Presidente do Porto Digital anuncia as novidades do evento, como a ampliação das Arenas de Robô, Gamer e de Negócios, a realização de um programa de auditório só com mulheres comandado por Regina Casé e muitas atividades relacionadas à IA. Fala ainda da expansão do parque tecnológico para outros Estados e países e das ações para a internacionalização de empresas do setor.
No ano passado, o REC’ n’Play teve 61 mil inscritos para com parecer as suas atividades que combinam conhecimento, tecnologia, economia criativa, negócios, cultura, arte e ino vação. Este ano a previsão do Porto Digital, segundo seu presi dente, Pierre Lucena, é de superar esse número chegando a 70 mil pessoas que poderão assistir a cerca de mil palestrantes e participar de mais de 700 atividades.
O tema do evento deste ano é O Futuro nos Conecta que vai embasar trilhas de atividades como O Futuro do Marketing, O Futuro do Esporte, O Futuro do Carnaval, O Futuro da Política, em que o prefeito João Campos será entrevistado. A inteligência artificial é outro foco do festival, com palestra com players dessa área, oficinas e a inovação da Casa da Inteligência Artificial, que será na Escola do Porto Digital, e vai trazer 10 artefatos de IA, como uma mão que joga damas sozinha ou um compilador de história, onde a pessoa conta uma história para um avatar e ele produz um livro na hora. Outra novidade desta edição será o pro grama de auditório só com mulheres, que acontece na abertura do evento, comandado pela atriz Regina Casé.
Nesta conversa com Cláudia Santos, Pierre Lucena conta como será a edição do REC’n’Play, que acontece de 6 a 9 deste mês em várias localidades do Bairro do Recife. Ele também fala da operação do Porto Digital em Aveiro (Portugal) e dos processos de internacionalização de empresas de tecnologia incentivados pelo parque tecnológico.
Quais são as novidades do REC n’Play este ano?
O tema do REC ‘n’Play deste ano é O Futuro nos Conecta. Vamos discutir o futuro, porque as transformações estão sendo muito rápidas, mais do que todos estávamos imaginando. Nesse sentido, teremos uma série de trilhas como O futuro do Marketing, O futuro do Esporte, O Futuro do Carnaval, O Futuro da Política, em que o prefeito João Campos será entrevistado.
Na abertura do REC n’Play, vamos fazer algo diferente: um programa de auditório só com mulheres. Vamos trazer Mariana Pinkovski, que é a diretora do Porto Digital para discutir o futuro, a indígena Alice Pataxó e Antonella Galindo, a primeira professora trans da Faculdade de Direito do Recife da UFPE. Também haverá uma atração musical que é Joyce Alane. A comandante do programa de auditório vai ser Regina Casé. Vai ser às 10 horas da manhã no Cais do Sertão. No primeiro dia também teremos um evento com o Prefeito João Campos e a galera do brega, às 12h. No primeiro dia ainda teremos uma palestra de Luiza Trajano.
Já na sexta-feira, teremos a governadora Raquel Lyra participando de um debate na Arena de Negócios com as startups pernambucanas, algumas delas do Porto Digital, falando de empreendedorismo. Neste mesmo dia à tarde, vamos receber a ministra Anielle Franco e o deputado estadual do Paraná Renato Freitas. Vai ser uma sessão conjunta para discutir política.
Teremos também uma pista de skate, que será montada no Cais do Sertão e vamos ter a presença do skatista campeão Bob Burnquist.
Esperamos um público maior do que o do ano passado, quando tivemos 61 mil inscritos. Nesta edição, no início da semana, já tínhamos 34.412 inscritos, eram 21 mil inscritos no mesmo período no ano passado. Ou seja, teremos um público maior do que 2023, e isso mostra a consolidação do evento no Recife, mostra que a cidade vai se envolvendo com esse processo de inovação.
É um evento democrático e gratuito (você tem apenas que fazer inscrição no site recnplay.pe), para que todos possam ir e para que as discussões cheguem ao maior contingente de pessoas. Também queremos atingir públicos de diferentes faixas etárias, temos uma trilha 50+ e no sábado será o dia das crianças: haverá atividades com robô, pintura, e estamos trazendo memórias afetivas da cidade para dentro do REC’n’Play. Por exemplo, há 30 anos, havia o banho de carro-pipa na festa da Vitória Régia, então, vamos fazer um banho de carro-pipa de mangueira no Marco Zero pela primeira vez, às 11h30, para a criançada. No sábado à tarde, haverá o cortejo do Bloco do Mundo Bita, que é um empreendimento que nasceu no Porto Digital.
Teremos vários blocos e cortejos de Carnaval para adultos também, dentre eles o Vassourinhas, as Sambadeiras e o Homem da Meia-Noite fechando o cortejo. No fechamento do REC n’Play haverá a Noite dos Tambores Silenciosos, que faz parte do que mais importante temos na cultura pernambucana, que é a sua raiz. Queremos sempre unir tecnologia e arte, passado e futuro, e que este seja o espaço de discussão da cidade.
No ano passado a Arena de Robôs e a Arena de Game fizeram muito sucesso. Este ano também elas vão acontecer?
Este ano elas estão bem maiores. A Arena de Robôs está na rua do Bom Jesus e vai estar imensa. É um espaço bem legal que a galera fica construindo robô e acontece a batalha de robôs no final da tarde. Já na Arena Gamer estamos esperando uma frequência de, pelo menos, umas 6 mil pessoas por dia. Ela vai ser montada na rua do Apolo, na Casa Malassombro.
Assim como a Arena de Robôs, muitas outras atividades também serão realizadas na rua, o dobro do que tivemos no ano passado. Temos dois auditórios de rua, como o espaço gigante do Banco do Brasil, o espaço da prefeitura, o Conecta, o espaço do governo e um auditório apenas de IA.
Inclusive vamos ter quatro palcos este ano: o palco na Praça do Arsenal, que é o palco Recife Cidade da Música, da prefeitura, o palco Pernambuco Meu País, que é do Governo do Estado e que terá shows de artistas como Otto e Karynna Spinelli, do lado do Centro de Artesanato, o palco do DJ Big, que é o palco do hip hop, na rua do Bom Jesus e a gente vai ter o palco do Sesc, na Av. Rio Branco com atrações culturais.
Na quinta e na sexta teremos os finalistas do Let’s Play no Palco Cidade da Música, que é aquele concurso de bandas de artistas. E vai ter também o show de Joyce Alane e Vanessa da Mata. Na sexta vai ter Almério abrindo o show de Frejat. Por falar em Frejat vai ter um debate dele com Spok sobre O futuro da música. Teremos ainda a festa de 40 anos do SindPD (Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados, Informática e Tecnologia da Informação de Pernambuco) e todo mundo pode chegar junto. Será na Rio Branco, com o show da Malícia Champion.
Em relação às atividades empresariais, um dos destaques é a Arena de Negócios. Como foi a experiência do ano passado e como será este ano?
Este ano está ainda melhor. Ela funciona num espaço com quatro ambientes: um palco onde são feitas as apresentações das startups com os investidores, a exposição de startups, com 140 expositores, a área de conteúdo e um lounge para fechar negócio. Ano passado, fizemos a parte de exposição do conteúdo das startups para buscar investidores e, este ano, estamos fazendo um investimento grande para chamar as corporates para cá. Esse processo vai fazer a arena aumentar a cada ano para que a parte de negócios seja a mais significativa do REC ‘n’Play daqui a 10 anos. Vamos caminhando para isso.
Ano que vem, queremos ocupar o Cais do Sertão inteiro com a Arena de Negócios. Esse aumento vai acontecendo ano a ano, porque a grande dificuldade é conseguir colocar startups que já têm um modelo pronto, para fechar negócio, não aquelas que estão começando, que precisam participar ainda da formação do modelo de negócios.
A ideia é focar na startup que já está tracionando, aliás, uma das mesas, por exemplo, é sobre negócios que escalam. Estamos trazendo um dos fundadores do site Bondfaro, que foi vendido para o Buscapé, era concorrente e hoje é sócio dele. Também estamos trazendo Cristiano Lincoln, que foi o fundador da Tempest, que é uma empresa nossa e foi vendida, e o Domingos Monteiro, que é o CEO da Neurotech, que foi vendida também. Então estamos trazendo os dois negócios mais bem-sucedidos da história do Porto Digital e o BondFaro, que foi vendido por milhões.
Além da Arena de Negócios, estão previstas outras atividades empresariais. Estamos fazendo dois eventos dentro do REC n’Play, um deles é o TDC, que é o The Developer’s Conference, destinado aos programadores. O outro é o 1º Brazilian Circular HotSpot 2024 que vai discutir ESG, meio ambiente, sustentabilidade etc.
No ano passado, o senhor anunciou que a inteligência artificial seria um dos temas centrais do evento. Quais as atividades que vão abordar a IA?
Do ano passado para cá, uma série de inovações chegaram com muita força, e inteligência artificial é o carro-chefe da discussão do evento deste ano, que contará, inclusive, com uma mesa sobre IA na educação, da qual vou participar juntamente com Mozart Neves Ramos e Carlos Longo, que é reitor da Universidade Católica de Brasília.
Uma inovação do REC ‘n’ Play em IA, este ano, é a Casa da Inteligência Artificial. Para esta casa, envelopamos a Escola do Porto Digital, na AV. Rio Branco, e traremos 10 artefatos de IA, como uma mão que joga damas sozinha, um compilador de história, onde você senta e conta uma história para um avatar, e ele produz um livro na hora, um batom em que você coloca o rosto e uma sistema de inteligência artificial passa nos seus lábios. Vai ser tudo dentro dessa casa e, na frente, haverá um auditório de rua só sobre inteligência artificial, com palestras e conteúdos.
Todos fomos apresentados à inteligência artificial generativa muito recentemente e temos uma série de negócios dentro do Porto Digital que utilizam a tecnologia, inclusive a empresa de IA mais bem-sucedida do Brasil que é a Neurotech. Então, esse tema é eixo central, porque é a inovação disruptiva que está impactando e vai impactar todos nos próximos anos. Há muita incerteza sobre isso, sobre os empregos, a necessidade de habilitação nessas novas tecnologias, que facilitam o trabalho, mas é um processo de aprendizagem até para quem trabalha com tecnologia. Imagina para o público em geral? Por isso é algo que precisa ser colocado no dia a dia e casa com o propósito principal do REC ‘n’Play de habilitação do pernambucano nessas novas tecnologias. O evento também terá oficinas. A ideia é que isso se desdobre numa série de treinamentos para professores, por exemplo, durante o ano.
Vocês têm conseguido sucesso no propósito de conquistar o público da periferia para o evento?
Muito. A questão da inclusão e da diversidade dentro do festival é muito importante. Era visível e vai ser muito visível este ano também. O Porto Digital não faz inclusão em questões pontuais, mas em escala. Temos hoje o maior programa de formação do Brasil, que é o Embarque Digital, financiado pela Prefeitura do Recife, que está dobrando o número de formados na cidade, este ano, com alunos que estão vindo da escola pública. Então, daqui a 10 anos, quando a gente passar pelo Porto Digital, ali pelas ruas, você verá a periferia do Recife ocupando as vagas de trabalho que são ocupados por pessoas como eu, homem branco de classe média, que é o típico trabalhador da tecnologia.
Também haverá mais mulheres e pessoas pretas nos postos de trabalho em tecnologia. A única forma que temos de mudar a cidade é conseguir incluir a periferia dentro do processo de trabalho formal e empregos qualificados, que é o que a tecnologia provém. Não se faz inovação sem povo.
Na programação do REC ‘n’ Play, incluir a periferia é ponto de honra para fazer com que o Centro do Recife seja ocupado, porque quando uma cidade perde o seu Centro, perde sua alma. Essa questão da área central para gente também é ponto de honra, isso é muito importante porque o Bairro do Recife é onde está a alma do Porto Digital, mesmo que tenhamos hubs em outros lugares do mundo, como o hub que acabamos de abrir em Aveiro, em Portugal.
Como está a operação em Portugal?
Incrível. Lá temos 21 empresas dentro do projeto. A escolha por Aveiro se deu por vários motivos, como a identificação com o Recife, além do apoio do poder público local. A conta de inovação é subsidiada no mundo todo, nos Estados Unidos, em Israel, na Coreia, no Japão, e, na Europa, não é diferente. Aqui no Brasil também, você tem lei de informática, tem a Embrapii, porque elas têm um efeito multiplicador lá na frente de aumento da produtividade, que faz com que o país cresça mais. Então, até 70% da conta de inovação lá é paga pela Comunidade Europeia, contanto que você não esteja dentro dos grandes centros, Lisboa, Porto, Paris, Milão, Roma. Então, se você não está dentro desse centro, você pode receber incentivo porque tem um abandono, principalmente pela população jovem das cidades interioranas, e Aveiro tem uma universidade incrível.
Estávamos há um ano lá num prédio improvisado e, agora, a gente abriu o nosso hub no Centro da cidade. Estamos acelerando 12 empresas daqui, algumas empresas de lá, o CESAR está lá também ajudando. Agora vamos fazer 15 empresas aceleradas por ano. É um projeto de longo prazo, de internacionalização de empresas brasileiras de base tecnológica, cujo edital foi lançado pela governadora Raquel Lyra, em que o Governo está investindo R$ 2,5 milhões.
O Governo Federal anunciou que o Porto Digital fará a gestão do LIIA – Laboratório de Inovação e Inteligência Artificial. Qual o objetivo desse laboratório?
O objetivo é que o Governo Federal consiga contratar inovação de inteligência artificial para dentro dos processos dele e seremos o gestor desse laboratório durante cinco anos. Vai ser dentro da sede do Porto Digital inclusive. É um projeto de inovação aberta, porém com foco em IA e na melhoria dos serviços.
Qual a perspectiva de crescimento do Porto Digital?
Nos próximos anos, o Porto Digital vai expandir para outros lugares. Vamos abrir três pontos no interior do Estado, já estamos em Caruaru, já estamos em Goiás, e vamos começar a discutir com outras cidades a possibilidade de administração de hubs locais. Já estamos em Aveiro e tudo isso facilita.
Quando eu cheguei no Porto Digital, a proposta colocada era para que a gente conseguisse dobrar o faturamento até 2026. Em 2023, a gente fechou com faturamento quase três vezes maior. As metas já foram todas batidas, mas eu gosto de olhar a nossa aspiração que é ter daqui 20, 30 anos, 50 mil ou 60 mil pessoas trabalhando no Porto Digital. Apostamos na qualidade do povo do Recife e temos sido bem sucedidos. O REC’n’Play é a expressão de que isso é possível, porque estamos falando de um evento de conteúdo, de palestra, debate, atividade, discussão. São 70 mil pessoas discutindo o futuro.