Primeira mestranda indígena da UFPE em Caruaru defende dissertação - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Primeira mestranda indígena da UFPE em Caruaru defende dissertação

Rafael Dantas

Da Ascom da UFPE

Hoje (12) ocorre a primeira defesa de dissertação de uma estudante indígena do Campus do Agreste (CAA), em Caruaru. A mestranda Maria Roseane Cordeiro de Oliveira vai defender o trabalho pelo Programa de Pós-graduação em Educação Contemporânea (PPGEduc), com o tema “A prática pedagógica das/nas escolas xucuru: encontros com a pedagogia decolonial na comunidade-escola”, em sessão virtual por causa da pandemia do coronavírus. Os professores da banca examinadora estarão no CAA, e ela estará na aldeia xucuru, em Pesqueira, junto a um conselho de representantes indígenas presentes. O orientador da dissertação foi o professor Saulo Feitosa, do PPGEduc.

Agenda TGI

Oliveira estudou na escola indígena na aldeia xucuru onde mora até hoje. Quando se tornou adulta, se formou em Licenciatura Intercultural Indígena, no CAA. E hoje é professora da escola indígena onde estudou quando criança. Após a faculdade, fez Especialização em História e Culturas Indígenas, também no Campus do Agreste, e agora está concluindo o mestrado em Educação Contemporânea.

Segundo o orientador Saulo Feitosa, toda a dissertação foi feita exclusivamente baseada em autores intelectuais indígenas, trabalhos de conclusão de cursos de indígenas que fizeram lato sensu e especialmente que discutem o pensamento decolonial. “O que significa que discutem exatamente a valorização do conhecimento tradicional autóctone, nativo, criticando a reprodução do conhecimento ocidental”, explica. Para tanto, ela trouxe à sua discussão autores renomados como Aníbal Quijano (Peru), Catherine Walsh (Equador) e Walter Mignolo (Argentina).

O ponto alto do trabalho de Oliveira é o que ela defende que o povo xucuru possui uma pedagogia própria de ensino, estabelecendo um diálogo entre a pedagogia tradicional e a indígena. Alinhando o saber tradicional que é repassado de geração em geração com os saberes que são produzidos fora das aldeias.

GRADUAÇÃO - O curso de Licenciatura Intercultural Indígena foi uma grande conquista do povo indígena e do CAA e formou mais de 300 professores indígenas. A Especialização em História e Culturas Indígenas, por sua vez, formou 110. A reivindicação dos professores é que ele se torne um curso permanente para que possa beneficiar ainda mais indígenas. O PPGEduc também espera estabelecer um sistema de cotas para negros e indígenas em breve, pois ainda não possui.

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