Ateísmo ou crença em Deus? Um dos dilemas mais antigos da humanidade é a premissa de “A Última Sessão de Freud”, peça que coloca Sigmund Freud, pai da psicanálise, e C.S. Lewis, escritor e crítico literário, frente a frente, em um encontro fictício, para um diálogo existencial. A trama, que já foi vista por mais de 70 mil pessoas, volta ao Recife nesta semana, nos dias 15, 16 e 17 de setembro, no Teatro Santa Isabel.
Na peça, dirigida por Elias Andreato, Freud (interpretado por Odilon Wagner), 83 anos, crítico da crença religiosa, convida Lewis (papel de Claudio Fontana), 40 anos, renomado professor de Oxford e influente propagador da fé baseada na razão, para debater o dilema entre ateísmo e crença. O neurologista austríaco quer entender como um ex-ateu e brilhante literato pôde "abandonar a verdade por uma mentira insidiosa", deixando o ateísmo e tornando-se um cristão convicto. A dramaturgia, do norte-americano Mark St. Germain, é baseada no livro “Deus em Questão”, escrito pelo Dr. Armand M. Nicholi Jr., professor clínico de psiquiatria da Harvard Medical School.
A conversa é ambientada no consultório de Freud, na Inglaterra, onde ele se exilou após fugir da perseguição nazista na Áustria, durante a Segunda Guerra Mundial. Os dois dialogam sobre a existência de Deus, perpassando assuntos como crença, sentido da vida, natureza humana, sexualidade, sofrimento, morte e relações humanas. Com direção de Elias Andreato, a peça utiliza ainda ferramentas como o humor, a sagacidade e o resgate da escuta como ponto de partida para uma boa conversa, apresentando os temas com certa leveza. Freud e Lewis também são irônicos e se provocam e se analisam a todo instante.
O cenário é assinado por Fábio Namatame, indicado ao Prêmio Shell melhor cenário, e reproduz o consultório onde Freud desenvolvia sua psicanálise e seus estudos.
Para Odilon Wagner, a experiência de interpretar Freud é fascinante. “Para um ator ter a oportunidade de representar um personagem tão intenso e profundo, que fez parte de nossa história recente, é um privilégio. A construção desse personagem me fez vibrar desde a primeira leitura, foram meses estudando sua vida e personalidade, para tentar trazer um recorte mais fiel possível do último ano de vida desse grande gênio do século 20”, revela o ator, que foi indicado ao Prêmio Shell e ao Prêmio APCA 2022 pelo papel do médico.
O diretor Elias Andreato optou por uma encenação que valorize a palavra, construindo as cenas de modo que o texto seja o protagonista e as ideias estejam à frente de qualquer linguagem. “O Teatro é uma forma de arte onde os atores apresentam uma determinada história que desperta na plateia sentimentos variados. É isso o que me interessa: despertar sentimentos e acreditar na força de se contar uma história. É muito prazeroso brincar de ser outro e viver a vida dessa pessoa em um cenário realista, com figurino de época, jogando com ficção e realidade. Isso é uma realização para qualquer artista de teatro. E é assim que defino essa experiência de me debruçar sobre a obra teatral de Mark St. Germain: A Última Sessão de Freud. Depois de 25 anos de sessões de psicanálise, talvez seja necessário me deixar conduzir, cada vez mais, pela paixão que tenho por meu ofício: o teatro. A minha profissão de fé. E crer: a arte sempre nos salva de todos os perigos”, comenta Andreato.
SERVIÇO
"A Última Sessão de Freud", de Mark St. Germain
Local: Teatro Santa Isabel
Endereço: Praça da República, bairro de Santo Antônio
Temporada: 15, 16 e 17 de setembro (sexta e sábado, às 20h, e domingo às 19h)
Vendas online: www.freud.art.br e pelo Sympla. Os ingressos custam entre R$ 40,00 e R$ 120,00
Classificação: 14 anos