Ademilson Saraiva, Assessor Econômico da Fecomércio-PE, foi um dos entrevistados para a reportagem da semana da Algomais em que tratamos da economia movida pelo Carnaval. O economista destacou que o Estado estima um volume de faturamento de R$ 263,7 milhões apenas nos segmentos de ‘alimentação e bebidas’, ‘transporte de passageiros’ e ‘hospedagem’.
Qual a expectativa de crescimento da movimentação econômica em relação ao ano passado no carnaval? Já atingimos ou passamos dos patamares pré-pandemia?
O Carnaval traz grande expectativa para as atividades turísticas, mas também para o comércio varejista e serviços de cuidados pessoais, que concentram grande número de pequenos negócios com tendência a se beneficiar durante a festividade. Para alguns pequenos empreendedores, trata-se tradicionalmente de um período de oportunidade para garantir um volume significativo de vendas e prestação de serviços no primeiro trimestre.
Mesmo diante da conjuntura econômica que vivenciamos, com alto grau de endividamento das famílias, a expectativa é otimista. Por outro lado, ainda não se espera que o volume de negócios volte a se equiparar com o observado no pré-pandemia. Considerando as atividades típicas do turismo, como ‘alimentação e bebidas’, ‘transporte de passageiros’ e ‘hospedagem’, a CNC estima que o volume de faturamento alcance R$ 263,7 milhões em 2023, contra R$ 301,1 milhões realizados em 2020, no Carnaval sem as restrições de circulação causadas pela pandemia. Não se trata de um montante que represente o potencial do período carnavalesco em termos de comercialização de produtos e serviços turísticos em anos anteriores, mas já é o segundo ano de recuperação do volume de negócios para essa temporada do ano.
Quais os principais segmentos do setor impactados pelo carnaval?
Além das atividades turísticas já mencionadas, destacam-se em termos de oportunidade os micros e pequenos negócios nos segmentos de embelezamento e cuidados pessoais – como perfumarias, cosméticos, maquiagem, penteado e manicure – de de confecções – incluindo adereços e customização de vestuários. Essas atividades movimentam também uma massa de micros empreendedores que, mesmo informalmente, levam um impacto relevante em termos de geração de renda para comunidades menos favorecidas, sobretudo na Região Metropolitana, aproveitando a venda de adereços, alimentos e bebidas nos eventos de rua, que devem retomar com muita força em 2023. Com uma renda mais restrita esse ano, muitos foliões estarão menos propensos ao gasto, mas não deixarão de consumir durante os eventos.
No Estado, além do Recife e de Olinda, que tem um foco nas festividades carnavalescas, quais as cidades ou regiões que também tem previsão de maior aquecimento econômico?
Isso, porque o carnaval pernambucano é bastante reconhecido por sua diversidade cultural e grande variedade de estilos musicais, além de ser favorecido pela atratividade das praias na Região Metropolitana do Recife (RMR). A expectativa do segmento hoteleiro para a RMR é otimista. Mas, outros polos carnavalesco do estado, no interior, podem atrair atenção especial de um nicho de foliões locais, principalmente daqueles que preferirem curtir o feriado com aglomerações menores, se comparadas ao Carnaval de Recife e Olinda. Entre esses outros polos no interior, destaca-se a oferta de atrativos culturais e ambientais diferenciados, incluindo um clima mais ameno, a exemplo de Garanhuns e Triunfo.
Esse será o primeiro carnaval com menos restrições sanitárias, devido a Covid. Quais as principais mudanças no comportamento do consumidor e até na estrutura dos prestadores de serviço do último carnaval sem o coronavirus para o atual?
Sobre esse aspecto, é importante destacar que a retomada do carnaval é uma grande oportunidade para reacender a economia local e para celebrar a vida após um período tão desafiador, mas é também importante que as medidas de higienização e, na medida do possível, de proteção contra a disseminação do vírus, ainda faça parte do cotidiano durante as comemorações. É necessário, sobretudo, estar atento a sintomas, testar e proteger os outros, além de a si mesmo, em caso de um resultado positivo. O avanço da cobertura vacinal reduziu o risco de casos graves, mas as variantes em circulação têm grande transmissibilidade, o que pode demandar atenção das autoridades da saúde no pós-carnaval. Por outro lado, do ponto de vista dos prestadores de serviços, os empresários do setor já se mostraram capazes de realizar essa retomada de forma responsável e segura para os foliões e o Carnaval 2023 tem potencial para ser um sucesso no estado.