Z_Destaque_culturaHistoria – Página: 35 – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

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Discussões sobre fome e violência pulsam a expansão do acervo da Usina de Arte

Em diálogo com sintomas sociais atuais, “Paisagem”, de Regina Silveira, e “Um Campo da Fome”, de Matheus Rocha Pitta, ampliam a lista de instalações do museu pernambucano para mais 40 obras Um labirinto de paredes transparentes de vidro cravejadas por bala e uma horta sagrada que contém e congela a fome. Duas obras estruturadas individualmente, cada uma ao seu tempo e modo, por dois dos principais nomes das artes visuais do País, ocupando juntas mais de 800m² de área e que sintonizam a criação artística às cicatrizes sociais que marcam o Brasil e o mundo. São com esses ingredientes que a Usina de Arte amplia o acervo do seu Parque Artístico-Botânico, com as obras recém-inauguradas “Paisagem”, de Regina Silveira, e “Um Campo da Fome”, de Matheus Rocha Pitta. A visitação é gratuita, de domingo a domingo, das 5h30 às 18h. De nome sugestivo para uma obra interativa, “Paisagem” fixa residência no Parque Artístico-Botânico do equipamento cultural em Água Preta, na Mata Sul de Pernambuco, após ser um dos destaques da 34ª Bienal de SP em 2021. Financiada pela Usina de Arte, a obra propõe uma experiência singular, ao convidar o visitante a enfrentar um labirinto de quase 100m², com paredes de vidros medindo 2,5m de altura que trazem a 1,4m do chão furos com imagens impressas de tiros que mimetizam terem sido cravejadas por balas. “Cada um tem a sua percepção e experiência ao entrar em Paisagem. O percurso pode ser muito curto ou infinito, direto ou circular – observo que há muitas saídas e todas estão à vista”, provoca Regina. Em uma conversa sobre as violências assistidas e sentidas, a obra materializa uma série de labirintos gráficos que a artista iniciou nos anos de 1970, trazendo também a representação de tiros, outra marca do seu trabalho, a exemplo da série Crash, nas quais louças de porcelanas são “quebradas”. Silveira explica que labirintos são configurações ancestrais de espaços difíceis de habitar ou atravessar. “Paisagem, deliberadamente, remete à violência diária que experimentamos – presencialmente ou virtualmente – em todo o mundo. Os tiros, furados e impressos digitalmente nos vidros, foram apropriados da mídia que consumimos em jornais, revistas e TV”, aponta a artista visual que utilizou na obra 12 tipos de representações visuais de estilhaços. Para ela, a nova residência fixa da instalação, agora ao ar livre, também acresce a ela novas nuances às já percebidas na Bienal. “Estar em espaço aberto transformou o labirinto numa verdadeira fantasmagoria – porque reage totalmente à qualidade da luz. Ganhou outro tipo de presença e até diria que ampliou muitíssimo seu grau de irrealidade”, finaliza. Os corredores do labirinto medem 1,20m e atendem às normas de circulação e de acessibilidade. A estética glauberiana da fome O enredo da violência também encontra assento em outra inauguração da Usina de Arte, a superlativa – em escala e entendimentos – “Um Campo da Fome”, de Matheus Rocha Pitta. O violento aqui, entretanto, é legitimado pela função transformadora que pode ter. O instrumento de resistência do oprimido apontado por Glauber Rocha no manifesto “A estética da fome”, grito anticolonialista de 1965 e pilar do Cinema Novo, no qual o diretor defende uma linguagem emancipadora a partir da falta de comida e diagnostica que “enquanto não ergue as armas, o colonizado é um escravo”. Pitta também trouxe como insumo criativo a descrição de um campo da fome ao leste da Acrópole, na Grécia Antiga. Um terreno de mata onde não se podia entrar sob a pena de que a fome fugisse daquela redoma, como se estivesse presa, e alcançasse outros lugares. “Quis fazer a obra nesse sentido de contenção da fome. Recentemente, o Brasil voltou para o Mapa da Fome, as condições brasileiras estão voltando para uma situação parecida com a época do Glauber, então imaginei um lugar quase que sagrado, para deixar que a falta de comida fique só ali, congelada”, explica o artista visual. Maturada por três anos, a obra traz uma horta petrificada de 720m² (18x40m), com 30 canteiros, onde em cada um deles estão dispostas peças de cerâmica de uma fruta, raiz ou legume, de tradição no cultivo agrícola pernambucano, com feição do seu momento de colheita e armazenamento. Ao todo, a instalação é composta por cerca de 9 mil peças produzidas por Seu Domingos, artesão de Tracunhaém (i.m.) – cidade da Mata Norte de Pernambuco que se destaca pela produção de artesanato com barro. O resultado é um sequestro cromático de matiz terracota, no qual os alimentos – tal qual a fome – só são percebidos a partir de um contato visual mais próximo. “A obra faz esse diálogo com o tempo em que se apresenta e também com o seu entorno a partir da homenagem à mão popular e ao artesanato, elemento imprescindível para a obra e que sai do seu meio de circulação. Frutas que são feitas para ficar na decoração de casa assumem outros papéis”, acrescenta Matheus Rocha Pitta, que tem deitado luzes sobre o elemento comida em sua trajetória artística. “Campo da Fome estabelece um novo marco nessa régua do tempo, pois nunca fiz um trabalho nessa escala monumental, e agradeço à Usina de Arte por isso. Tive liberdade total durante o processo criativo, sem restrição temática nem de espaço. Existe uma coragem muito grande aqui de abraçar a liberdade artística”. Originalidade e responsabilidade cultural O curador da Usina de Arte, Marc Pottier, sublinha que esse momento de expansão do acervo do Parque Artístico Botânico consolida dois formatos estratégicos de aquisição de obras do projeto: via residência artística e relacionamento institucional. “Ao tempo que queremos que o artista namore o espaço da Usina, entenda seu entorno e pense em um projeto que esteja em acordo com a natureza, com a história desse lugar que foi uma usina de cana-de-açúcar, exaltando a originalidade do projeto, também entendemos a responsabilidade cultural que a Usina de Arte tem para o fomento da produção artística a partir de laços com institucionais”. É nesse último caminho que a obra de Regina Silveira se insere, fruto

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Forró das Severinas será lançado no próximo dia 22

Com canções autorais e clássicos do forró e da MPB, o álbum Forró das Severinas estará disponível em todas as plataformas de música, no dia 22 de abril As Severinas, trio de mulheres do Sertão do Pajeú que há 11 anos encantam os fãs da poesia e da música regional, vão lançar o álbum Forró das Severinas, em todas as plataformas digitais de música, no próximo dia 22 de abril. O trabalho brinda toda a trajetória artística do grupo, passeando por canções presentes nos CDs e por clássicos do forró e da Música Popular Brasileira que o público já curtiu nos shows ao vivo. O Forró das Severinas foi gravado no CEU das Artes, em Serra Talhada. Para quem quiser assistir a gravação, além de ouvi-la, As Severinas vão disponibilizar o material no canal do YouTube do grupo em julho. As músicas autorais são composições individuais de Monique D’Angelo (Voz, declamações e sanfona) e de Isabelly Moreira (triângulo e declamações) e também parcerias das duas integrantes. “O repertório poético é versátil e traz várias poesias autorais, além de poemas dos vates pajeuzeiros Rogaciano Leite e Cancão. O nosso trabalho, além de trazer músicas autorais, traz músicas que já gravamos nos nossos três álbuns, a exemplo de composições de Zé Marcolino, Flávio Leandro, Chico César e Carlos Rennó, Benil, Ivan Gadelha e Luiz Romero”, detalhou Isabelly Moreira. “Além das grandes Bia Marinho e Maria Dapaz e também composições dos poetas Islan e Xico Bizerra em parceria com Biguá. E para engrossar esse caldo cultural, acrescentamos faixas de Assisão e Accioly Neto”, acrescentou ela. De acordo com Isabelly, o álbum vai levar a verdade musical e poética do grupo para dentro dos lares, ruas, calçadas e terreiros. Nas músicas Xamego de Fulô (Monique D’Angelo) e Forró das Severinas (Isabelly Moreira e Monique D’Angelo) são retratados os forrós sertanejos, as noites juninas, e é também um convite para o povo dançar e cantar, pois são dois baiões contentes. Nas canções Outros Pedidos e Ao Amor Que Chegará, ambas de Monique D’Angelo, é realizado um passeio pelas emoções dos amores, das saudades, dos afetos e das relações. Já em Mina Água, de Isabelly Moreira, são apresentadas algumas cidades do Pajeú, os costumes e as vivências locais que tanto marcam a própria identidade de As Severinas. “O Forró das Severinas é uma mostra de tudo o que fizemos até agora e é um mote do que pretendemos fazer. Esperamos que ao ouvirem esse projeto no dia 20 e ao assistirem, em julho, as pessoas curtam com a mesma ‘gostosura’ que foi poder construí-lo. Com esse álbum, todo mundo terá um show contratado para ver quando e como quiser”, comentou Isabelly Moreira.

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Nova Ocupação Itaú Cultural é dedicada à Lia de Itamaracá

A Ocupação Lia de Itamaracá, com abertura no dia 20 de abril e encerramento em 11 de julho, conta e reverbera a história dessa artista brasileira solar, das águas salgadas e da música popular. Sendo a 55ª edição desta série dedicada a artistas que influenciam novas gerações, a mostra tem curadoria compartilhada pela cantora Alessandra Leão, a jornalista e sua biógrafa Michelle de Assumpção e a equipe do Itaú Cultural, formada pelos Núcleos de Música e de Comunicação. Ela conta, ainda, com um hotsite com conteúdo exclusivo sobre Lia no site da instituição; temporada de shows, apresentados presencialmente pela cantora e seus convidados no palco da Sala Itaú Cultural, e programação educativa – presencial e virtual –, além de mecanismos de acessibilidade. “Usamos expressões poéticas para falar de Lia na exposição formada por três eixos chamados sal, som e sol, porque é o que ela é”, conta Michelle. “O que mais impressiona nela é sua determinação e coragem. Desde pequena, cantava tudo o que ouvia chegar em Itamaracá, onde nasceu e sempre viveu. Queria ser cantora famosa”, continua ela. “Por fim, chegou na ciranda como intérprete, quebrou os padrões da tradição da improvisação, e assim seguiu a trajetória dela”, conclui. “Ouvir Lia cantar é uma alegria”, diz Alessandra. “A voz se transforma, a música se modifica, mas ela, Lia, segue nos conduzindo ao movimento – seja na ciranda, seja no maracatu, no frevo ou no bolero. Lia é o mar inteiro. Ouvir os seus discos é mergulhar em águas profundas.” Esta curadora criou duas playlists, que podem ser conferidas em QR Code no espaço expositivo: Ela é Lia de Itamaracá e Vamos Cirandar, com músicas de cirandeiros diversos.‍ A mostraO eixo Sal revela de onde veio a Lia que chegou aos palcos. Ele trata desse território da artista, nascida na Ilha de Itamaracá, em 1944, como Maria Madalena Correia do Nascimento, que, mais tarde adotou o nome artístico Lia de Itamaracá. O espaço expositivo abriga imagens, fotografias, audiovisuais, telas e detalhes da decoração da casa da cirandeira. Ali se encontra, por exemplo, o certificado de que Lia descende do Povo Djoula, da Guiné-Bissau. A sua música dá o tom no eixo Som. “Mostramos toda a musicalidade que é de Lia e que a perpassa, porque ela vem da tradição de um bem cultural, a ciranda, que é patrimônio imaterial do Brasil”, conta Michelle. O país conheceu a cantora cirandeira como Rainha da Ciranda, nome de seu primeiro disco, lançado em 1977, e assim seguiu. Versátil e sincrética, em seu trajeto ela cantou no meio dos roqueiros, no Abril Pro Rock, em 1998. Em 2019 lançou o seu quarto disco Ciranda sem fim com produção de DJ Dolores. Neste trabalho, eleito um dos 25 melhores álbuns brasileiros do segundo semestre daquele ano, pela Associação Paulista de Críticos de Arte, deu um passo além da ciranda mesclando sons tradicionais a outros contemporâneos, sem perder suas referências na origem musical. O eixo Sol é formado por diversos elementos e conquistas de Lia, que ultrapassou as barreiras do som marcando presença, também, no cinema e na moda. Em 2020, o bloco Ilú Obá de Min abriu o Carnaval de rua em São Paulo com uma homenagem a ela. No ano passado, a cantora se apresentou em show na SP Fashion Week, para uma coleção inspirada em obras do artista pernambucano Francisco Brennand. Entre 2003 e 2019, ela participou em pontas ou como personagem em pelo menos seis filmes. Um deles, foi o curta-metragem Recife Frio, dirigido pelo pernambucano Kleber Mendonça. Deste diretor, ela também participou de outro filme, o célebre Bacurau, de 2019, no papel de Dona Carmelita, uma espécie de guardiã do lugar. Ainda, ela foi personagem principal do curta-metragem documental Formiga Come do Que Carrega, do diretor Tide Gugliano. Fez, também, uma participação especial no premiado longa-metragem Sangue azul, sob a direção de Lírio Ferreira, em 2014. Todo esse percurso a levou a ser considerada Patrimônio Vivo de Pernambuco e a receber um bom número de homenagens, como a Ordem do Mérito Cultural, pelo Ministério da Cultura, e o título de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal de Pernambuco, pelos serviços prestados à cultura do estado e do Brasil. Não falta, neste eixo, a representação de marcas registradas da cantora: os seus vestidos, nos quais predomina o azul, acessórios e as unhas pintadas de cor escura com desenhos minúsculos, como bolinhas. Também se vê ali outros aspectos da vida de Lia, que coloca sua arte a serviço de pautas de movimentos populares, como a sua ligação com a Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia. Ainda, encontra-se neste eixo passos de uma artista que circula por outras rodas e territórios da cultura, como quando recebeu e dançou com o povo Fulni-ô, grupo indígena que habita próximo ao rio Ipanema, no município de Águas Belas, em Pernambuco. Por fim, toda a exposição é permeada por sons que remetem à ciranda e ao mar de Lia. Indiretamente, a mostra homenageia, ainda, outras mulheres: Dona Duda, “mãe” da ciranda, e as irmãs Baracho – Severina (Biu) e Dulce Baracho, filhas de Antônio Baracho da Silva (1907-1988), conhecido como mestre e rei cirandeiro, a quem se atribui a popularização do gênero, também celebrado nesta Ocupação.

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Orquestra Criança Cidadã promove inédita série de concertos voltados para a comunidade do Coque

Apresentações ampliam sintonia com a população local, em especial com os alunos de escolas públicas da região (Da Coordenação de Comunicação da OCC) No próximo dia 20 de abril, às 10h, a Orquestra Jovem Criança Cidadã, principal grupo musical da OCC, realiza a primeira apresentação da série “Concertos para a comunidade”, na quadra da Escola Estadual Monsenhor Leonardo de Barros Barreto, no bairro de São José, zona central do Recife. A rigor, este é o primeiro evento musical da Orquestra Criança Cidadã na própria localidade de onde saíram seus primeiros alunos, em julho de 2006. A iniciativa faz parte de uma inédita estratégia de aproximação e divulgação da OCC junto à comunidade do Coque. O concerto da próxima quarta será dirigido aos alunos da Escola Monsenhor Leonardo, mas já na apresentação seguinte – dia 26 de maio, às 17h, na quadra do Compaz Joana Bezerra – toda a comunidade poderá ter acesso. Cada evento da série “Concertos para a Comunidade” serve como preparação para os concertos oficiais da Orquestra Jovem, como o do próximo dia 26, às 20h, no Teatro de Santa Isabel. Os alunos da Escola Monsenhor Leonardo, por exemplo, terão a mesma oportunidade de ouvir a Abertura “Egmont” e a “Sinfonia nº 1”, de Beethoven, e a “Ciranda das sete notas”, de Villa-Lobos – além de dois brindes: “Lamento sertanejo” e “Mourão”, sempre muito aplaudidas nas apresentações da OCC. “Em geral, a preparação para esses concertos envolve muitos ensaios de naipes e ensaios gerais, estudo individual, estudo coletivo… tudo para que possamos fazer o melhor possível no sentido de ter uma apresentação com a música muito bem ensaiada, bem madura, artisticamente falando, e que a gente possa tocar o coração dos moradores do Coque”, conclui José Renato. Além desta apresentação, estão marcados concertos para a comunidade nos dias 26 de maio (Compaz Joana Bezerra, às 17h), 22 de junho (Escola Joaquim Nabuco, em horário a confirmar), 24 de agosto (Escola Técnica João Bezerra, em Brasília Teimosa, às 15h30), 21 de setembro (Igreja Batista do Largo da Paz, 15h) e 27 de outubro (novamente no Compaz Joana Bezerra, às 17h). A Orquestra Criança Cidadã é um projeto social realizado pela Associação Beneficente Criança Cidadã, incentivado pelo Ministério do Turismo, por meio da Lei de Incentivo à Cultura.

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Magiluth abre nova temporada do podcast Ficções Itaú Cultural

Hoje (14 de abril), o Itaú Cultural dá início à segunda temporada do podcast Ficções Itaú Cultural – uma série de audiodrama, com a versão sonora do premiado Tudo que Coube Numa VHS, do grupo pernambucano Magiluth. Na sequência, os novos episódios, disponibilizados a cada 15 dias, trazem Todas as Histórias Possíveis e fecham com Virá. As três peças foram realizadas por esta companhia entre 2020 e 2021, com a proposta de descobrir formas de reinstaurar a presença compartilhada entre atores e espectadores dentro do contexto da pandemia. A trilogia ganhou formato sonoro especialmente para o podcast. O podcast Ficções Itaú Cultural – uma série de audiodrama pode ser conferido na seção de podcasts no site do Itaú Cultural https://www.itaucultural.org.br/secoes/podcasts e nas demais plataformas de streaming da instituição. Indicado na categoria Teatro Digital ao Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e vencedor do Prêmio da Associação dos Produtores de Teatro na categoria Melhor Espetáculo Inédito, Tudo que Coube Numa VHS abre esta trilogia que, a cada peça, traz pontos de vista diferentes de uma mesma história. Neste, um personagem conduz o público por um percurso no qual transforma o espectador em cúmplice das memórias de um relacionamento. A condução em torno dessas recordações, que na versão virtual acontecia por meio de plataformas virtuais e redes sociais, agora busca envolver o público apenas por meio da experiência sonora. “O principal desafio de levar para o podcast essas experiências sensoriais, que antes tinham muito o recurso visual, foi pensar em como fazer com que as pessoas pudessem experimentar o máximo possível disso só com a audição”, revela o diretor e dramaturgo Giordano Castro. Para manter a característica do grupo de proximidade entre ator e espectador, Castro diz que a versão criada para o Ficcções Itaú Cultural ganhou trilha sonora, criada pelo músico Kiko Santana, que ajuda na costura com o público dessas memórias fragmentadas do personagem. “A analogia com o VHS é por ele ser aquele lugar onde tudo é gravado picotado, misturado, como são as lembranças de um relacionamento, nas quais não se sabe direito quando começou e o que aconteceu”, explica o diretor. A versão original do espetáculo, que acontecia virtualmente em sessões individuais para cada espectador, teve grande procura, porém limitava a quantidade de público. Agora em podcast, apesar de reduzir a experiência da multiplicidade sensorial ao estímulo sonoro, é vista por Giordano Castro como um ganho para o ouvinte. “As pessoas podem ouvir o espetáculo a qualquer momento e conhecer a trilogia como um todo, com outros olhares da mesma história”, adianta. Próximos Em Todas as Histórias Possíveis, que entra no ar no dia 28 de abril, a trama é contada pela visão do dramaturgo. Disponibilizada a partir do dia 12 de maio, Virá fecha a participação do Magiluth no podcast com a versão da história contada pela segunda pessoa envolvida no relacionamento em questão. Após a estreia dos três episódios do grupo pernambucano, a segunda temporada do Ficções Itaú Cultural recebe a atriz Letícia Rodrigues, com a série Radio Reality. Na sequência, o podcast conta com a participação Juão Nyn, Cia Teatro Documentário e Grupo Clariô de Teatro. Nesta edição 2022, a programação coloca quinzenalmente no ar novas produções sonoras, sempre às quintas-feiras, com episódios de aproximadamente 20 minutos. Após estreado, todo o material pode ser conferido a qualquer momento no site e plataformas de streaming do Itaú Cultural. Mini bios do grupo e do elenco Magiluth Fundado em 2004, na Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Com um trabalho continuado de pesquisa e experimentação, tendo sido apontado pela crítica e pela imprensa como um dos mais relevantes grupos teatrais do país. Com sede em Recife, realiza colaborativamente diversas ações nos eixos de pesquisa, criação e formação artística, em constante diálogo com o território em que está inserido. Possui em seu histórico 11 espetáculos, fundamentados em princípios da criação teatral independente, de realização contínua e com aprofundamento na busca pela qualidade estética. Entre eles: Corra (2007), O Canto de Gregório (2011), Dinamarca (2017) e Apenas o Fim do Mundo (2019). Em 2020 e 2021, desenvolveu três experimentos concebidos especificamente para o momento de suspensão social: Tudo que coube numa VHS, Todas as histórias possíveis e Virá. Bruno Parmera Ator, produtor e designer, formado em comunicação social pela Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP. Integra o Magiluth desde 2016. Além de ator, é designer e artista visual, desenvolvendo também essas funções no grupo. Criou trabalhos como o DVD/CD Elba Ramalho em Cordas, Gonzagas e Afins (Sagrama e Encore, 2016), MOV – I Festival Internacional de Cinema Universitário (2016), I Encontro Internacional de Turismo Criativo (2016) e I Festival de Cinema LGBT, em parceria com a ONU-Brasil (2017). Erivaldo Oliveira Ator, estudou Teatro na Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Está no Grupo Magiluth desde 2010. No audiovisual, atuou no longa Tatuagem, de Hilton Lacerda, Légua Tirana, de Marcos Carvalho (em pós produção), e na supersérie Onde nascem os fortes (Rede Globo, 2018).  Giordano Castro Ator e dramaturgo nascido em Recife. Licenciado em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, realizou um intercâmbio internacional em Estudos Artísticos pela Universidade de Coimbra (Portugal). É membro e um dos fundadores do Grupo Teatral Magiluth. Como ator, participa de quase todos os trabalhos do grupo e é responsável por cinco dramaturgias montadas pelo Magiluth. No audiovisual, esteve em Tatuagem, de Hilton Lacerda, Tungstênio, de Heitor Dahlia, na série Treze dias longe do sol e na supersérie Onde Nascem os Fortes. Em 2020, escreveu e dirigiu os projetos Tudo o que coube numa VHS e Todas as histórias possíveis. Lucas Torres Ator e arte-educador formado pela UFPE e pós-graduado pela Universidade Católica em Arte Educação. É membro e um dos fundadores do Magiluth. No grupo, além do trabalho como ator, responde também pelos Adereços e Cenotécnica. Em paralelo ao Magiluth, mantém uma pesquisa em teatro de formas animadas, tendo participado de vivências e oficinas com Títeres e Actores (México), Cia Mevitevendo (RS), Mão Molenga (PE), entre outros. Mário Sergio Cabral Integra o Magiluth desde 2012. No audiovisual, atuou em Piedade, de Cláudio Assis; na supersérie Onde nascem os fortes, da Rede Globo; na série Chão de Estrelas, de Hilton Lacerda; e em Animal Político, com direção de Tião e realização da Trincheira Filmes. Em 2019, foi indicado ao Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte, como

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“A gente tinha que fazer a Paixão de Cristo em 2022, senão nunca mais ela aconteceria”

Após dois anos sem ter apresentações, Nova Jerusalém volta a exibir a Paixão de Cristo. O presidente da Sociedade Teatral de Fazenda Nova, Robinson Pacheco, relata as dificuldades causadas pela pandemia, como está sendo a retomada e conta, com humor e emoção, a história da criação do espetáculo. A história da criação da Paixão de Cristo em Fazenda Nova, no município do Brejo da Madre de Deus, daria um filme, com toques de drama, aventura, comédia, romances proibidos, uma boa dose de inspiração épica e vários finais felizes. Nesta entrevista a Cláudia Santos, Robinson Pacheco, presidente da Sociedade Teatral de Fazenda Nova e coordenador geral do espetáculo, contou detalhes desse roteiro, que começou a ser escrito por seus avós e pais, resultando na ousadia de construir um espetáculo grandioso, com efeitos especiais, estrelado por atores famosos nacionalmente e encenado numa cidade-teatro, construída como uma réplica de Jerusalém. Emocionado, ele revelou as dificuldades enfrentadas no período da pandemia e fala com otimismo da retomada com a 53ª temporada que acontece de 9 a 16 deste mês e traz no elenco Gabriel Braga Nunes no papel de Jesus, Christine Fernandes, como Maria; Luciano Szafir, interpretando Herodes, o ator Sérgio Marone, como Pilatos, a influenciadora digital Thaynara OG, no papel de Herodíades, e a atriz pernambucana Marina Pacheco no papel de Madalena. Como surgiu a ideia de criar o espetáculo da Paixão de Cristo? Em 1951, a Vila de Fazenda Nova tinha mil habitantes. Um cidadão de nome Epaminondas Mendonça migrou com a sua esposa Sebastiana, de Quipapá, na zona da mata, onde ele era vice-prefeito e tinha uma farmácia, para morar aqui, por orientação médica. Ela sofria de artrite e aqui temos a fonte hidromineral de água magnesiana, recomendada para quem tem esse problema. Ambos eram meus avós. Chegando aqui, comprou uma casa, botou uma loja de tecido, uma farmácia e uma pequena pousada que vivia de eventos, como o São João. Minha avó adorava teatro e era ligada à cultura popular. Meu avô também tinha uma pousada no Recife e, todas as vezes em que queria lotar o hotel em Fazenda Nova, chamava os clientes e os conhecidos para virem para cá, porque em certas datas havia apresentações. No 7 de setembro, minha avó fazia o espetáculo sobre Dom Pedro e a Independência, em dezembro, sobre o nascimento de Jesus. Mas a Semana Santa era a baixa estação, não vinha ninguém. Uma vez o genro dele foi visitá-lo e levou um exemplar de O Cruzeiro, com o encarte Fonfon, que trazia uma matéria sobre um espetáculo da Paixão de Cristo numa cidade alemã. Meus avós eram muito católicos e aí ele disse: “Sebastiana faz um espetáculo sobre a Paixão de Cristo, vai lotar os hotéis (já havia três na vila)”. Ela disse: “vou chamar Lourinho (que era Luiz Mendonça, um dos filhos do casal que interpretou o primeiro Jesus) e vou dar essa ideia para ele”. Lourinho, com o colega Osíris Caldas, escreveu a primeira peça chamada Drama do Calvário. Esse meu tio morava no Recife, trabalhava na Secretaria da Fazenda, e trouxe as pessoas ligadas ao teatro, do MCP (Movimento de Cultura Popular). A esse grupo de atores se juntou a figuração toda daqui da vila. Eles fizeram o espetáculo em 1951 e em anos posteriores. Em 1955 meu pai, Plínio Pacheco, um jornalista e oficial da aeronáutica, era gaúcho e veio morar no Nordeste procurando um lugar mais quente. Chegando ao Recife, conheceu meu tio Luiz Mendonça, no bar Savoy. Meu pai era diretor de redação do Diário da Noite e do Jornal do Commercio. Um dia meu tio falou com o fotógrafo Clodomir Bezerra (que era correspondente de O Cruzeiro), para ele fotografar uma cena do espetáculo, em fevereiro, no Carnaval e enviar para a revista para ver se publicavam. O fotógrafo e os atores ficariam hospedados no hotel. Clodomir disse que só iria se envolvesse Plínio, porque ele era o chefe de redação dos dois jornais e tinha muita influência. No meio do papo, meu pai teve uma ideia: “vou conseguir um vagão da Rede Ferroviária Federal e vamos levar 30 jornalistas até Caruaru e de lá vamos de caminhão”. Naquela época não havia estrada, carro, energia elétrica ou água encanada. Eles vieram em pleno Carnaval e no domingo todos foram brincar num bloco, inclusive minha mãe, Diva, que tinha 16 anos e ajudava os pais no hotel. Quando ia saindo, ela viu o gaúcho de bermuda, sapato, camisa abotoada até o pescoço, lendo jornal, às 10h. E perguntou: “você não vai para o bloco?”. Ele respondeu: “não, prefiro ficar aqui lendo três jornais”. Minha mãe ficou impressionada. Ela voltou, às 4 da tarde, toda suada, com as sandálias na mão e papai continuava lendo jornal (risos). Ela disse: “eu já brinquei Carnaval o dia todo, tomei um porre e você está aí no mesmo lugar? (risos). Aí meu pai: “isso é coisa de gaúcho”. Daí surgiu um romance, mas meu avô não queria porque meu pai era desquitado. Eles fugiram para o Rio Grande do Sul. Passados dois anos, meu avô mandou uma carta pedindo para voltarem. Eles voltaram, ele ficou baseado no Recife, depois vieram para cá na Semana Santa e ele assumiu a produção do evento que era realizado na rua. Como a cidade-teatro foi construída? A via sacra era encenada na escada externa de uma grande casa onde as pessoas assistiam da rua e algumas assistiam de cima do muro da residência. Esse muro, em 1962, caiu com mil pessoas em cima dele. Na época havia 6 mil espectadores. Meu pai cancelou o espetáculo na hora, a sorte é que ninguém se machucou. Aquele foi o último ano do espetáculo na rua. Ele começou a trabalhar no projeto para a construção do teatro e em 1966 comprou um terreno, com uma verba do Ministério da Cultura, e foi atrás de patrocínio. Mas não conseguiu. Em 1967 assumiu o Governo de Pernambuco, Nilo Coelho, que soube pelos jornais do projeto. Ele veio aqui,

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Primeira edição do Festival “Celebração: se tem coco, tem Cocada”

A programação da “Celebração: se tem coco, tem Cocada!” reúne shows e participações de 18 grupos de coco, rodas de conversa sobre cultura popular e sessões de cineclube entre os dias 14 e 17 de abril, com acesso gratuito pelo Youtube A 1ª edição do festival “Celebração: se tem coco, tem Cocada!” chega para reverenciar, difundir e preservar as manifestações do tradicional coco de roda, contando com shows e participações de 18 grupos de coco de Pernambuco e também de outros estados do Nordeste. O evento é idealizado e promovido pelo grupo A Cocada, que tem a comunidade do Amaro Branco como berço e celeiro do coco de roda de Olinda-PE, e acontece entre os dias 14 e 17 de abril (quinta e sexta-feira a partir das 18h30h, sábado e domingo a partir das 16h30h). O acesso é gratuito pelo canal do grupo A Cocada no Youtube. A programação dos quatro dias de festividade contempla, ainda, rodas de conversa sobre produção cultural e cultura popular, além de sessões de cineclube com a exibição de uma série de curtas-metragens. O festival foi gravado no Teatro Fernando Santa Cruz, que fica dentro do Mercado Eufrásio Barbosa, e toda a transmissão terá acessibilidade através de legendas e intérprete de libras. O projeto tem incentivo da Lei Aldir Blanc PE, contemplado pelo edital Festivais, Mostras e Celebrações LAB PE 2021. Mãe Beth de Oxum, Ialorixá e Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco, está na linha curatorial do evento ao lado de Wellington Felipe, coordenador e produtor do grupo A Cocada, e Felipe França, coordenador geral e produtor executivo do festival Celebração. Abrindo a programação, na quinta-feira (14/04), a partir das 18h30, haverá a primeira sessão de cineclube da Celebração, com a exibição do primeiro dos quatro episódios da série inédita de curtas intitulada “Do Zambê ao Pisado Alagoano”, que conta sobre o dia a dia, a resistência, as dificuldades e as glórias de alguns dos mestres que estão participando do festival Celebração, com direção e roteiro de Felipe França.  Em seguida, haverá uma roda de conversa com produtores culturais e fazedores de cultura sobre produção cultural, coco de roda e cultura popular. A Cocada.“A Associação Cultural e Musical A Cocada existe desde o ano 2000. Nós estamos concorrendo há muito tempo a vários editais e, dessa vez, depois de muita luta, graças a Deus e a todos os Orixás, a São Jorge guerreiro que é o nosso patrono, conseguimos. A ideia da Celebração é de celebrar todos os coquistas juntos. Durante a pandemia a gente via os companheiros vendendo os instrumentos, desistindo de tudo, e a gente pedindo a Deus para ser contemplados pelo festival. Fomos atendidos e conseguimos. Mais um sonho da Cocada realizado e vamos à luta atrás de mais para não deixar a cultura cair, principalmente o coco, porque é uma luta, só quem tem sangue na veia e ama a cultura é que encara a desigualdade social e a discriminação. Não podemos esquecer dos nossos ancestrais”, expressa Wellington Biés, que junto com o Mestre Beto tocam A Cocada. “A realização do festival é a reafirmação da força em forma de cultura, o fortalecimento de uma rede. O Amaro Branco é um quilombo urbano, o berço do coco de roda praiano olindense, de lá vem vários mestres e seus discípulos, como no meu caso, que tive Mestre Dedo e Mestre Alonsinho como primeiras influências de coco. Então a Celebração foi pensada também com a intenção de manter a memória destas mestras e mestres, como dona Neuza do Coco, dona Selma do Coco, dona Aurinha, Pombo Roxo, Ferrugem… E tantos outros já encantados, através das apresentações das mestras e mestres que estão vivos fazendo as sambadas no Amaro Branco como, dona Glorinha, Mestra Ana Lúcia, Mãe Beth de Oxum, Arnaldo do Coco, Mestre Beto Pesão e Mestre Lu do Pneu. Na minha visão, assim como toda forma de cultura popular tradicional no Brasil, o coco de roda sofre forte perseguição, tendo em vista que os investimentos ao fomento da cultura ainda não atuam de forma igualitária, não atendem aos mestres mais antigos, quilombolas e povos tradicionais, ou ainda realizadores de cultura que residem em locais mais afastados da cidade, pela forma ainda bastante burocrática que se apresentam os editais públicos. Isso inibe que as novas gerações enxerguem a cultura tradicional como forma de vida e meio de geração de renda. O maior objetivo de ser produtor cultural na periferia é proporcionar uma forma justa de viver da nossa arte, sem atravessadores ou produtores que não conhecem e não vivenciam o dia a dia da cultura popular e tradicional. Onde houver uma cultura forte e atuante, não haverá espaço para a violência!”, conclui Felipe França, que começou sua trajetória cedo produzindo festas nos terreiros e nas sambadas, e é um dos idealizadores, produtor executivo, e um dos curadores do festival, assim como também é representante da sociedade civil no conselho de cultura da cidade de Olinda na cadeira de Cultura Popular, além de fundador do Ponto de Cultura Batá Kossô.  SERVIÇO:1ª edição do festival “Celebração: se tem coco, tem cocada!”Quando: 14 a 17 de abril de 2022 (quinta-feira a domingo)Onde assistir: canal do grupo A Cocada no Youtube (https://www.youtube.com/channel/UCRAL1ADoFTLF7tzFavP57-w)Acesso: gratuito e livre ao público de todas as idadesAcessibilidade: legendas e intérprete de libras

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Caminhada Domingueira percorre o Centro do Recife neste domingo

O Grupo Caminhadas Domingueiras, conduzido por Francisco Cunha, realiza o primeiro passeio de 2022 neste domingo (10), com início às 8h na Praça do Arsenal. O roteiro “Recosturador” do Centro do Recife tem previsão de terminar às 11h na Av. Guararapes. Dentre outros pontos de interesse haverá visitação aos locais onde existiram o Arco do Bom Jesus, a Igreja do Corpo Santo, os Arcos da Conceiçao e Santo Antônio, a Igreja do Paraíso e a Igreja dos Martírios. Não precisa inscrição para participar, basta chegar no local de partida e seguir com o grupo.

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Oficina Brennand promove curso online com dominicano Manuel Arturo Abreu

A Oficina Brennand abre o seu Programa de Estudos com o curso online “Encontros com e contra o zumbi”, a ser ministrado por Manuel Arturo Abreu, um artista não-disciplinar que vive e trabalha em terras não cedidas de povos Multnomah, Cowlitz, Clackamas, Chinook, Kalapuya, Confederado Grand Ronde e Confederado Siletz e outros Primeiros Povos do Noroeste do Pacífico. Voltado a artistas, curadores, museólogos, pesquisadores das artes e ciências humanas, profissionais da área e outras pessoas com mais de 18 anos, o programa, realizado às quartas-feiras, de 13 de abril e 15 de junho, lança um olhar para as similitudes entre territórios que se construíram a partir das diásporas negras e indígenas no que foi constituído como continente americano. As inscrições se encerram no dia 11 de abril. Em uma perspectiva cultural, os dez encontros virtuais pretendem travar discussões acerca de termos que historicamente categorizam as ações de povos originários. Traçando relações entre diferentes linguagens, abreu acentua a importância das cosmologias em uma contraposição a denominações referentes ao modernismo nestes territórios. Com base no interesse em incentivar a pesquisa e o diálogo crítico sobre estética, história, filosofia e sociologia da arte, o Programa de Estudos vislumbra reunir uma constelação de profissionais empenhados na revisão das narrativas sobre as artes, seus desdobramentos e capilaridades, adentrando também em outros saberes. SERVIÇO Programa de Estudos 13 de abril a 15 de junho, das 19h às 21h (toda quarta) Curso online (via plataforma Zoom) Idioma: em inglês com tradução simultânea para o português Para pessoas acima de 18 anos Custo: R$ 200 (profissionais) e R$ 100 (estudantes, com comprovação) Inscrições abertas até 11 de abril

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Cepe lança nova edição de Estrelas de couro: a estética do cangaço

(Da Cepe) Esgotado nas livrarias, com exemplares raros vendidos por cerca de R$ 1 mil, o livro Estrelas de couro: a estética do cangaço, do historiador Frederico Pernambucano de Mello ganha 4ª edição revista pela Cepe Editora. O lançamento acontece dia 13 de abril, às 18h, no mezanino do Museu Cais do Sertão, Espaço Todo Gonzaga, no Bairro do Recife. O livro aborda os símbolos da estética do cangaço, com seus trajes, armas e utensílios domésticos adornados com muitas cores e signos característicos, e é resultado de mais de 40 anos de pesquisa do historiador sobre o tema. A obra também cobre uma lacuna literária brasileira: “Não há muitas publicações sobre estética no Brasil. Quase sempre o que se encontra são absorções locais de temáticas estrangeiras”, afirma Frederico. A grande importância da obra é ressaltada pelo escritor Ariano Suassuna (1927- 2014) no prefácio mantido desde a primeira edição, em 2010.“E se há no Cangaço um elemento épico, este é ainda exacerbado pelos trajes e equipagem dos cangaceiros, com os seus anéis e medalhas, seus lenços coloridos, seus bornais cheios de bordaduras, os chapéus de couro enfeitados com estrelas e moedas — tudo isso que se coaduna perfeitamente com o espírito dionisíaco de dança e de festa dos nossos espetáculos populares e compõe uma estética peculiar, rica e original, agora minuciosamente estudada por Frederico Pernambucano”, escreveu Ariano. Intercalado por vasto repertório ilustrado, o livro traz fotografias de Lampião e seus asseclas, notas explicativas ao final de cada um dos sete capítulos que compõem a obra de 300 páginas, com direito a apêndice em inglês e extensa bibliografia. Além das fotos do acervo de objetos da coleção particular do autor – considerada “a mais completa, rigorosa e rica dentre quantas existem no país sobre o assunto”, diz o próprio Frederico. O livro traz ainda xilogravuras de Jota Borges, capas de revista e obras de arte sobre a temática do cangaço. A escrita dos textos se deu após muitos estudos e viagens ao Sertão, onde Frederico recolheu depoimentos de remanescentes do que ele chama de “ciclo histórico do cangaço”, ocorrido entre as décadas de 1920 até 1938, ano em que Lampião e os cangaceiros foram mortos. Ao iniciar a pesquisa, Frederico formou sua coleção particular, já apresentada em São Paulo, Rio de Janeiro, Chile e Inglaterra. Como resultado do trabalho, o historiador destaca a necessidade de ampliar o conceito de banditismo que se utilizava até então. “Por muitos anos, o Cangaço foi apenas sinônimo de “banditismo rural”, como a ação dos beatos sertanejos foi apenas uma expressão de “fanatismo religioso “. Os antigos soldados de volantes policiais que escreveram memórias demonizavam o Cangaço sem atenuantes. Os marxistas o exaltavam como “resposta aos excessos do coronelismo”, esquecidos de que coronel e cangaceiro formavam no sertão uma simbiose, auxiliando-se mutuamente, apenas se desentendendo de forma episódica”, explica o autor. Símbolo de resistência, o cangaço é o repúdio à adoção dos valores ditados pelo europeu colonizador à custa de sangue – o que ocorreu igualmente em muitas revoltas pelo país, como o massacre ocorrido em Canudos. “Com efeito, houve um Brasil que, desde a origem, não se dobrou aos valores europeus trazidos pelas caravelas – ao mercantilismo, à pontualidade, ao tempo linear, à acumulação de riquezas e de alimentos – e se manteve irredento. Arredio a tudo isso, por atitude ou militância até mesmo armada”, reflete Frederico, que no livro aponta a destruição da cultura dos insurgentes pelo governo brasileiro, ato que apaga a história e, portanto, a memória. “Quantos dos nossos museus não estão rindo com dentadura postiça?”, escreve o especialista. O capricho que o cangaceiro confere a suas vestes é comparado ao dos cavaleiros medievais europeus e aos samurais orientais. “O traje do cangaceiro é um dos exemplos demonstrativos do comportamento arcaico brasileiro. Ao invés de procurar camuflagem para a proteção do combatente, é adornado de espelhos, moedas, metais, botões e recortes multicores, tornando-se um alvo de fácil visibilidade até no escuro”. Essa contradição se explica pela crença no sobrenatural “em nome do qual ele exerce uma missão, lidera um grupo, desafia porque se acredita protegido e inviolável e, de fato, desligado do componente da morte”, explica o historiador. Ele acrescenta também que Lampião e seus companheiros eram afeitos a itens de luxo, como lenços de seda, perfume francês e óculos alemão. As primeiras representações do cangaço na arte, porém, contrariam sua aparência colorida e cuidadosa, confeccionada pelo próprio cangaceiro em máquina de costura. Frederico cita como exemplo dessa distorção a série de quadros de Portinari, a qual chamou de ideologicamente bem-comportada. Para Frederico, Portinari foi “um crédulo nas cores castradas com que os mexicanos deram as costas à realidade festiva do povo, sem exclusão de seus bandidos celebrados, para se manterem fiéis ao ideal político de dar vida a um guerrilheiro supostamente sofredor e opaco, substitutivo proposto à exuberância plástica do bandoleiro real cheio de cores, no afã de produzir o ícone de que os marxistas necessitavam no campo”, critica o historiador. Para ele o cangaceiro na arte só ganha sua fiel representação no final dos anos 1950, com nomes Aldemir Martins e Raul Córdula. “Ganhará cores mais fortes com Carybé, chegando ao detalhe estético apenas em 1984, com José Cláudio”. No momento, Frederico atua como consultor da Globoplay, que está desenvolvendo a série Guerreiros do Sol, sobre Lampião e Maria Bonita. A previsão de estreia é para 2023.

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