O etanol injustiçado - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

O etanol injustiçado

Revista algomais

*Por Jorge Cavalcanti de Petribu

Diariamente a mídia de todo o mundo aborda sobre a importância do meio ambiente para nossa vida e pouco ou quase nada se fala sobre o renovável e limpo etanol. Dentre as nossas diversas necessidades naturais a mais essencial é o ar que respiramos, diferentemente da água e dos alimentos, dele não podemos prescindir por mais de alguns minutos e mesmo assim por sua natural abundância, relevamos a sua importância e o etanol pode vir a ser um excelente vetor de reparação para esse maltratado e indispensável bem.
Um veículo movido a etanol equivale a cinco veículos movidos a gasolina, portanto podemos diminuir a emissão de gases em 80% por cento o que significa reduzir a fonte poluidora da frota para 20% da atual, caso todos os veículos da cidade passassem a usar o etanol, haja vista que os Estados Unidos iniciaram um programa de uso desse produto como aditivo ao querosene de aviação com intuito de diminuir em 10% a poluição do ar causada pelos aviões a jato.
O mais impressionante é que a indústria de produção do etanol tem um balanço ecológico positivo, isto é, produz em toda sua cadeia produtiva, uma quantidade bem maior de oxigênio do que emite de CO2 para a atmosfera, fato incomum para o setor industrial.
Mesmo com todos esses atributos o etanol é comparado injustamente com a gasolina unicamente pelo preço, sempre utilizando um depreciativo parâmetro de valor de 70% em comparação a este seu concorrente poluente, quando deveria ser tratado como um produto prêmio. Além do mais não é verídico afirmar que o consumo da gasolina seja equivalente a 70% do etanol, pois com as novas tecnologias já existem veículos a etanol com equivalência de até 82%.
É muito fácil defender as diferenças entre os dois produtos, pois a gasolina vem do petróleo responsável por vários acidentes ecológicos ao redor do mundo inclusive no Brasil, enquanto o etanol é usado com produto esterilizante e que reage com a água em caso de um acidente, não deixando qualquer resíduo tóxico para a natureza. É um produto limpo que serve como matéria-prima para vários produtos potáveis.
Muitos naturalistas pregam o consumo de produtos orgânicos que consideram mais saudáveis mesmo que custem bem mais caro, enquanto que na hora de abastecer o seu veículo optam por um produto cinco vezes mais poluente para não pagar um pouco mais.
Sem querer buscar um responsável por essa distorção, acho que as companhias petrolíferas têm alguma responsabilidade por essa desinformação, uma vez que ganham muito mais com a comercialização dos derivados de petróleo do que com derivados orgânicos como o etanol.
Uma solução para ganhar a simpatia do setor e baixar o custo do etanol seria permitir a comercialização direta dos produtores com os postos, os quais seriam tratados como franqueados das distribuidoras pagando um royalty pelo uso do nome, do marketing, da fiscalização da origem, etc. assim as distribuidoras poderiam incluir como royalty todos os seus custos bem como o lucro tão necessário para o crescimento das empresas estimulando-as a operar com o nosso ecológico combustível.
Sem dúvida que a comercialização direta poderia gerar algumas fragilidades de controle sobre a qualidade do combustível, uma vez que para baratear o custo do etanol os produtores passariam a entregar diretamente aos postos evitando o passeio de ida e volta do combustível às bases impossibilitando às companhias o controle de qualidade das cargas. Isso é um problema muito simples de resolver, pois existem empresas privadas idôneas, fiscalizadoras e certificadoras que, indicadas pelas distribuidoras, poderiam certificar os seus fornecedores atestando para qualidade do produto fabricado e entregue dentro dos critérios estabelecidos pelas distribuidoras, até mesmo com possibilidade de adicionar os aditivos recomendados e no caso específico dos postos autônomos chamados de “bandeira branca”. Estes também seriam obrigados a ter um convênio com uma certificadora e possuir um termo de fiscalização mensal.
Atitude ousada como essa criaria um novo conceito perante os produtores, obrigando-os a melhorarem seus controles e atualizarem suas certificações a fim de se credenciarem perante a todas as companhias distribuidoras, como de fato já é obrigatório para os fornecedores de açúcar para empresas como Coca-Cola, AmBev, Nestlé, Unilever e muitas outras empresas de ponta.
Sendo assim, ganha o meio ambiente, o consumidor, o produtor, o posto de serviço, o distribuidor, o Brasil e ainda acaba com a injustiça histórica com o nobre combustível renovável nacional.

*Por Jorge Cavalcanti de Petribu é empresário

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