Por Manu Siqueira
Quem se lembra de Sex and the City, de 1998, recorda as quatro amigas – Carrie, Miranda, Charlotte e Samantha – explorando encontros amorosos e sexuais em Nova York, com novas aventuras em cada esquina. Pois bem, com mais de 25 anos de atraso, comecei a maratonar a série na Netflix. É longa, divertida e fácil de assistir. Mas, em 2025, a realidade das mulheres é outra. Para quem está acima dos 45, a busca pelo amor e pelo sexo ganhou novas camadas e desafios. Pesquisas recentes mostram que as mulheres estão fazendo menos sexo, e muitas vezes não por falta de desejo, mas porque não aceitam mais qualquer tipo de relação. Sexo de qualidade virou critério essencial.
O cansaço de conhecer pessoas novas por aplicativos de namoro também pesa. O chamado app fatigue já aparece em pesquisas e descreve a exaustão emocional provocada por conversas que não evoluem, perfis falsos e expectativas frustradas. Muitas mulheres relatam a canseira de deslizar para a direita e para a esquerda sem encontrar conexões verdadeiras.
Na contramão disso, já celebrei casamentos de casais que se encontraram e se apaixonaram em aplicativos de paquera. Sim, é raro, mas acontece. Também conheço histórias bonitas de encontros casuais, mas intensos e verdadeiros, que nasceram em viagens, quando parece que deixamos os receios de lado e olhamos o outro com os olhos encantados de turista.
No entanto, no cenário atual, não adianta ter quantidade se o prazer do sexo e da companhia não estiver presente. Com a maturidade, muitas mulheres entendem que desejo, carinho, respeito, comunicação e conforto são pontos inegociáveis.

Enquanto em Sex and the City amor e sexo se misturavam em histórias intensas, hoje muitas mulheres optam por outros caminhos. Algumas buscam relações estáveis, outras preferem encontros casuais, e há ainda quem escolha viver o prazer sozinha ou explorar movimentos como o celibato voluntário e o detox de homens. Esses movimentos revelam uma tendência em expansão: a relação amorosa deixou de ser o centro da vida de muitas mulheres, que agora ocupam esse espaço com prioridades pessoais, profissionais e de bem-estar.
A reflexão que fica é simples e profunda: o que realmente importa depois dos 45 não é a frequência, mas a qualidade. Vale se perguntar o que se busca de fato, se é amor, sexo ou ambos, e se as experiências atuais estão trazendo prazer verdadeiro ou apenas repetindo convenções sociais. O mundo mudou muito desde as aventuras de Carrie e suas amigas, e hoje as mulheres estão livres para reinventar o próprio roteiro. Sexo depois dos 45 pode ser intenso, transformador e libertador, mas só quando é escolhido com consciência e desejo genuíno.
*Manu Siqueira é jornalista