A UFPE e a Superintendência do Patrimônio da União (SPU) assinaram, na tarde da última terça-feira, em reunião realizada no Gabinete do Reitor, documento que promove a cessão provisória do prédio da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) para a Universidade. Para o reitor Anísio Brasileiro, a assinatura representa um momento histórico para as instituições. “Ficamos muito felizes que a Superintendência da União tenha tomado a decisão de que um edifício histórico, símbolo do projeto de desenvolvimento do Brasil, passe ser da responsabilidade de uma universidade pública”, disse o reitor.
De acordo com Anísio, para a ocupação do prédio, é preciso pensar atividades que estejam de acordo com o que representa a Sudene. “Projetos que gerem conhecimento e que contribuam para um plano de desenvolvimento do Brasil”, adiantou. Nesse sentido, a Universidade vai compor uma comissão destinada a discutir formas de ocupação do prédio, que pode vir a abrigar atividades administrativas e de ensino, pesquisa e extensão. O trabalho vai envolver ainda a adaptação estrutural do espaço para receber os projetos em estudo. A Universidade já dispõe de R$ 3 milhões para realizar as primeiras adequações que permitirão o funcionamento do prédio.
“O imóvel tinha vocação para se integrar à Universidade”, afirmou a superintendente substituta da SPU, Renata Villa Nova. “A SPU vai continuar a parceria com a Universidade para levar adiante esse desafio, que é a utilização do prédio da Sudene para o ensino público, o que vai ser de grande importância para toda a comunidade universitária”, completou Renata. Segundo ela, o próximo passo da SPU é dar seguimento ao processo de transferência definitiva do prédio à Universidade. Trata-se do maior “próprio nacional”, que são os imóveis de domínio da União utilizados pelo serviço público federal, para instalação de órgãos vinculados à Administração Pública Federal direta ou indireta.
Além do reitor Anísio Brasileiro e da superintendente substituta da SPU, Renata Villa Nova, a assinatura do documento contou com a presença da vice-reitora Florisbela Campos; do coordenador da comissão para instalação da UFPE no prédio da Sudene, o professor Mariano Aragão; da chefe do Gabinete, Lenita Almeida; da pró-reitora de Gestão Administrativa, Niedja Paula de Albuquerque; da pró-reitora para Assuntos Estudantis, Ana Cabral; do pró-reitor de Comunicação, Informação e Tecnologia da Informação, Décio Fonseca; do diretor do Centro Acadêmico de Vitória, José Eduardo Garcia; do ouvidor-geral da UFPE, professor Ivan Melo; e do professor Silvio Romero Marques, presidente da Comissão Executiva das Comemorações dos 70 Anos da UFPE. Também estiveram presentes na assinatura, pela SPU, a coordenadora de Destinação Patrimonial, Paula Ferreira; e a técnica Martha Lisboa.
EDIFÍCIO – A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) foi criada no dia 15 de dezembro de 1959, pelo então presidente Juscelino Kubitscheck (1956-1961), com o objetivo de promover o coordenar o desenvolvimento da região. Teve como idealizador e primeiro superintendente o economista Celso Furtado, autor do clássico “Formação Econômica do Brasil”. Inicialmente, a Sudene funcionou num prédio no centro do Recife. O prédio no Engenho do Meio foi inaugurado no dia 28 de janeiro de 1974 e foi edificado em um terreno com 68.050,00 m², possuindo uma área construída de 72.704,81 m², distribuída em diversos blocos, sendo um prédio principal, com 13 andares, e quatro anexos que incluem biblioteca, restaurante, conselho deliberativo e serviço médico.
Atualmente, o prédio principal está praticamente desocupado, restando ainda, provisoriamente, bens móveis (mobiliário e arquivo) de alguns órgãos em seu subsolo, bem como ocupação regular de um anexo de 900 m² pelo Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), cedido desde o ano de 2010. Na cessão definitiva à UFPE, caberá à Universidade e ao Instituto ajustarem o encaminhamento a ser dado a estas instalações.
O prédio é de propriedade da União, adquirido por sucessão da Sudene, que foi extinta pela Medida Provisória nº 2.145/2001. Em 2003, foi criado um órgão condômino, que gerenciou o uso do prédio por diversos órgãos e entidades públicas e privadas, que o administravam de forma compartilhada. Com a desocupação do prédio pela Sudene, em julho deste ano, restou à SPU/PE o desafio de encontrar urgentemente uma alternativa para sua destinação. A história do edifício e sua localização foram os principais pontos observados pela equipe da SPU/PE ao visualizar, na UFPE, uma enorme vocação para receber o imóvel, integrando-o ao Campus Recife.
No dia 7 de novembro, a UFPE manifestou seu interesse no imóvel, o que veio ao encontro do estabelecido na 6ª declaração da escritura pública de doação de imóvel, firmada em 1967 entre a UFPE e a extinta Sudene. Essa declaração determinava a reversão do terreno em caso de sua destinação para finalidade diversa daquela prevista na escritura, que seria o funcionamento da sede da Sudene.
ARQUITETURA – O edifício é um expoente da arquitetura moderna e resultado do projeto dos arquitetos Pierre Reithler, Ricardo Couceiro, Paulo Roberto de Barros e Silva e Maurício do Passo Castro, em 1968, caracterizado por princípios de adequação climática. Um primeiro estudo foi realizado por Glauco Campello. Atuaram na coordenação das obras os engenheiros Pedro Gorgônio da Nóbrega Filho, Mário de Moraes Rêgo e Valério de Mello Costa Oliveira. O cálculo estrutural das obras foi feito pelos engenheiros Eleumar Martorelli e José Moacyr Lins de Albuquerque e a construção envolveu mais de 20 empresas, desde estrutura, instalações, montagem, acabamento e fiscalização. Os jardins foram encomendados ao escritório paulista Burle Marx & Cia Ltda, do maior paisagista brasileiro Roberto Burle Marx, e são caracterizados pela flora do semiárido nordestino.