Estudo do UNICEF aponta avanços no estado, mas destaca desigualdades e necessidade de ações intersetoriais. Foto: Erico Hiller
Pernambuco apresentou avanço na redução da pobreza multidimensional entre crianças e adolescentes de 0 a 17 anos. Segundo o estudo "Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil – 2017 a 2023", do UNICEF, o percentual caiu de 69,8% em 2019 para 64% em 2023. No cenário nacional, a queda foi de 59,5% para 55,9% no mesmo período. A melhoria foi impulsionada principalmente pelo aumento da renda familiar, favorecido pela expansão do programa Bolsa Família, e pelo maior acesso à informação.
Apesar do avanço, o estado ainda enfrenta desafios significativos. Em 2023, 10,9% das crianças pernambucanas estavam privadas de educação, 38,4% sem acesso a saneamento adequado e 33% sem renda suficiente. A desigualdade racial também é alarmante: enquanto 45,2% das crianças brancas viviam em pobreza multidimensional, entre crianças negras esse número saltava para 63,6%. "A pobreza infantil é multidimensional porque vai além da renda. Ela é resultado da relação entre privações, exclusões e vulnerabilidades que comprometem o bem-estar de meninas e meninos", explica Liliana Chopitea, chefe de Políticas Sociais do UNICEF no Brasil.
O estudo também evidencia disparidades entre áreas urbanas e rurais. Em regiões rurais de Pernambuco, a pobreza multidimensional alcançou 95,3% em 2023, enquanto nas cidades o índice foi de 48,5%. A falta de saneamento básico é um dos maiores problemas, afetando quase 92% das crianças nas zonas rurais. Diante desse cenário, o UNICEF reforça a importância de incluir a pobreza infantil multidimensional nas estatísticas oficiais e de implementar políticas públicas que priorizem esse público.