No último final de semana Lígia Lima, que integra a coordenação da Ameciclo e do Observatório do Recife, foi atropelada enquanto estava pedalando na ciclofaixa da Estrada do Encanamento. O carro que atropelou a ativista estava estacionado na calçada e para acessar a via passou pela ciclofaixa, quando aconteceu o choque por trás da bike. Lígia teve ferimentos. Uma história diferente de tantos ciclistas da capital pernambucana e do Brasil que perderam suas vidas por imprudência. A “invisibilidade” dos ciclistas nas ruas pelos motoristas de carros e motos precisa de um enfrentamento.
A Ameciclo descreveu na sua página o atropelamento e relatou que o condutor não admitiu a culpa por ter atropelado Ligia. “Apesar de ter permanecido no local, o condutor negou ter sido responsável pelo atropelamento até que descobriu que o evento tinha sido filmado por um carro passante. Ligia, que já foi medicada e apesar de ainda estar sentido fortes dores pelo corpo, está fora de perigo e estável. O atropelamento ocorreu porque o condutor, que estava com o veículo parado irregularmente sobre a calçada, acessou a via invadindo a ciclofaixa e atingiu a ciclista, que estava na ciclofaixa, por trás. Ligia sem chance de uma reação rápida foi imediatamente ao chão, desmaiando por alguns segundos”. A ciclofaixa da Estrada do Encanamento foi criticada pela associação, que já alertou a CTTU na necessidade de ajustes, que nunca foram realizados, como o alargamento da faixa e a fiscalização de velocidade.
Em nota, o Observatório do Recife defendeu incisivamente que o poder público trate o tema da segurança dos ciclistas com urgência: “É preciso que a Prefeitura do Recife, junto com os órgãos competentes, passem a enfrentar os problemas de mobilidade da cidade com a urgência e seriedade necessários para que outras situações como estas não voltem a acontecer. A vida do cidadão precisa ser a prioridade dos órgãos que ordenam e fiscaliza o trânsito na cidade!”
O caso de Lígia está longe de ser isolado. Há um mês outro associado da Ameciclo, Cezar Martins, foi atropelado na Av Mário Melo. Em outubro o pernambucano Raul Aragão perdeu a vida em Brasília, quando pedalava na Asa Norte. O crescimento do número de ciclistas, que são recifenses em busca de uma mobilidade mais saudável e sustentável, infelizmente não tem sido acompanhado por políticas de segurança e educação no trânsito. Pedalar virou fator de risco.