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Wanderley Andrade

Crítica: Orion e o Escuro (Netflix)

O medo é uma reação espontânea a toda ameaça que surge. É um mecanismo de sobrevivência do ser humano. Porém, em excesso, perde a aura de proteção e pode causar grande sofrimento. Esse medo que se transmuta em ansiedade e paralisa a vida é tema da nova animação da Netflix, Orion e o Escuro.

Orion é um garoto de medos peculiares. Medo de dar descarga e a água do vaso transbordar a ponto de alagar toda a escola, medo de levar uma picada de mosquito e perder o braço, medo de matar o valentão da escola com um soco e ser preso num reformatório. De toda a lista, nenhum supera o clássico medo de escuro. 

A jornada começa quando o próprio Senhor Escuro em pessoa aparece para uma visitinha. Conforme o desenrolar da história, o jovem protagonista é apresentado a outras entidades da noite: Sono, Insônia, Silêncio, Ruídos Inexplicáveis e Bons Sonhos. A aventura será um passeio pelas profundezas de seu maior medo.

Apesar de ser uma animação voltada ao público infantil, “Orion e o Escuro” trata de assuntos complexos, travestidos por uma carcaça amigável e multicolorida. Em uma das cenas, Orion discorre sobre o final da vida, opõe correntes filosóficas como Niilismo e Existencialismo. “Tento imaginar como é a morte. Cheguei à conclusão que é como nada", reflete. Em essência, o medo do escuro mascara o pavor da incerteza do nada.

“Orion e o Escuro” é uma adaptação do livro infantil homônimo escrito por Emma Yarlett. O roteiro é do premiado roteirista Charlie Kaufman, conhecido por seu trabalho em “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”, filme que lhe rendeu o Oscar de Melhor Roteiro Original.

A animação é produzida pela DreamWorks, mesma produtora de sucessos como “Shrek”, “Gato de Botas”, “Kung Fu Panda” e "Madagascar”. Segue a mesma vibe de animações modernas como “Homem-Aranha no Aranhaverso” e “A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas”, que combinam técnicas 2D e 3D. 

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