Índice de Intenção de Consumo das Famílias fica em 100,6 pontos em julho, com retração entre os mais vulneráveis e avanço entre os que ganham mais de dez salários mínimos
A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) do Recife manteve-se tecnicamente estável em julho de 2025, registrando 100,6 pontos — leve variação em relação aos 101,0 pontos de junho. Apesar de ainda se manter próxima da zona de otimismo, a pesquisa realizada pela Fecomércio-PE revela uma recuperação desigual entre os diferentes estratos de renda da capital pernambucana.
Enquanto as famílias com rendimento acima de dez salários mínimos apresentaram crescimento de 1,0% no indicador, chegando a 125,5 pontos, os domicílios com renda inferior a esse patamar registraram queda de 0,7%, ficando em 98,2 pontos — abaixo da linha de satisfação. A retração foi influenciada principalmente pela piora na perspectiva de consumo (-4,8%) e na avaliação do consumo atual (-1,8%), além de recuos nos quesitos emprego atual (-1,3%) e acesso ao crédito (-0,6%).
Em comparação com julho de 2024, porém, o cenário mostra melhora: o índice geral teve alta de 4,2% no período de um ano, sinalizando certa resiliência do consumo, puxada pela recuperação de renda e pela formalização no mercado de trabalho. Para o presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac PE, Bernardo Peixoto, “a pesquisa aponta um cenário de estabilidade, mas ainda com diferenças entre os estratos de renda. Seguimos monitorando esses indicadores com o objetivo de subsidiar estratégias que contribuam para o fortalecimento do comércio, respeitando a realidade das famílias e suas diferentes condições de consumo”.
O economista da Fecomércio-PE, Rafael Lima, destaca a retomada desigual. “Há sinais de recuperação sustentada entre os grupos menos sensíveis à inflação e à restrição de crédito. Por outro lado, a estagnação entre os consumidores de menor renda aponta para a necessidade de medidas estruturantes que ampliem a capacidade de consumo dessas famílias, principalmente por meio de geração de emprego, aumento da renda disponível e maior previsibilidade nas condições de crédito ao consumidor”, avalia.