Setor Produtivo Reage à Manutenção Da Selic Em 15% E Alerta Para Impacto No Crescimento - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco
Setor produtivo reage à manutenção da Selic em 15% e alerta para impacto no crescimento

(Com informações da Agência Brasil)

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, pela terceira vez consecutiva, manter a taxa Selic em 15% ao ano, o nível mais alto desde 2006. A decisão, unânime, foi justificada pelo órgão como necessária diante do cenário internacional incerto e da inflação ainda acima da meta. No entanto, o anúncio provocou reações imediatas de entidades empresariais, do comércio e centrais sindicais, que veem na política monetária atual um obstáculo à retomada da economia.

Em comunicado, o Banco Central destacou que “o ambiente global segue volátil” e que “a inflação doméstica, embora em desaceleração, ainda exige cautela”. O Copom afirmou que manterá os juros altos por um período prolongado para garantir a convergência da inflação à meta de 3% ao ano, com margem de tolerância entre 1,5 e 4,5 pontos percentuais. O órgão não descartou a possibilidade de novas altas, caso considere necessário.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) classificou a medida como “excessivamente contracionista”. Segundo o presidente da entidade, Ricardo Alban, a Selic atual “freia a economia muito além do necessário, ameaça o emprego e impõe custos desnecessários ao país”. Uma pesquisa da CNI aponta que 80% das empresas industriais consideram os juros o principal entrave ao crédito de curto prazo, e 71% apontam o mesmo problema para financiamentos de longo prazo.

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O impacto dos juros também preocupa o setor da construção civil, que revisou para baixo suas projeções de crescimento. Para Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a taxa elevada encarece o crédito imobiliário e inviabiliza novos empreendimentos. “A construção é um dos setores mais sensíveis ao custo do crédito. Uma Selic de 15% trava investimentos e compromete a geração de empregos”, afirmou.

As centrais sindicais também se manifestaram. A Contraf-CUT criticou o custo fiscal da taxa de juros, afirmando que cada ponto percentual da Selic representa cerca de R$ 50 bilhões a mais em gastos com a dívida pública. “São recursos que poderiam estar sendo aplicados em saúde, educação e infraestrutura”, disse Juvandia Moreira, presidenta da entidade. A Força Sindical também reagiu, chamando o momento de “era dos juros extorsivos” e alertando que o alto custo do crédito compromete o consumo das famílias.

Já a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) reconheceu os impactos da política, mas considerou a decisão do BC “cautelosa e técnica”, diante de um cenário de inflação resistente e incertezas externas. Para o economista da entidade, Ulisses Ruiz de Gamboa, o atual patamar dos juros “reflete a necessidade de equilíbrio entre controle inflacionário e estabilidade fiscal”.

O Boletim Focus divulgado nesta semana indica uma expectativa de inflação de 4,55% para 2025 — ligeiramente acima do teto da meta — e um crescimento de 2,16% do PIB no ano. O mercado, contudo, alerta que a manutenção prolongada dos juros altos pode reduzir o dinamismo econômico e comprometer a geração de empregos no último trimestre.

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