Carnaval e São João são as festas mais valorizadas na capital pernambucana, enquanto teatro e museus apresentam potencial de crescimento
A pesquisa Cultura nas Capitais, maior levantamento sobre o tema já realizado no Brasil, analisou o comportamento cultural dos moradores das 26 capitais brasileiras e do Distrito Federal, evidenciando padrões de acesso, preferências e exclusão cultural. No Recife, os dados mostram que o Carnaval e o São João seguem como as manifestações mais valorizadas pela população, mas outras atividades, como teatro e museus, apresentam grande potencial de crescimento.
O estudo foi realizado pela JLeiva Cultura & Esporte, com patrocínio do Itaú e do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) do Ministério da Cultura, e contou com a participação de 19.500 pessoas em todo o país. No Recife, foram entrevistados 600 moradores entre fevereiro e maio de 2024.
Carnaval e São João dominam o cenário cultural
Entre os entrevistados no Recife, 36% destacaram o Carnaval como a festa mais importante da cidade, seguido pelos festejos juninos, com 32% das preferências. O levantamento também apontou que 31% dos recifenses participaram do Carnaval em 2024, percentual quase o dobro da média nacional (17%).
A cidade também se destaca como a capital brasileira onde mais se ouve brega (33%), muito acima da média nacional de 5%. O frevo, embora seja um dos principais símbolos do Recife, aparece como o estilo preferido de apenas 3% dos moradores.
Queda no acesso a atividades culturais tradicionais
Na comparação com os dados de 2017, o Recife apresentou redução no acesso a bibliotecas (-15%), cinemas (-8%) e teatros (-7%). Outros espaços culturais também tiveram queda de público, como os museus, que passaram a ser frequentados por apenas 19% da população, contra 35% da média das capitais.
Apesar da redução em algumas atividades, a capital pernambucana ainda se destaca em outras frentes. Recife é a cidade do Nordeste onde mais se joga games (53%) e mais se vai ao cinema (46%), além de estar entre as que mais frequentam locais históricos (45%) e festas populares (43%).
Potencial de crescimento para teatro, museus e espetáculos de dança
A pesquisa também revelou que há um grande público potencial para atividades culturais menos acessadas, como teatro, museus e espetáculos de dança. Entre aqueles que não frequentaram essas atividades nos 12 meses anteriores à pesquisa, 34% manifestaram interesse em assistir a peças teatrais, 26% gostariam de visitar museus e 25% desejam ir a apresentações de dança.
No Recife, apenas 17% dos moradores afirmaram ter ido ao teatro, um dos percentuais mais baixos entre as capitais nordestinas. Para 38% dos entrevistados, a principal barreira para frequentar peças teatrais é a falta de tempo.
Oportunidades para políticas públicas e investimentos culturais
Os dados revelam que a população recifense valoriza a cultura e defende mais investimentos no setor. Cerca de 87% dos entrevistados acreditam que o poder público deve aumentar os recursos para atividades culturais, com foco na acessibilidade e descentralização dos eventos.
Além disso, 80% dos recifenses consideram a cultura essencial para o bem-estar e qualidade de vida, enquanto 78% defendem que os eventos devem levar em consideração as particularidades do local onde são realizados. A acessibilidade também foi apontada como fator crucial para o acesso à cultura por 82% dos entrevistados.
De acordo com João Leiva, diretor da JLeiva e responsável pelo estudo, os dados confirmam a vocação cultural da capital pernambucana e apontam caminhos para o fortalecimento do setor.
"Recife é uma cidade com vocação cultural pulsante, e os dados da pesquisa confirmam isso. Ao mesmo tempo em que o Carnaval e o São João seguem fortemente valorizados pela população, há um enorme potencial de crescimento em outras áreas, como teatro, museus e espetáculos de dança. Isso evidencia não apenas o interesse da população, mas também uma grande oportunidade para políticas públicas e investimentos privados que democratizem ainda mais o acesso à cultura na capital pernambucana."
Metodologia da pesquisa
A pesquisa Cultura nas Capitais ouviu 19.500 pessoas em todas as capitais do Brasil entre os dias 19 de fevereiro e 22 de maio de 2024. No Recife, foram entrevistados 600 moradores de diferentes faixas etárias, classes sociais e regiões da cidade. Os questionários foram aplicados presencialmente em 1.930 pontos de fluxo populacional, abrangendo perfis diversos da população.
Os dados completos, infográficos e relatórios estão disponíveis em: www.culturanascapitais.com.br.