Novembro Azul: Apenas 3 A Cada 10 Homens Fazem Check-up E Somente 40% Realizam Todos Os Exames Pedidos Pelo Médico - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco
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Jademilson Silva

Novembro Azul: apenas 3 a cada 10 homens fazem check-up e somente 40% realizam todos os exames pedidos pelo médico

A aversão dos homens a cuidar da própria saúde de modo preventivo e regular é uma conduta histórica constatada diariamente do consultório às pesquisas e reflete aspectos culturais baseados na associação equivocada entre virilidade e infalibilidade do organismo - a doença é percebida como fraqueza, um abalo à masculinidade. A distorção tende a atrasar o zelo com corpo, o rastreio recomendado pelos médicos e os tratamentos para doenças identificadas em fase avançada por ausência de exames no tempo correto - como o câncer de próstata, no foco de conscientização do Novembro Azul. O comportamento procrastinador costuma ser interrompido apenas com o surgimento de sintomas e contrasta, de forma contraditória, com o medo de desenvolver problemas graves detectáveis por avaliações de rotina - dois traços alarmantes flagrados em um levantamento recente do Ipsos-Ipec sobre a saúde masculina.

A pesquisa identificou reflexos dessa conduta temerária na negligência com as consultas de retorno aos médicos para apresentar os exames solicitados pelo profissional de saúde - um em cada cinco homens da Região Metropolitana do Recife (RMR) admitiu ter deixado de regressar ao atendimento para mostrar os resultados das avaliações de imagem ou laboratoriais. “É um dado preocupante porque os médicos precisam analisar os exames para saber o real estado de saúde dos pacientes. Essa falta pode agravar um quadro e dificultar a implementação de um tratamento até mais simples, se a doença for descoberta em estágio inicial”, observa o radiologista e presidente da Sociedade Pernambucana de Radiologia, Fernando Gurgel, área determinante para o diagnóstico do câncer de próstata.

O levantamento apontou como preocupação prioritária dos homens justamente o receio de ter câncer (49% ), ao lado de sofrer de uma doença limitadora (52%) e, depois, ter um AVC (37%). O temor, no entanto, não se traduz em ação para minimizar os riscos, como identifica a sondagem realizada com quase 2 mil pessoas também nas regiões metropolitanas de Belém, do Rio de Janeiro, do Distrito Federal e em São Paulo. Boa parte dos homens (39%) afirmou só procurar um médico quando apresenta sintomas (32%), contra 34% habituado a fazer check-up pelo menos uma vez ao ano (30% ). A situação abre brecha para um outro indicador preocupante relativo ao câncer da próstata, neste Novembro Azul: 48% dos entrevistados não têm ciência do potencial de malignidade da doença, um dos tipos mais letais dos cânceres entre os homens.

A evolução tecnológica tanto no mapeamento quanto na abordagem do câncer de próstata pode ajudar a mudar esse quadro e ampliar uma confiança apontada pela pesquisa em relação à cura do problema - 58% dos homens acreditam na possibilidade de vencer a doença se a identificação ocorrer de forma precoce, uma condição capaz de levar a mais de 90% o patamar de sucesso dos tratamentos.

A inteligência artificial, por exemplo, aprimora a capacidade de gerar precisão nos exames e diminuir as intervenções invasivas ou desconfortáveis responsáveis, muitas vezes, por inibir a procura por ajuda pelos pacientes. A biópsia transperineal reduz o risco de infecção porque evita o contato com o canal retal, uma área colonizada por bactérias inevitavelmente introduzidas na próstata durante o procedimento. A técnica proporciona mais segurança e atenua os tabus associados ao receio de sequelas no trato urinário e sexual e à invasibilidade do exame.

A conscientização dos pacientes através dos recursos informativos e da popularização de procedimentos aperfeiçoados pelo uso da tecnologia é fundamental, vale frisar, para reduzir a desconfiança e o receio de lidar com essas doenças características típicas do universo masculino. “Quanto mais a conscientização ocorre, maior a busca por cuidados preventivos e, claro, a adoção de tratamentos para debelar situações em estágio inicial. A evolução por conta da negligência pode levar a consequências graves, com sequelas ou mesmo a morte”, observa Fernando Gurgel.

A reversão desse cenário é essencial para ampliar o cuidado, prevenir o agravamento da doença e criar uma compreensão coletiva sobre o verdadeiro impacto do câncer - sobretudo de próstata - e a necessidade de cuidados regulares entre a população masculina. A doença é a segunda causa de morte por câncer entre homens no Brasil e no mundo, com estimativa de mais de 70 mil casos no triênio 2023-2025, de acordo com Instituto Nacional do Câncer (Inca). A enfermidade se caracteriza pelo crescimento anômalo da glândula da próstata, localizada abaixo da bexiga, e é rastreada através de exames de toque, de sangue (PSA) e por biópsia (a partir de alterações percebidas em outras avaliações).

Helio Pinheiro
O médico Hélio Pinheiro informa que o tratamento da dor não pode ser negligenciado nos pacientes de câncer de próstata

O médico especialista em dor e acupuntura, Helio Pinheiro, diretor da Intrador, no Recife, chama atenção para um aspecto muitas vezes deixado em segundo plano no tratamento do câncer de próstata: o controle da dor. Em estágios mais avançados, especialmente quando há metástases ósseas, a dor se torna um dos sintomas mais incapacitantes, impactando diretamente o bem-estar físico e emocional do paciente.

“Tratar o câncer não é apenas combater o tumor, mas cuidar do paciente de forma geral. A dor não pode ser vista como algo inevitável, pois ela precisa ser avaliada e tratada com a mesma atenção dada às outras etapas da doença”, afirma Helio Pinheiro. Para ele, o manejo da dor é fundamental para melhorar o humor, o sono, o apetite e até a resposta do organismo aos tratamentos oncológicos.

O especialista explica que abordagens integrativas, como a acupuntura e a neuromodulação periférica, têm apresentado resultados promissores na redução da dor e na melhora da qualidade de vida de pacientes oncológicos. “A acupuntura estimula a liberação de substâncias analgésicas naturais e ajuda a regular a resposta do sistema nervoso, proporcionando alívio mesmo em casos de dor crônica”, observa.

Estudos apontam que mais de 60% dos homens com câncer de próstata avançado relatam dor moderada ou intensa, e que o acompanhamento por uma equipe multidisciplinar — com oncologistas, fisioterapeutas e especialistas em dor — é essencial para garantir um tratamento mais eficaz e humanizado. “Neste Novembro Azul, é importante lembrar que cuidar da dor é cuidar da vida. O tratamento completo vai além da cura: ele busca devolver dignidade, autonomia e qualidade de vida ao paciente”, reforça Helio Pinheiro.


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