Gente & Negócios

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Rafael Dantas

Empreendedor desde pequeno

As micro e pequenas empresas do Brasil são responsáveis por gerar 54% dos empregos formais do País e quase um terço do nosso PIB, de acordo com dados do Sebrae. Diante da importância desses negócios, a nossa coluna vai destarcar mensalmente a história de um empreendedor. Afinal, por trás de todo esse sucesso de movimentação da economia brasileira estão pessoas com histórias de superação e de muita criatividade. O primeiro deles será o recifense Douglas Travassos, que ao lado da esposa Camylla Travassos, ele administra o Temaki do Biu, restaurante especializado em comida oriental, e a Doglândia, um pequeno hotel para pets.

Com a infância na Comunidade do Bode, na zona sul do Recife, Douglas começou a trabalhar muito cedo, entre 9 e 10 anos. O seu primeiro “negócio” era ir para o centro da cidade comprar material nas épocas de festa para vender na comunidade. “No carnaval eu comprava a cartela de tatuagens de adesivo recortava e vendia a unidade, chapa de vampiro, máscara de papel, colar havaiano. Depois no São João, pegava caixote de madeira e fazia uma casinha revestida com papel crepom, nela revendia fogos e no final de ano passava de porta em porta oferecendo cartão de natal, o mais vendido era o musical”, lembra.

Na sua trajetória ainda infantil, a necessidade familiar o levou a vender picolé na praia, carregar frete nos mercadinhos em carrinhos de madeira que ele mesmo construía, consertar bicicleta e já adolescente começou a revitalizar prancha de surf com um amigo. Mesmo quando começou a trabalhar numa fábrica de pilhas, aos 16 anos, ele não parou de empreender. Até montar uma pequena mercearia no seu bairro, ele vendeu camarão na porta da fábrica, fez montagem e manutenção de computadores, entre outros pequenos negócios.

“Em 2012 junto com um amigo abrimos uma confecção, fabricávamos camisas e bermudas voltadas para surfistas, após acabar a sociedade, comprei o maquinário e comecei a produzir camisas em casa sob demanda. Aprendi a cortar sozinho e minha mãe costurava. Já com minha esposa tivemos uma linda loja em Boa Viagem de roupas e acessórios para bebe, vedemos roupas porta porta, tivemos uma self service de açaí e sorvete, uma cafeteria, restaurante de comida natural e, por último, uma temakeria e um hotel para cachorro, que são os nossos negócios atuais”, conta Douglas Travassos.

Na pandemia, o e-commerce ganhou uma força a mais nos seus negócios. “Até o ano passado nunca tinha usado o e-commerce, mas quando estudante (2004-2008) o curso todo os professores falavam sobre essa modalidade de vendas. Inclusive desenvolvíamos ferramentas e trabalhos. Fui consultor Jr e trabalhávamos muito com e-commerce, mas após conclusão do curso tinha descartado qualquer possibilidade de trabalhar com as vendas digitais. Em 2019 escolhi repassar um pouco de minhas experiências através de palestras e mentorias, como estratégia e para gerar mais autoridade. Comecei a ensinar na graduação e pós na área de negócios, aqui lancei cursos online e palestras sobre Mindset do dinheiro e ministrei cursos sobre investimentos para iniciantes. Em paralelo fiz um curso de vendas pela internet e comecei o delivery de forma planejada e estratégica inclusive experimentando o tráfego pago para promoção e vendas dos produtos”.

Antes da pandemia, Douglas tinha criado um restaurante de comida natural que dependia exclusivamente das vendas presencial e de um público muito limitado, em que 90% dos clientes eram funcionários públicos que trabalham no seu entorno. Ele conta que o negócio já estava nas plataformas de vendas online, entretanto ele só representava menos de 10% do faturamento. Com a chegada do coronavírus e o fechamento presencial do restaurante tudo começou a mudar.

“Com o restaurante quase fechando e com dívidas, no meio da pandemia decidimos abrir uma temakeria no espaço ao lado que antes servia como depósito. Iríamos ficar com os dois tipos de cozinha e fazer um espaço com dois ambientes, não poderia deixar a comida natural de lado, pois já tínhamos um público fidelizado e que matinha os custos do negócio funcionando. Os restaurantes estavam proibidos de ateder presencialmente, mas as vendas online estavam acontecendo. Em maio decidimos criar um perfil no Instagram novo e pedimos para nossos amigos compartilharem. Em junho, no primeiro dia do novo negócio, apenas com as divulgações no Instagram e WhatsApp, as vendas online faturaram o dobro do restaurante que tínhamos há dois anos. No fim da noite eu pensei que esse era o negócio certo e imediatamente decidir fechar o restaurante de comida natural e ampliar a temakeria. Hoje revertemos o quadro anterior e as vendas online representa 93% do faturamento”, relata.

“Hoje revertemos o quadro anterior e as vendas online representa 93% do faturamento”

Hoje o restaurante adotou um atendimento direto através do whatsApp. “Acredito que é mais humano, gosto do contato com o cliente para entender sua necessidade, acolher suas reclamações e responder de forma imediata sem qualquer ruído posterior. Já a partir do segundo contato passamos a chamar o cliente pelo nome, no seu cadastro sabemos o dia de seu aniversário e parabenizamos com palavras sinceras e mensagens feitas exclusivamente para ele”.

Além da temakeria com cozinha japonesa e chinesa, o casal dirige um hotelzinho para pets com serviços veterinários, petshop, banho e tosa e parceria com adestradores. E Douglas ainda mantém um pé em um dos seus primeiros negócios, pois segue produzindo camisas em quantidade sob demanda.

Perguntamos para ele que aprendizado dos seus primeiros empreendimentos ele traz para o atual?

“Quando criança comecei a empreender para comprar coisas que suprissem minhas necessidades imediatas, então eu vendia os objetos para lanchar, brincar, sair, comprar roupas, prancha, chuteiras etc. Isso gerou em mim um espirito empreendedor, mas por outro lado alguém totalmente desorganizado, sem planejamento, controle ou metas. Eu não empreendia visando o crescimento, nunca olhei para o longo prazo, por isso nunca me importei em estar em vários negócios, tudo que eu queria era o momento. Caso eu tivesse instrução quando criança, educação financeira ou qualquer tipo de orientação poderia estar em um patamar muito maior, mas na comunidade a realidade é outra e as coisas não acontecem como fora dela. Em todos esses anos empreendendo, aprendi que o mais importante é ter empatia, se colocar de forma profunda no lugar do cliente, assim você saberá exatamente o que ele espera, seja no produto ou no atendimento”.

– Temaki do Biu – instagram @temakidobiu telefone e whatssap (81) 99789-0124 –  Ifood – Temaki do Biu
– Doglândia – integram @doglandiahotel telefone e whatssap (81) 99675-6525

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