O dia seis de outubro é marcado pelo Dia Mundial da Paralisia Cerebral (PC), uma data que promove o conhecimento sobre a doença e coloca em destaque os problemas decorrentes da doença, que afetam mais de 17 milhões de pessoas no mundo. Coordenada pela World Cerebral Palsy Initative – um grupo sem fins lucrativos que visa promover mudanças reais para as pessoas que tem ou convivem indiretamente com a paralisia – a data promove a necessidade do diagnóstico precoce, ações educativas e conscientização social sobre os sintomas, tratamentos e convivência com a PC.
A paralisia cerebral é a deficiência física mais comum na infância e trata-se de uma desordem motora que ocorre durante o desenvolvimento do cérebro do bebê ainda dentro do útero ou até os dois anos de vida da criança. “A paralisia cerebral pode ser causada por diversos motivos, como por exemplo: hemorragias, falta de oxigênio no cérebro, traumatismo e até mesmo nascimento prematuro. Muitas vezes, não sabemos como e nem o motivo de algumas crianças nascerem ou desenvolverem a condição, mas geralmente não tem a ver com deficiência nos pais ou hereditariedade”, explica Dra. Andrea Thomaz Viana, Fisiatra e Gerente Médica da Ipsen.
De acordo com a Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC), a doença não se trata de um défice intelectual e não impede o desenvolvimento de inteligência normal ou acima da média. Mesmo assim, pode ter associação com atrasos nessa área dependendo da lesão e da localização, assim como pode gerar problemas de cognição, comunicação, percepção, atenção, concentração e/ou epilepsia.
A paralisia pode ainda se manifestar por meio de distúrbios motores que podem afetar os braços e as pernas. Existem três tipos de definições para esse distúrbio, são elas:
· Espástico – tipo mais comum que atinge cerca de 80% a 90% dos casos. Os músculos ficam rígidos e existe dificuldade em se movimentar;
· Discinético – cerca de 6% dos casos. Os movimentos acontecem de forma involuntária e de forma exagerada;
· Atáxico – cerca de 5% dos casos, sendo o mais raro. Esse tipo apresenta tremores e falta de coordenação nos braços e nas pernas.
É possível também que o paciente apresente dois tipos de distúrbios simultaneamente - por exemplo, a espasticidade e a distonia.
A rápida identificação dos sinais que indicam a paralisia cerebral é uma forma de garantir uma melhor performance dos tratamentos de reabilitação. Para isso, entender os marcos para cada idade é uma forma de ficar atento a qualquer desordem que possa levar ao diagnóstico. “Por exemplo, se aos três meses seu bebê ainda não consegue sustentar a cabeça ou então não consegue se manter sentado sem apoio aos seis meses, o desenvolvimento dele pode estar atrasado. O importante é procurar um profissional e garantir um diagnóstico correto. No caso da paralisia cerebral, a identificação precoce colabora para maiores ganhos durante o tratamento”, comenta dra. Andrea.
O tratamento para a paralisia é multidisciplinar, envolvendo profissionais de saúde como médicos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e psicólogos. Também, em casos de espasticidade, onde os músculos acabam gerando contrações fortes e involuntárias, causando dores ao paciente, o tratamento pode recorrer à aplicação da toxina botulínica: “A aplicação é feita nos músculos que apresentam rigidez. A toxina consegue relaxar o tecido de forma temporária, facilitando a reabilitação e contribuindo com o bem estar da criança”, completa a especialista.
Dois a cada mil bebês podem ser afetados pela paralisia cerebral e os distúrbios associados à essa doença são variáveis. Algumas crianças podem apresentar incapacidade de andar, falar, controlar a urina, a saliva, sentir dor, apresentar distúrbios no comportamento ou apresentar algum prejuízo visual ou intelectual. A data, muito mais do que gerar consciência sobre os sintomas, vêm também reivindicar uma maior abertura na sociedade para falar sobre o assunto e integrar crianças, jovens e adultos com PC de forma igualitária e com qualidade de vida.