Dos dias 4 a 6 de dezembro, a Fundaj celebra os 120 anos do autor de ‘Casa-Grande & Senzala’ e os 100 anos do poeta de ‘Morte e Vida Severina’. Seminário internacional será realizado no Cinema da Fundação, campus Derby Para celebrar a memória destes autores e a atualidade de suas obras, a Fundaj realiza, entre os dias 4 e 6 de dezembro, o Seminário Internacional Casa-Grande Severina: 120 anos de Gilberto Freyre, 100 anos de João Cabral de Melo Neto. “O mundo que começa no
Recife, começa na Península Ibérica [que compreende a Espanha e Portugal], no continente europeu, e começa também na África. Os dois autores, em meio a suas aproximações e diferenças se voltam para este mundo, que é um mundo só”, reflete Mário Hélio.
Gilberto Freyre e João Cabral de Melo Neto são recifenses de gerações distintas. O primeiro nasceu em março de 1900. O segundo em janeiro de 1920. Na leitura atenta de suas obras, notam-se as convergências. No regionalismo inseparável da exaltação das raízes ibéricas. Na leitura crítica e estetizante da realidade brasileira. No humanismo. A obra de João Cabral é “magra”, pouco alcança duas dezenas de livros, onde predominam o verso elaborado com extremo rigor. A obra de Gilberto Freyre é “gorda”, alcançando mais de uma centena de livros da melhor prosa da língua luso-brasileira. Em 1933, o sociólogo Freyre publicou seu primeiro livro, o polêmico “Casa-Grande & Senzala”, cuja repercussão expôs os contrastes nos bastidores da formação social no Brasil colônia.
Duas décadas depois, o diplomata Melo Neto abordou as tragédias do povo sertanejo e personificou o Êxodo Rural da década de 1950 no visceral “Morte e Vida Severina” (1955). “O nome do evento é uma colagem destas obras importantes. A senzala desaparece ou os Severinos são da senzala? Há um jogo matreiro nisso”, provoca Mário Hélio. A programação do seminário contempla as participações de estudiosos dos pernambucanos, sessões de filmes, lançamentos e atividades lúdico-educativas. Dentre os destaques estão o escritor e professor de literatura brasileira da Universidade de São Paulo (USP), Ivan Marques, biógrafo de João Cabral, e Sônia Freyre, filha do sociólogo e presidente da Fundação Gilberto Freyre, que será a presidente de honra do evento.
PROGRAMAÇÃO COMPLETA
Dia 4 de dezembro de 2019
17h Abertura oficial pelo presidente da Fundação Joaquim Nabuco, Antônio Campos; o
diretor da Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte da FJN, Mário Hélio Gomes de
Lima; e a presidente da Fundação Gilberto Freyre, Sônia Freyre (Cinema da Fundação)
18h Exibição do filme Recife de dentro pra fora, de Katia Mesel, seguida de conversa com a
cineasta, sob o tema “Um olhar de cinema sobre a poesia de João Cabral” (Cinema da Fundação)
18h30 Abertura da exposição Educação pela pedra, pelo diretor da Dimeca, com a
presença do curador Moacir dos Anjos, e a equipe de Artes Visuais (Galeria Vicente do Rego Monteiro)
19h Conferência de abertura: “João Cabral na poesia portuguesa”, por Arnaldo Saraiva, professor da Universidade do Porto, Portugal (Cinema da Fundação)
Dia 5 de dezembro de 2019
9h Abertura de exposição de livros de e sobre Gilberto Freyre e João Cabral e início das atividades educativas (Sala de Leitura)
10h Palestra “Os meus encontros com Gilberto e João, entre licores, aspirinas e cafés”, pelo escritor Xico Sá (Cinema da Fundação)
11h Conferência “A pedra que lateja: considerado um poeta racional de versos de pedra, João Cabral arrasta emoções fortes em sua poesia”, pelo escritor José Castello (Cinema da Fundação)
12h Exposição/exibição de videoarte, do laboratório educativo, inspirada na temática da exposição Educação pela pedra (Sala de Videoarte)
14h Início das oficinas em torno de João Cabral de Melo Neto e Gilberto Freyre (Sala de Leitura, Ateliê das Artes e Pátio Interno)
15h Mesa-redonda sobre Gilberto Freyre em perspectiva comparada, entre os professores Nathália Henrich – “Sobre mestres e discípulos: as trajetórias entrecruzadas de Gilberto Freyre e Oliveira Lima” – e João Cezar de Castro Rocha: “Paralelas que se encontram: as escritas de Gilberto Freyre e José Lins do Rego”. (Cinema da Fundação)
15h30 às 17h Lançamento do livro infanto-juvenil O rio das capivaras, org. por Ana Carmen Palhares, e a apresentação do recital de textos da obra de Gilberto Freyre e João Cabral, pelo ator Carlos Mesquita e sua Literatrupe. (Sala de Leitura)
17h Conferência “Gilberto Freyre, plural e confessional”, pela escritora Fátima Quintas. (Cinema da Fundação)
17h45 Lançamento da nova edição do livro, versão em HQ, Morte e vida severina, e
exibição da animação infanto-juvenil de igual título, dirigida por Afonso Serpa, a partir do
poema de João Cabral e os desenhos de Miguel Falcão. (Cinema da Fundação)
19h Conferência “João Cabral de Melo Neto: os anos de formação”, pelo professor e crítico
literário Ivan Marques, biógrafo de João Cabral. (Cinema da Fundação)
20h Ciclo de filmes “Gilberto Freyre e os outros”: Giba e Gringa, de Félix Filho; Gilbertianas,
de Geneton Moraes Neto; e O Caseiro, de Jonathas Andrade. (Cinema da Fundação)
Dia 6 de dezembro de 2019
9h Atividades educativas (Sala de Leitura)
10h Exibição do filme O mestre de Apipucos, de Joaquim Pedro de Andrade. (Cinema da Fundação).
10h15 Mesa-redonda sobre Gilberto Freyre, as Espanhas e os Portugais, entre o professor Anco Márcio Tenório Vieira – “Camões, Freyre e o lusotropicalismo”- e o pesquisador Pablo González – “O itinerário hispânico de Gilberto Freyre. Novos achados na Espanha”. (Cinema da Fundação)
11h Conferência “Refazer o fio antigo que o fez. Sobre a fortuna crítica de João Cabral”, pelo escritor Cristiano Ramos. (Cinema da Fundação)
14h Oficinas em torno de João Cabral e Gilberto Freyre (Sala de Leitura, Ateliê das Artes e Pátio Interno).
15h Exibição do filme Recife/Sevilha, de Bebeto Abrantes. (Cinema da Fundação)
17h Conferência “Uma conversa na varanda com Gilberto Freyre”, pelo professor e escritor Joaquim Falcão, membro da Academia Brasileira de Letras. (Cinema da Fundação).
19h Conferência de encerramento “Marcas hispânicas na obra de Gilberto Freyre e de João Cabral de Melo Neto”, pelo escritor e tradutor espanhol Antonio Maura, diretor do Instituto Cervantes, do Rio de Janeiro.(Cinema da Fundação)