Indústria e infraestrutura puxam retração, enquanto comércio atacadista é destaque positivo no cenário desafiador para pequenas e médias empresas
As pequenas e médias empresas brasileiras (PMEs) iniciaram 2025 em ritmo de retração, segundo o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs). No primeiro trimestre do ano, o faturamento médio dessas empresas caiu 1,2% em relação ao mesmo período de 2024, com queda ainda maior (-1,5%) na comparação com o último trimestre do ano passado. Trata-se do pior resultado do indicador desde o fim de 2021, refletindo o impacto da perda de dinamismo econômico e do aumento das incertezas internas e externas.
Os setores industrial (-5,8% YoY) e de infraestrutura (-3,3%) lideraram as retrações, sendo fortemente impactados pelo cenário macroeconômico adverso e pela elevação das taxas de juros, que penaliza especialmente segmentos com alta demanda de capital. Já o setor de serviços, que abriga o maior volume de PMEs no país, registrou estabilidade, com leve queda de 0,2%. Dentro do setor, o desempenho negativo de atividades como alimentação e serviços profissionais foi parcialmente compensado pelo avanço de segmentos como informação, transporte e atividades financeiras.
O comércio foi o único setor que cresceu no trimestre, com alta de 7,9% no faturamento das PMEs. Esse resultado, no entanto, esconde contrastes: enquanto o comércio atacadista teve crescimento expressivo de 10,2%, o varejo recuou 1,3%. Entre os destaques positivos estão os atacadistas de bebidas, resinas e resíduos recicláveis, e, no varejo, setores como medicamentos veterinários, livros e equipamentos de escritório mantiveram bom desempenho.
A análise regional revela a heterogeneidade do cenário: enquanto Sudeste (+0,6%) e Centro-Oeste (+2,5%) mantiveram expansão, as regiões Sul, Nordeste e Norte enfrentaram retrações de 3,5%, 3,5% e 10,4%, respectivamente. Para Felipe Beraldi, economista da Omie, “a queda do IODE-PMEs no primeiro trimestre de 2025 reforça a percepção de que este será um ano mais desafiador para a economia brasileira”, especialmente com o aumento das incertezas fiscais e o impacto da política internacional sobre a inflação e os juros.
Mesmo diante desse quadro, o economista destaca que o setor de PMEs tende a crescer em linha com o PIB nacional, cuja projeção gira em torno de 2%, segundo o Boletim Focus do Banco Central. A tendência representa uma desaceleração, já que nos últimos anos as PMEs vinham crescendo acima da média da economia brasileira.