As cardiopatias congênitas são más formações do coração da criança ainda no período de gestação, mesmo que diagnosticada tardiamente, após o nascimento. Na próxima sexta-feira (12) é celebrado o Dia Nacional dessa enfermidade. Como algumas cardiopatias estão dentro do grupo de risco para a Covid-19, a Sociedade Brasileira de Cardiologia em Pernambuco (SBC-PE) faz alerta sobre o assunto, apontando cuidados necessários com essas crianças enfermas neste momento de pandemia, além de informar sobre práticas a serem seguidas durante a gestação para diagnosticar precocemente e obter um tratamento eficaz para a criança.
Estima-se que todos os anos nascem cerca de 130 milhões de crianças com cardiopatias em todo o mundo, sendo 30 mil delas no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, as cardiopatias congênitas constituem a terceira maior causa de morte em bebês com menos de 30 dias, 10% dos óbitos infantis e 20 a 40% dos óbitos relacionados a malformações. Há casos que não precisam de tratamento, enquanto outros precisam de cirurgia ainda no período neonatal. 2% do total de casos só progride bem se tiver tratamento precoce. Os sintomas mais comuns das cardiopatias congênitas são: falta de ar, cansaço, ponta dos dedos e lábios arroxeadas, transpiração excessiva e, no caso dos bebês, cansaço entre as amamentações.
“Neste momento de pandemia, temos observado um esvaziamento de hospitais. Isso vem nos preocupando em relação às cardiopatias congênitas, porque temos medo do estado em que vamos receber as crianças após a pandemia, sem terem tido um tratamento adequado e precoce”, comenta a Mariana Carvalho, diretora do Departamento de Cardiopatia Congênita da SBC-PE. De acordo com a cardiologista, as gestantes devem se precaver e seguir todas as recomendações de higiene e segurança contra o novo coronavírus, mas não devem deixar de fazer seus exames pré-natais. “Muitas das cardiopatias congênitas podem ser descobertas ainda nessa fase, com ultrassonografias e ecocardiogramas fetais, por exemplo. Ao descobrir precocemente, as mães são encaminhadas para centros com estrutura, capazes de oferecer informação e tratamento eficaz para essas enfermidades do coração”, afirma.
A detecção precoce e a intervenção adequada destas cardiopatias graves podem mudar o curso da história das crianças e de suas famílias. “Após o nascimento, recomenda-se a realização do teste do coraçãozinho como parte da triagem de rotina de todos recém-nascidos. Este teste é indolor, simples e pode detectar anormalidades de maneira precoce e, assim, suspeitar se o bebê tem alguma cardiopatia potencialmente fatal”, pontua Mariana. Não há formas de prevenir estas doenças. Porém, uma vez identificadas, os pacientes devem seguir acompanhamento com médico especializado e suporte da equipe multidisciplinar.
A médica recomenda ainda atenção total com as crianças que possuem alguma cardiopatia congênita neste momento de pandemia. “Todos temos que seguir as recomendações de saúde, respeitar o distanciamento social, usar máscaras e outros equipamentos de proteção, lavar as mãos constantemente com água e sabão ou álcool, não suspender remédios por conta própria. Mas aqueles que, sabidamente, lidam com crianças cardiopatas devem poupá-las. Poucos sabem, mas há uma vacina chamada Palivizumabe que protege de outras infecções respiratórias, evitando a confusão com a Covid-19 neste momento. Essa vacina é um direito dos cardiopatas congênitos e pode ser tomada pela rede particular ou pelo SUS”, finaliza.