HC tem a maior taxa de captação de córneas para transplante em PE – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

HC tem a maior taxa de captação de córneas para transplante em PE

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Em 2018, 71 das 78 famílias acolhidas e entrevistadas pelos membros da Cihdott do HC autorizaram a doação das córneas do familiar falecido, representando 91% de consentimento. Tanto o número de entrevistas realizadas quanto o de autorizações têm crescido ano a ano. A Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott) do Hospital das Clínicas da UFPE apresentou a menor taxa de negativa familiar para captação de córneas para transplante de Pernambuco no ano passado: 9%. O índice é fruto do trabalho em equipe da comissão e servirá de modelo para outros hospitais, segundo a Central de Transplantes do Estado. O HC é unidade vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

Trabalho da equipe foi apresentado ao Colegiado Ampliado do HC

A sensibilização para a captação da córnea é realizada num momento difícil tanto para os familiares que estão vivenciando os primeiros instantes do luto quanto para os profissionais de saúde que têm a missão de acolher e entrevistar a família para tentar viabilizar a doação. “A gente oferece a possibilidade de a família saber que aquele parente pode doar as córneas e ajudar outras duas pessoas que estão precisando”, explica a coordenadora da Cihdott do HC, a médica intensivista Cláudia Ângela Vilela.

As córneas devem ser captadas até seis horas após o óbito, podendo se estender até 12 horas, desde que acondicionadas em geladeira até a quarta hora pós-morte. Os doadores devem ter de cinco até 75 anos e não possuírem fatores impeditivos, como sepse, neoplasias hematológicas e sorologia positiva de HIV, HTLV I e II e hepatite B e C, entre outros.

A evolução desses números ano a ano se deve a uma cultura implantada na Cihdott. “Realizamos a busca ativa acompanhando pacientes críticos, treinamento dos membros da Cihdott, residentes e demais profissionais do HC, a presença de uma psicóloga nos ajudando com estratégias de abordagem às famílias, o engajamento das equipes do necrotério, da Oncologia e das Enfermarias, além de projetos de humanização, como o “Beleza pela Vida” e o “Música para o coração e a alma”, que constroem vínculos e pontes com os pacientes e suas famílias. São tantas ações e fatores envolvidos que a pergunta sobre a autorização para doação é a última coisa que realizamos”, explica Cláudia.

APRESENTAÇÃO – A Cihdott e seus números foram apresentados durante reunião do Colegiado Ampliado do HC, destinada aos gestores do HC e contou com a participação da coordenadora da Central de Transplantes de Pernambuco, Noemy Gomes. “Vim parabenizar esse belo trabalho desenvolvido aqui. O HC tem a menor taxa de negativa de doação de córneas de Pernambuco: 9% (a média varia de 60% a 70%). É um número muito expressivo, um exemplo para toda a rede e será usado como um modelo a ser seguido. Além disso, há um belo trabalho de acolhimento às famílias que estão passando por um processo de perda e isso dá uma nova ressignificação da morte daquele parente contribuindo para a resolução do luto”, destacou Noemy Gomes.

O cuidado na abordagem à família sob luto foi salientado pela técnica de enfermagem Ana Tércia Amaral, da Cihdott. “O acolhimento humanizado de toda a nossa equipe é fundamental. As famílias doam as córneas e saem agradecidas daqui (do HC). É gratificante para eles e para nós porque cada doação favorece até duas pessoas que estão na fila de espera do transplante”.

“A cada entrevista a gente cresce e amadurece com a história das pessoas. Muitas vezes, conversamos por duas horas ou mais até realizar o pedido. E, às vezes, dependendo da situação (manifestação ainda em vida de não doação, convicção religiosa etc.), nem falamos sobre o assunto, mas levamos uma palavra de conforto, deixamos a família falar e desabafar”, relatou a técnica de enfermagem Rozélia Isna.

A Cihdott ganhou o reforço dos maqueiros que atuam no necrotério nos momentos em que a equipe da Cihdott não está no HC – a comissão atua de segunda até sexta-feira, das 7h às 19h. “A gente recebe a informação sobre o óbito e já comunica ao pessoal da Cihdott pelo grupo do Whatsapp e, algumas vezes, conversamos com a família com calma iniciando o assunto e fazendo a sondagem até a chegada da Cihdott ao hospital ou uma ligação de telefone para a família”, contou o maqueiro Bartolomeu do Nascimento.

O envolvimento da equipe do necrotério nessa ação é vista como inovadora pela alta gestão do HC como medida complementar na busca por mais doações de córneas. “Trazer essas soluções criativas é um dos papéis de um hospital universitário. Uma experiência simples, mas muito eficiente que pode servir de modelo para outros hospitais”, elogiou o superintendente do HC, Frederico Jorge Ribeiro.

A Cihdott do HC é composta pela coordenadora Cláudia Vilela, a enfermeira Elizabeth Amorim, a psicóloga Maria Gracinda e as técnicas de enfermagem Ana Tércia Amaral e Rozélia Isna.

O transplante de córnea é o procedimento de maior sucesso e o mais utilizado entre os transplantes teciduais em humanos. O transplante é indicado quando uma de suas características é perdida: transparência, curvatura ou regularidade.

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