João Paulo, o pilar do ordenamento é a participação popular, sustentabilidade ambiental e inclusão social. “O diálogo, portanto, é o ponto de partida. Sempre preferimos discutir os assuntos caros à população com todos os envolvidos, por mais difíceis que possam parecer”. Ele lembra que realizou ações polêmicas com acompanhamento da população, como a aprovação da Lei 16.856/2003, que retirou o transporte clandestino. O petista prometeu para 2017 a revisão do Plano Diretor do Recife. Confira a íntegra o posicionamento que cada candidato nos enviou por email sobre o tema Ordenamento urbano: PRISCILA KRAUSE Por anos, no Recife, projetos de intervenção urbanística são executados de maneira pontual, sem nenhuma estratégia e sem diálogo com a população. A medida emergencial é reverter essa tendência, com a consolidação do planejamento urbano e, com ele, mirar no bem-estar das pessoas. Iremos buscar a implementação da governança metropolitana, estabelecendo hierarquia de planejamento em obediência ao que determinam os Estatutos da Metrópole e da Cidade, na seguinte sequência: 1) Plano Metropolitano de Desenvolvimento Urbano Integrado – PDUI; 2) Adequação do Plano Diretor do Recife ao PDUI; 3) Lei de Uso e Ocupação do Espaço Urbano; 4) Complementação da Legislação emanada dos planos mencionados. Também vamos regulamentar os instrumentos urbanísticos contidos no atual Plano Diretor referente a: Operações Urbanas Consorciadas; Parcerias Público-Privadas; Outorga Onerosa; Transferência do Direito de Construir; IPTU Progressivo; Usucapião Urbano. DANIEL COELHO Ação e diálogo precisam caminhar juntos no que se refere ao ordenamento urbano da cidade. A questão dos camelôs, por exemplo, não pode ser decidida de maneira unilateral. É preciso que haja um diálogo com eles e que seja encontrada uma solução. Simplesmente tirá-los das ruas sem que haja diálogo, sem que seja encontrada uma solução para eles, de nada vai adiantar, pois se tornará uma medida autoritária e eles vão acabar retornando, como fazem sempre. A prefeitura atual esqueceu-se de dialogar com a população e também com os ambulantes, por isso o problema persiste e também por isso é preciso por fim à prefeitura de gabinete. Outro ponto importante em relação ao ordenamento urbano diz respeito às praias. Hoje, as empresas expõem suas marcas de forma gratuita sem nenhuma responsabilidade com a cidade, com a população. Queremos que as empresas continuem fazendo sua publicidade, mas para isso terão que dar uma contrapartida para a população. E essa contrapartida funcionará ajudando no ordenamento urbano. Cada empresa ficará responsável por cuidar da limpeza, iluminação, dos cuidados da área em que tiver expondo suas marcas. A iniciativa privada será parceira da prefeitura e ajudará a deixar nossas praias um ambiente mais prazeroso, limpo e organizado para o recifense. JOÃO PAULO Um ordenamento urbano eficaz só é possível numa cidade democrática, com participação popular, sustentabilidade ambiental e inclusão social. Em 2008, seguindo o estatuto das cidades, entregamos à população do Recife o Plano Diretor da Cidade, seguindo as determinações do Estatuto das Cidades, que norteou a escuta de todos os setores sociais – com prioridade para os mais pobres -, devemos criar espaços de convivência que sejam justos para todas as pessoas. O diálogo, portanto, é o ponto de partida. Sempre preferimos discutir os assuntos