O final de ano chegou, e mesmo sendo um ano atípico devido a pandemia causada pela COVID-19, as famílias já estão providenciando as ceias para comemorar o Natal. A época, propícia para consumo de alimentos calóricos associados a bebidas alcoólicas, costuma ser uma combinação não muito favorável para o fígado, que pode apresentar problemas.
Por ter essa característica silenciosa, essa parte do corpo humano pode mascarar uma doença que cresce em índices alarmantes: a esteatose hepática não alcoólica, também conhecida como gordura no fígado. "O mecanismo de acúmulo de gordura no interior das células do fígado é natural, utilizado para estocar energia, mas quando passa de um limite aceitável necessita de uma abordagem terapêutica. É importante pontuar que esse fenômeno não ocorre de maneira isolada, ele é resultado de outras anormalidades no organismo", afirma o médico radiologista Marcos Miranda Filho, da Lucilo Maranhão Diagnósticos.
De acordo com o Ministério da Saúde, 55,7% da população adulta do país apresenta excesso de peso e 19,8% está obesa, de acordo com a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). Apesar da obesidade ser a maior causa da esteatose, pessoas magras também podem ter um aumento de gordura no fígado, nestas ocasiões o sedentarismo e o consumo excessivo de álcool tornam-se os principais antecedentes; além de existir ainda a possibilidade rara de síndromes genéticas de erros no metabolismo do colesterol.
“O grande alerta é que 15% desses indivíduos podem evoluir para um quadro mais sério, a esteato-hepatite”, calcula Marcos Miranda Filho. Quando isso ocorre, o fígado torna-se refém de inflamações e lesões, dessa maneira não consegue trabalhar direito, sendo observado como aumento das enzimas hepáticas nos exames de sangue. Se não houver tratamento adequado, pode evoluir para cirrose e câncer.
A maioria dos pacientes não apresenta sintomas ou sinais nas primeiras fases da doença, porém em seu estado intermediário, eles poderão se queixar de dores abdominais, cansaço e fraqueza, além de barriga inchada e perda de apetite. O mais grave já em fases avançadas, porém, é que os principais sinais aparecem diretamente no fígado, por isso o paciente costuma apresentar hemorragias, tremores e confusão mental.
A boa notícia é que dá para intervir bem antes dessas complicações se manifestarem. Basta fazer um ultrassom para ter o diagnóstico e, a partir daí, iniciar uma terapia efetiva. “O pilar do tratamento é emagrecer por meio de mudanças na dieta e prática de exercícios, mas para isso a evolução tecnológica dos exames de imagem permite a possibilidade de detectar, caracterizar e acompanhar a doença”, resume Marcos Miranda.
Em geral, os exames de imagem costumam ser aplicados para estreitar a lista de diagnóstico e acompanhar a evolução dos pacientes, dessa maneira, eles auxiliam na avaliação da resposta ao tratamento e de suas complicações de maneira prática.