A opinião pública pernambucana foi surpreendida na semana passada com o anúncio feito pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, de que havia sido “decidido” pelo governo federal que não seria mais concluido o ramal pernambucano da ferrovia Transnordestina até Suape em detrimento do ramal até Pecém no Ceará que teria prioridade absoluta para conclusão.
Depois do susto inicial, caiu a ficha do absurdo total que essa “decisão” inadequada, ilegal e estapafúrdia representa em termos de perda irreparável para o desenvolvimento não só do Estado mas, também, de todo o Nordeste Oriental (além de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas). Afinal, a concessão pública para a construção da Transnordestina já recebeu, segundo as contas do jornalista Fernando Castilho do JC/PE, o investimento direto de R$ 5,15 bilhões de recursos públicos (Finor, FNE, FNDE, BNDES, Valec) contra R$ 1,39 bilhões da concessionária CSN controlada por Benjamim Steinbruch.
O traçado original da ferrovia, no âmbito da concessão pública realizada, é de 1.753 km ligando a cidade de Eliseu Martins no Piauí até a cidade de Salgueiro em Pernambuco e, de lá, bifurcando-se num ramal para o porto de Suape e em outro para o porto de Pecém. O trecho de Eliseu Martins a Suape é 94 km mais curto do que o de Eliseu Martins a Pecém e cerca de R$ 1 bilhão mais barato.
O próprio ministro tinha anunciado, tempos atrás, a contratação da consultoria internacional McKinsey & Company para reestudo da situação do projeto e suporte à decisão sobre os próximos encaminhamentos. Aí, sem que o prazo para os estudos fosse concluído e sem que qualquer resultado fosse divulgado, anuncia publicamente o cancelamento do trecho Salgueiro-Suape. Trata-se, na verdade, de um fato consumado que os pernambucanos não podemos aceitar de jeito nenhum!
O que defendemos é que os dois ramais sejam construídos ou que se desfaça o contrato ou que se rediscuta o projeto todo. O que não dá é para vir com fato consumado desaforado. Se for assim, a vontade que dá é responder com outro desaforo: “Ah, é? Não vai para Suape? Pois, então, arranje outro lugar para passar direto para Pecém porque por dentro de Pernambuco não vai passar não!”.