Mostra inédita de Antônio Poteiro na CAIXA Cultural Recife – Revista Algomais – a revista de Pernambuco
Notas do Sertão

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Geraldo Eugênio

Mostra inédita de Antônio Poteiro na CAIXA Cultural Recife

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A CAIXA Cultural Recife recebe de 4 de outubro a 3 de dezembro de 2017 a inédita exposição Poteiro, o Colorista do Brasil, que traz para o Nordeste 37 obras do pintor, ceramista e escultor português Antônio Poteiro. A curadoria é do crítico de arte e membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte (Abca) Enock Sacramento. A abertura da exposição tem entrada franca e acontece no dia 3 de outubro, às 19h30, com visita guiada de Américo Poteiro, filho de Antonio Poteiro. No dia 28 de outubro, às 11h, haverá uma palestra seguida de visita guiada com o curador da mostra, Enock Sacramento. A visitação à mostra é gratuita e pode ser feita das 10h às 20h de terça a sábado e das 10h às 17h aos domingos.

Dono de um repertório narrativo muito particular, Poteiro cruza, de forma inaudita, cenas religiosas do cristianismo com mitos indígenas e figuras do folclore, sempre embebido de intenso colorido. A mostra agrupa obras da coleção do instituto Antonio Poteiro em que o conteúdo narrativo já não importa tanto como os problemas formais que o pintor decidiu enfrentar no crepúsculo de sua existência.

Nascido numa aldeia do Minho, no norte de Portugal, Antônio Batista de Souza emigrou para o Brasil com um ano de idade, fixando-se inicialmente em São Paulo. Com oito anos, foi morar em Araguari (MG) cidade que ele chamou num de seus poemas de “terra da minha juventude”, “terra das cabeceiras”. Viveu em vários lugares, como Uberlândia, Ilha do Bananal, Nerópolis, exercendo, dentre outros, os ofícios de oleiro, ferreiro, cozinheiro, garçom, entregador de pães, pedreiro meia colher, cisterneiro. Mudou-se, finalmente, para Goiânia, onde voltou a trabalhar com o barro e, mais adiante, com as tintas, as telas e os pincéis. Morreu em 2010, na capital de Goiás, conhecido pelo nome de Antônio Poteiro e reverenciado como um dos maiores artistas do estado e do país.

Por tudo, Poteiro foi e é um grande artista. Transcende as definições com sua personalidade e sua produção tão singulares. A pintura do artista está entre as mais importantes do país. De origem humilde, Poteiro conseguiu, graças a seu talento esforço, reconhecimento do mercado de arte na maturidade. Como artista, primou pelo colorido. Pode-se dizer como Paul Klee: “A cor apoderou-se de mim; não tenho mais necessidade de persegui-la”. Esta qualidade faz da pintura de Poteiro um regalo para a vista, um deleite para o espírito. Ele nos entrega uma pintura que encanta pela beleza, que é a promessa de felicidade de que nos fala Stendhal, algo “que ensina as luzes a brilhar”, na expressão de Shakespeare.

O curador da exposição, Enock Sacramento, propõe uma questão àqueles que visitarem “Poteiro, o Colorista do Brasil”: “De onde vem a potência da pintura de Poteiro, considerado um gênio da arte brasileira? Não vamos responder. Cada um que procure, no fundo das telas dele, a resposta. E se você descobrir, não conte a ninguém. Faça deste conhecimento o seu segredo.”.

Sobre o Artista:
Nascido numa aldeia de Braga, Portugal e radicado em Goiás, fazia cerâmica utilitária antes de conhecer o pintor Siron Franco, que o incentivou a dedicar parte de seu tempo à pintura. Inicialmente classificado como naïf, Poteiro logo seria reconhecido pelos críticos como um pintor de rara inteligência visual.
Franciscano, despojado – sempre descalço e com uma barba de ermitão –, ele passou uma temporada entre os índios, assimilando as lendas dos primeiros habitantes do País.

Poteiro iniciou seu trabalho com o barro, fazendo potes e vendendo-os para terceiros. Realizou inúmeras exposições nacionais e internacionais. Participou duas vezes da Bienal Internacional de São Paulo (1981 e 1991), da Biennalle Internazionale “NAIF”, Cittá di Como, Itália (1976) e da V Bienalle Internazionale “NAIFS”, entre Fiera e Lombardia, Itália (1980), da III Bienal de Havana, Cuba (1989), da III Bienal de Artes de Goiás (1993) e da Bienal Brasileira de Arte “NAIF”, SESC Piracicaba (1994).

Em 1983 foi produzido o documentário Antônio Poteiro: o Profeta do Barro e das Cores, dirigido por Antônio Eustáquio. Em 1985 recebeu o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA1984) na categoria escultura. Em 1987 recebeu a comenda Ofiacialato da Ordem do Mérito, concedida pelo governo português. Um novo documentário sobre o artista foi produzido por Ronaldo Duque em 1991.

Em 2010, falece por parada cardíaca, depois de mais de vinte dias internado no Hospital Jardim América, em Goiânia, onde vivia desde 1955.

Serviço:

Exposição “Poteiro, o Colorista do Brasil”
Local: Caixa Cultural Recife – avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife, Recife/PE
Período: de 04 de outubro a 03 de dezembro de 2017
Abertura: 03 de outubro de 2017, com visita guiada com Américo Poteiro (filho de Antonio Poteiro)
Telefone: (81) 3425-1915
Entrada gratuita
Visitação: de terça a sábado, das 10h às 20h. Domingo, das 10h às 17h.
Palestra com o curador: 28 de outubro, às 11h. Entrada gratuita com senhas distribuídas às 10h.

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