Mulheres com câncer de mama metastático, a fase mais avançada da doença, quando tumores se manifestam em outros órgãos além da mama, não encontram no Sistema Único de Saúde todo o suporte necessário para lutar contra a doença. O acesso ao tratamento esbarra na ausência de medicamentos atualizados em relação aos avanços da medicina. Porém, essa situação pode finalmente mudar. A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC), órgão do Ministério da Saúde, abriu duas consultas públicas para ouvir a população a respeito da inclusão na rede pública de saúde de alternativas terapêuticas para pacientes com câncer de mama metastático do subtipo HER2+, uma variação agressiva do câncer de mama.
Uma das consultas abertas refere-se à inclusão do medicamento trastuzumabe para essas pacientes e a outra à inclusão dos medicamentos trastuzumabe e pertuzumabe para uso combinado com a quimioterapia padrão já disponível no SUS. Enquanto o trastuzumabe consta na lista de medicamentos essenciais da Organização Mundial da Saúde para enfrentamento do câncer no mundo todo, o pertuzumabe potencializa os efeitos desse tratamento e permite que pacientes controlem a doença por ainda mais tempo. De acordo com o estudo Cleopatra (2013), a quimioterapia oferecida pela rede pública de saúde pode oferecer cerca de 20 meses de vida às pacientes. A adição do trastuzumabe eleva esse tempo para 40 meses e o uso conjunto do pertuzumabe, por sua vez, a 56,5 meses de vida.
Atualmente, ambos os tratamentos já são oferecidos para pacientes que dispõem de convênios de saúde. Na rede pública, o trastuzumabe é hoje ofertado apenas para pacientes com câncer de mama em estágios inicial e localmente avançado, ou seja, antes de surgirem metástases.
O objetivo das consultas públicas é ouvir pacientes, familiares, amigos, cuidadores, profissionais de saúde, integrantes de ONGs, entre outras pessoas que convivem com o câncer de mama, para que emitam opiniões que auxiliarão na decisão do Ministério da Saúde sobre a oferta dos tratamentos na rede pública.
Nesse contexto, para fomentar o debate e contribuir para que as pacientes possam ter acesso igualitário aos tratamentos e a oportunidade de controlar a doença por mais tempo, a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA) lança a campanha #PacientesNoControle. A iniciativa lança luz sobre os desafios enfrentados por pacientes com câncer de mama metastático e pretende levantar o debate em diversos setores da sociedade, via redes sociais, portais e blogs, utilizando a hashtag #PacientesNoControle. A Federação acredita que quanto mais o assunto for abordado maior será a pressão pública para mudar o cenário ao qual as pacientes são expostas ao lutar contra o câncer.
Acesse o site da campanha para obter mais informações que evidenciam como as pacientes são afetadas pessoal, emocional, social e economicamente pela doença, a importância da inclusão dos tratamentos avaliados na rede pública de saúde, bem como orientações sobre o funcionamento da consulta pública.
A campanha também promove uma pesquisa destinada a mulheres que vivem com câncer de mama metastático sobre o impacto da doença e do tratamento em suas vidas. As respostas, anônimas, serão compiladas em um documento único a ser entregue à CONITEC para contribuir com a avaliação. Essa pesquisa conta com o apoio do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer, Instituto Oncoguia e Instituto Lado a Lado pela Vida. Se você for paciente com câncer de mama metastático, participe da pesquisa aqui.