Impeachment afeta as eleições do Recife?

O desgastante processo político que terminou com o afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff provocou manifestações em todo o País. Uma delas na capital pernambucana. Os impactos desse momento conflituoso nas eleições municipais é uma incógnita. Na acirrada disputa pela Prefeitura do Recife, o cenário não é diferente. Afinal, o impeachment contribui ou atrapalha a eleição de um candidato petista na cidade? Ex-prefeito, João Paulo, lidera as pesquisas, mas quase com um empate técnico com o atual, Geraldo Júlio (PSB).

A desconfiança sobre o desgaste do Partido dos Trabalhadores é tão grande que o número de candidaturas petistas às prefeituras reduziu em 35,5% em todo o Brasil. No País que tem 5.750 municípios, o partido está lançando 1.135 prefeituráveis,  a menor quantidade nos últimos 20 anos.

Na disputa pela principal capital do País, o desempenho do prefeito Fernando Haddad nas pesquisas de intenções de voto é sofrível, marcando menos de 10 pontos percentuais na preferência do eleitorado. A história no Recife tem algumas diferenças. Haddad sofre como todos os prefeitos em exercício pelo descrédito político do atual momento. Segundo pesquisa recém-publicada pelo Ibope, mais da metade dos brasileiros declararam a intenção de votar em candidatos de oposição (40%) ou que não votarão em ninguém (16%). Nesse cenário, os prefeitos em exercício são os candidatos preferidos de apenas 22% dos entrevistados. Esse fenômeno bate em Geraldo Julio (PSB) na capital Pernambucana.

“Embora a eleição municipal esteja muito próxima, ainda não está claro qual será o impacto do impeachment da ex-presidente Dilma na campanha de João Paulo a prefeito do Recife. De toda forma, é possível que o afastamento definitivo da presidente contribua decisivamente para unir o partido, suas lideranças e militância em torno da candidatura do partido. Por uma questão de sobrevivência, mas também porque todos os petistas locais devem estar sentindo a necessidade de reerguer o partido depois de tantos erros cometidos aqui e diante da crise nacional”, afirma o cientista político Túlio Velho Barreto.

Há um mês do primeiro turno, o sentimento do impeachment é um ingrediente a mais nesse cenário. Os apoiadores de Temer e alinhados aos partidos de direita ficaram satisfeitos com o resultado decidido no Congresso. Os petistas e seguidores dos partidos de esquerda estão em estado de luto. Mas para onde caminharão os indecisos? A justificativa técnica das pedaladas fiscais é suficiente para atrair esse eleitorado ou ele entrará no clima de vitimização de Dilma Rousseff, que comparou seu impedimento com o que ela mesma sofreu durante o período militar?

“Há ainda a possibilidade de usar uma certa vitimização da presidente Dilma Rousseff e da mobilização que, certamente, serão feitas a partir de seu afastamento definitivo do cargo. Por último, não estou certo que haverá uma nacionalização da campanha. E só isso afetaria (para o bem ou para o mal) a campanha petista local. Penso que a tendência é que a campanha seja realmente municipalizada, com temas locais e em cima de duas experiências distintas, as gestões de João Paulo versus a gestão de Geraldo Júlio. Até porque será uma campanha de “tiro curto”, sem muito tempo para os neófitos em disputas majoritárias ou sem experiência em cargos executivos”, afirma Túlio Velho Barreto.

O especialista em ciência política, Thiago Oliveira, sinaliza que há uma força petista na cidade que não pode ser desconsidera. “O Recife, na verdade Pernambuco como um todo, é um local onde o PT tem força. João Paulo, candidato petista, tem um histórico que poderíamos chamar de “bom de urna”. Somasse isso ao fato de que Geraldo Júlio vem sendo questionado pela população recifense, e não possui mais a figura do Eduardo Campos, ex-governador falecido em 2014, como principal “caco eleitoral”. Mas, não podemos negar que o PT teve a sua imagem arranhada desde que a presidente Dilma começou a fazer o oposto do que dizia em campanha eleitoral, e o seu processo de impedimento ganhou a simpatia de parte da população, incluindo seus eleitores, que se sentiram lesados. Particularmente, acredito que João Paulo vai perder os votos de quem é a favor do impeachment, que não vota na legenda do Partido dos Trabalhadores. O que resta saber é se esse número dos não votantes irá fazer com que ele sequer chegue ao segundo turno, ou se chegar, se irá perder”, pondera Thiago Oliveira.

 

 

 

 

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