Exames Em Excesso Preocupam Especialistas: Saiba Por Que O Diagnóstico Demais Também Faz Mal - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco
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Jademilson Silva

Exames em excesso preocupam especialistas: saiba por que o diagnóstico demais também faz mal

Médico Sormane Britto é especialista em healthtech e inovação

Em janeiro, muita gente segue o mesmo ritual: aproveitar as férias, pesquisar promoções, resolver a lista de material escolar das crianças e desfrutar de um trânsito mais leve nas cidades. Com dias menos corridos, esse também costuma ser o momento escolhido para colocar a saúde em dia e realizar exames que foram adiados ao longo do ano. Há quem aproveite com equilíbrio e planejamento, mas também existe o grupo que passa os doze meses pedindo ao médico testagens em excesso, motivado por ansiedade, excesso de informação ou pela crença equivocada de que saúde é sinônimo de “fazer mais exames”. Essa corrida por diagnósticos tem levantado preocupações entre especialistas e escancarado um fenômeno que cresce em todo o mundo: o diagnóstico excessivo.

Vivemos uma era de avanços impressionantes na medicina: exames cada vez mais sensíveis, inteligência artificial aplicada à detecção precoce e monitoramento contínuo da saúde. Mas, em meio a tanto progresso, surge um alerta importante: o overdiagnosis, ou diagnóstico excessivo. O termo se refere à identificação de doenças ou alterações que provavelmente nunca causariam sintomas ou riscos reais à vida. Ou seja, o indivíduo passa a carregar o rótulo de “doente” sem que isso represente uma ameaça concreta.Para o médico e especialista em healthtech e inovação, Sormane Britto, esse fenômeno é um dos maiores desafios da saúde moderna: "A tecnologia nos dá ferramentas poderosas, mas, quando usada sem critério, transforma pessoas saudáveis em pacientes. Isso gera impactos emocionais, físicos e financeiros reais".

As repercussões incluem tratamentos desnecessários, efeitos colaterais evitáveis, sofrimento psicológico e desperdício de recursos, tanto pessoais quanto do sistema de saúde. Além disso, o overdiagnosis costuma vir acompanhado do overtreatment, ou seja, o sobretratamento decorrente de achados irrelevantes. Britto reforça que a tecnologia precisa ser aliada da precisão, não do exagero: “Inovar não é detectar mais, é detectar melhor. Dados inteligentes, interpretação crítica e um olhar clínico humanizado são essenciais para um cuidado equilibrado".

A busca crescente por exames por parte dos pacientes — muitas vezes motivada por ansiedade, excesso de informação ou pela ideia equivocada de que “saúde é fazer check-up constantemente” — alimenta ainda mais o cenário de overdiagnosis. Segundo Sormane Britto, isso tem criado um ciclo perigoso: "Exames sem indicação adequada aumentam a chance de encontrarmos alterações que nunca fariam mal algum. A pessoa procura segurança, mas acaba levando para casa uma preocupação desnecessária”. Os números confirmam o comportamento. Dados recentes mostram que os planos de saúde realizaram mais de 1,18 bilhão de exames ambulatoriais em 2024. Em média, cada beneficiário passou por 22,9 exames no ano, um volume que levanta dúvidas sobre a real necessidade de tantos testes. E as consequências chegam até o bolso. A sobrecarga de procedimentos eleva os custos das operadoras e pressiona o reajuste das mensalidades dos planos de saúde, que repassam os gastos crescentes a todos os beneficiários.

Para Britto, a solução está no equilíbrio: “O desafio não é fazer mais exames, mas fazer os exames certos. Quando o uso racional prevalece, ganham o paciente, o médico e o sistema de saúde”.

  • Diagnóstico excessivo (overdiagnosis): identificação de alterações que nunca causariam sintomas ou risco real.
  • Prejuízos emocionais: ansiedade, estresse, sensação de doença inexistente.
  • Prejuízos físicos: procedimentos invasivos desnecessários, efeitos colaterais de tratamentos.
  • Prejuízos financeiros: aumento dos custos para pacientes, planos de saúde e sistema de saúde.
  • Sobretratamento (overtreatment): intervenção exagerada motivada por um diagnóstico irrelevante.
  • Causa comum: realização de exames sem indicação adequada.

Entre medos, protocolos e excesso de zelo, o desafio é encontrar o ponto de equilíbrio. Mais do que colecionar exames, médicos lembram que a saúde depende de acompanhamento contínuo, escuta qualificada e decisões baseadas em evidências e não apenas em check-ups extensos.

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