Pera do Vale do São Francisco chega à Serra Gaúcha - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Pera do Vale do São Francisco chega à Serra Gaúcha

Rafael Dantas

Uma tonelada de pera produzida no Projeto Público de Irrigação Nilo Coelho, em Petrolina, no Submédio São Francisco, foi enviada para o município de Farroupilha, na Serra Gaúcha. A pera é uma fruta de clima temperado, mas o seu cultivo no semiárido pernambucano é resultado de uma parceria firmada há dez anos entre a Companhia de Desenvolvimento dos Vales São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

“Ao longo dos anos de pesquisa nós colhemos importantes resultados que nos mostram que é possível produzir pera em grande escala no Vale do São Francisco. Alguns anos atrás nós já víamos que a produção poderia chegar a cerca de 60 toneladas por hectare no quarto ano de cultivo, com possibilidade de duas safras-ano”, disse o engenheiro agrônomo da Codevasf Osnan Ferreira.

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O produtor Teófilo Ferreira, do Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho, plantou as primeiras 200 plantas de pera há sete anos. “Nós iniciamos com poucas plantas. Com a ajuda da Codevasf e Embrapa, fomos aprendendo. Fomos para 400 plantas, um hectare e, recentemente, expandimos para 2,3 hectares. Nós plantamos a pera triunfo e estamos gostando muito do resultado. A fruta é boa e, como se diz aqui, não dá pra quem quer”, afirmou.

Segundo a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), a pera é a terceira fruta de clima temperado mais consumida no país, mas cerca de 95% do consumo nacional é importado. Para atender o mercado interno, o volume de importações chega a 217 mil toneladas. “Os resultados que já temos no Vale do São Francisco mostram que é possível aos produtores do nordeste brasileiro começarem a atender essa demanda”, avaliou o engenheiro agrônomo da Codevasf.

Além da pesquisa com pera, a parceria entre Codevasf e Embrapa possibilitou o cultivo de outras frutas historicamente produzidas em regiões de clima temperado, como maçã e caqui, mas que já apresentam bons resultados no semiárido nordestino. No caso da maçã, que também é cultivada em lotes do Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho, prospecções apontam para uma produtividade de 40 toneladas por hectare.

“A introdução de novas culturas nos projetos de irrigação da Codevasf permite aos produtores diversificar a exploração agrícola, tornando cada vez mais sustentável a atividade”, destacou o diretor da Área de Gestão dos Empreendimentos de Irrigação da Codevasf, Napoleão Casado.

Culturas alternativas em áreas irrigadas
O projeto “Introdução e avaliação de cultivos alternativos para as áreas irrigadas do semiárido brasileiro”, desenvolvido pela Embrapa e financiado pela Codevasf, teve início há dez anos. O objetivo era descobrir a viabilidade da produção de frutas típicas de clima frio no Vale do São Francisco. O investimento nas pesquisas foi de aproximadamente R$ 500 mil por ano.

“A função primordial da Codevasf é promover o desenvolvimento dos vales do São Francisco e do Parnaíba. O financiamento desse tipo de pesquisa é essencial para o desenvolvimento da nossa região. Isso gera renda, diversifica a produção, dá emprego para o nosso povo e ainda gera riqueza para o país”, comentou o superintendente regional da Codevasf em Pernambuco, Aurivalter Cordeiro.

Foram realizados experimentos com pereira, macieira, caquizeiro, cacaueiro e outras culturas típicas de clima temperado nos projetos públicos de irrigação Senador Nilo Coelho e Bebedouro, ambos implantados pela Codevasf em Petrolina. As culturas escolhidas para os estudos foram aquelas produzidas sob irrigação e com bom potencial de retorno econômico.

(Da Codevasf)

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