Patrimônio: É preciso preservar o que é nosso - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Patrimônio: É preciso preservar o que é nosso

Revista algomais

*Por Rafael Dantas

A preservação dos monumentos, obras artísticas e prédios de grande valor histórico que formam o patrimônio material de Pernambuco é um desafio que enfrenta fatores naturais e humanos. Painéis de Brennand e esculturas de Abelardo da Hora em ambientes públicos, igrejas centenárias e mesmo as pontes tão icônicas do Recife enfrentam as intempéries e as depredações, necessitando com frequência de investimentos de restauração. A destruição de obras de arte da Praça dos Três Poderes, nas depredações realizadas em 8 de janeiro em Brasília, e o assalto às peças do Parque das Esculturas, no Bairro do Recife, no ano passado, compõem esse quadro de violência em relação às artes e ao patrimônio público no Brasil. Mas, longe de ser uma batalha perdida, os especialistas consideram que existem caminhos para reverter esse cenário de desvalorização, gerando oportunidades sustentáveis que dialoguem com a sociedade.

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Embora as imagens de destruição de obras públicas nesses casos mais famosos causem comoção coletiva, a violação às obras de arte não é uma grande novidade, segundo a conservadora-restauradora Pérside Omena. “No caso da invasão dos Três Poderes, os vândalos não tiveram o menor respeito e sensibilidade ao destruir as obras de arte, que são bens de todos. Mas esses ataques acontecem todos os dias nas obras públicas que ficam nas ruas”, lamenta.

Recentemente, Pérside coordenou a restauração e o transplante do painel Batalha dos Guararapes, de Francisco Brennand. Instalada em 1962 no Bairro de Santo Antônio, na Rua das Flores, a obra conviveu com anos de violações, com muitos passantes inclusive urinando e defecando sobre o painel que o artista considerava como sua principal obra.

As peças que formavam o painel estavam também cheias de pregos, pichações e cartazes colados. A área inferior já estava com parte das cores muito desbotada, quase desaparecida, pelo fato de ter sido usada na prática como um mictório público. Após a remoção de toda essa sujidade e o trabalho para fazer ressurgir as cores originais, a Batalha dos Guararapes foi deslocada do seu lugar original para o bairro de Boa Viagem, na fachada da agência Select do banco Santander na rua Antônio Falcão.

“O Centro da cidade está muito degradado. Temos uma cidade bonita, mas está decadente, desprezada. Quando ela foi colocada na Rua das Flores, o Centro era uma área superchique, o comércio era muito forte. Se a cidade estivesse em condições de preservar a obra no seu local de origem, não seria removida. Mas se deixássemos lá na situação atual perderíamos a obra. O painel rapidamente iria se perder”, afirmou Pérside. “Se a cidade voltar a ser o que era nos anos 1960, existe a possibilidade desse painel voltar ao lugar original, sem todo o trabalho de remoção peça a peça que tivemos agora”.

*Leia completa na edição 202.4 da Algomais: assine.algomais.com

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