Cativante. Não há melhor adjetivo que descreva Lady Bird, trabalho de estreia da diretora (e atriz) Greta Gerwig. O filme está entre os favoritos ao Oscar deste ano, com cinco indicações, entre elas, a de melhor filme.
À primeira vista, o longa tinha tudo para ser mais um exemplar do conhecido catálogo da Sessão da Tarde, tratando de assuntos como primeiro amor, perda da virgindade, crise com os pais e até a clássica ida ao baile de formatura. Mas Greta, que também escreveu o roteiro, consegue extrair originalidade de algo que poderia desandar para o lugar-comum.
Lady Bird trata, em sua essência, das relações de uma adolescente de personalidade forte em sua caminhada rumo ao amadurecimento. Tão cativante quanto a história é a protagonista interpretada pela excelente Saoirse Ronan, de O Grande Hotel Budapeste e Brooklin. Christine “Lady Bird” McPherson mora com os pais e o irmão em Sacramento, na Califórnia. Seu maior desejo é sair do lugar, sonho que pode ser concretizado com a ida para a faculdade em outra cidade. Enquanto isso não acontece, Christine segue seus estudos em um colégio católico, esbarrando suas convicções no conservadorismo da instituição, como na cena em que, durante uma palestra sobre aborto, questiona se, em determinadas situações, é realmente imoral escolher abortar.
A relação tempestuosa entre Christine e a mãe, Marion, é outro ponto forte da história. As duas personagens compartilham dores e frustrações característicos a um período marcado por escolhas que serão decisivas para o futuro da jovem (em qual faculdade estudar?) e outras não tão importantes (qual vestido comprar para ir ao baile?). Marion é interpretada por Laurie Metcalf, conhecida por viver na TV a mãe de Sheldon na série nerd The Big Bang Theory.
Não espere grandes pontos de virada ou um inesquecível clímax em Lady Bird. Na história, tudo acontece devagar, de forma despretensiosa, o que não impede a evolução da trama e dos personagens. Greta Gerwig consegue unir em seu primeiro trabalho características comuns a própria vida, como simplicidade e até incerteza. Boa opção, sem dúvida, não apenas para uma Sessão da Tarde.
Oscar – Indicações:
Melhor filme, Melhor Direção (Greta Gerwig), Melhor Roteiro Original, Melhor Atriz (Saoirse Ronan) e Melhor Atriz Coadjuvante (Laurie Metcalf).
Estreia: 15 de fevereiro