A continuação de uma crônica bem-humorada para quem permanece acreditando no amor
Por Manu Siqueira
Sete meses. A vida passa rápido, não é mesmo? Eu pisquei os olhos e já faz sete meses que me mudei. A nova casinha é pequena, sem área de serviço e, portanto, sem espaço para uma máquina de lavar e secar roupas. Por isso, aos fins de semana, andei me aventurando a lavar minhas roupas na casa da minha mãe. Que tarefa cansativa! É um tal de separar roupas, lavar, estender, recolher, trazer para casa, estender de novo, dobrar, guardar. Ufa! Até que descobri as lavanderias self-service. Aqui, na zona norte, onde moro, tem uma praticamente em cada esquina. O esquema é simples. Você paga um determinado valor por um cesto de roupas, coloca na máquina, espera meia-hora e pronto! Roupas limpas e cheirosas sem gastar energia elétrica, sabão e amaciante. Ainda tem a opção de secar e já levar a roupa pronta para ser guardada.
Em algumas lavanderias, existem mesas e cadeiras, caso a pessoa precise trabalhar ou usar o computador enquanto espera a lavagem. Em várias idas à lavanderia que frequento, iniciei conversas com algumas pessoas, mas um detalhe me chamou a atenção: muitos homens usam o serviço. Talvez pela praticidade e rapidez. É muito comum encontrar ainda jovens viajantes que usam as lavanderias para dar um “grau” nas roupas. Encontrei vários homens 40+ usando esses serviços também.
Uma amiga me confidenciou que usa, estrategicamente, uma lavanderia que fica dentro de um hotel, em Boa Viagem, na zona sul do Recife. Aí não há receita melhor: turista + bate-papo + troca de telefones. Alguns deram match e renderam alguns encontros, outros, somente uma conversinha fiada mesmo. Achei interessante o relato dela. Comigo, só conversas mesmo. Superficiais. Mas também quem pensa em flertar em uma lavanderia? E eu te digo: você! Neste exato momento! Pois, acredite: não existe lugar certo para paquerar, e sim, a circunstância certa.
Meu pai amava um filme chamado “Ensina-me a viver”. Assisti diversas vezes. É uma película de 1971 e conta a história de uma mulher de 79 anos e de um jovem, de 20, que se conhece em um funeral. Não vou dar spoiler aqui, mas é um filme lindo que tem um ensinamento precioso sobre o amor e a efemeridade da vida.
E sobre as oportunidades da vida, há duas semanas cheguei de viagem. Estive com amigas queridíssimas em Brasília, lugar que aprendi a amar, por amar pessoas que vivem lá. Embarquei com uma mala pequena e uma mochila. No avião, no compartimento após a minha fileira, pedi ajuda a um homem para colocar a minha mala, que estava bem pesada, no local correto. Ele, muito sorridente, me concedeu a gentileza. Trocamos sorrisos. Quem troca sorrisos hoje em dia, alguém sabe? Sentei duas fileiras à frente. Depois, me distraí, e não mais o vi.
- moço, se estiver lendo este artigo, gostaria de te agradecer a gentileza pessoalmente, tá?
Vai que dá certo, né?
Sim! Me descuidei um segundo e deixei o flerte escapar. É raro, mas acontece muito comigo.
Ah! Quase ia esquecendo. Ano passado eu celebrei o casamento de vizinhos que se conheceram em plena pandemia. Por isso, a partir de hoje, pode ficar de olho nos vizinhos, tá? E não precisam ser os seus, necessariamente. Podem ser os vizinhos dos seus irmãos, da sua mãe, da sua melhor amiga. Importante lembrar aqui também que, em vários condomínios há lavanderias de uso coletivo para os condôminos. Imagina flertar com o seu vizinho enquanto ele observa a sua calcinha centrifugar? Já pensou que cena incrível?
Agora falando sério: muito mais importante que um point da paquera no Recife, é você estar aberta e receptiva para os flertes. Afinal, quando as peças de roupa limpa e cheirosa se encaixam perfeitamente, não há mais espaço para a “roupa suja” permanecer. E, de vez em quando, é bom namorar debaixo das cobertas. E se o edredom tiver o cheirinho de Comfort ou Downy, melhor ainda.
*Manu Siqueira é jornalista (mmsiqueira77@yahoo.com.br)