Arquivos texto - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

texto

Governo do Estado lança pacote de medidas para fortalecer cadeia têxtil e de confecções

O Polo de Confecções, principal segmento econômico do Agreste, será beneficiado por um pacote de medidas em prol do crescimento da cadeia, que movimenta mais de R$ 5,6 bilhões por ano em negócios. O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Bruno Schwambach, em reunião com o empresariado dos municípios de Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe apresentou o conjunto de ações hoje (2) na sede da Associação Comercial e Industrial de Caruaru (ACIC). As ações serão divididas em três frentes integradas: a primeira é a instalação da Câmara Setorial Têxtil e de Confecções, para discutir a conjuntura e as soluções do segmento; a segunda foca na interiorização das ações do Marco Pernambucano da Moda, que passará a ter protagonismo regional; e o terceiro eixo é a criação do Comitê Deliberativo do Fundo de Desenvolvimento da Cadeia Têxtil (Funtec), orçamento vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico que passará a ter gestão compartilhada com a iniciativa privada e prefeituras das cidades que mais contribuem com o fundo. “A gente passa a dar mais autonomia e liberdade no poder de decisão de ações para os empresários e a gestão das cidades, que pensam em como melhorar os negócios. A criação do comitê deliberativo do setor coloca o poder de decisão, também, em empresas e prefeituras, na forma de como serão gastos os recursos do Funtec”, explica Schwambach. As ações anunciadas nesta segunda-feira são fruto da “Missão Desenvolvimento”, projeto lançado pela SDEC no primeiro semestre. Desde abril, uma comitiva da equipe econômica do Governo tem visitado os principais polos produtivos do Agreste e do Sertão a fim de colher, in loco, os pleitos do empresariado para dinamizar o ambiente de negócios, assim como identificar gargalos e oportunidades para novos projetos. Em cinco meses, o grupo cumpriu agenda em dez cidades, nas duas regiões. O Fundo de Desenvolvimento da Cadeia Têxtil foi instituído há quase dez anos, por Lei Estadual (nº 13.958/2009), para fomentar o segmento. Atualmente, a arrecadação de 0,27% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) antecipado pelas indústrias garante cerca de R$ 700 mil por ano ao Funtec. As ações são executadas pelo Núcleo Gestor da Cadeia Têxtil e de Confecções de Pernambuco (NTCPE), organização social privada, instituída em 2012, para promover a interlocução entre poder público, empresas, academia e entidades de apoio ao setor. O lançamento da Câmara Setorial, por sua vez, representa a formalização de um canal de comunicação oficial entre setor público e privado. Desta forma, será possível colaborar com o planejamento estratégico da pasta, encurtando o caminho do atendimento às demandas do polo. “Já temos câmaras setoriais que tratam do turismo e da bacia leiteira. A cada reunião, o setor discute e apresenta ganhos, o que também vai se refletir no polo de confecções”, reforça o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper), Roberto Abreu e Lima. A AD Diper é o órgão gestor das Câmaras. O terceiro eixo que será trabalhado pelo Governo do Estado é a interiorização das ações do Marco Pernambucano da Moda, símbolo da política de fomento desenvolvida pelo poder público estadual. Administrado pelo NTCPE, desde 2012 funciona na Rua da Moeda, no Recife Antigo, oferecendo serviços e apoio a empresários e profissionais da cadeia com a difusão de técnicas e ferramentas de gestão, inovação, design e empreendedorismo. A descentralização destas ações é um antigo pleito do Polo. Criado inicialmente com enfoque no programa de incubação - que oferta consultorias, capacitação e suporte de inteligência mercadológica -, o “Marco” também virou referência em capacitação de mão de obra, por conta dos cursos de qualificação de curta duração. Hoje, o Polo Têxtil e de Confecções concentra uma das principais atividades econômicas do Agreste pernambucano, com faturamento anual de R$ 5,6 bilhões, segundo a consultoria IEMI. Cerca de 40 municípios, entre Pernambuco e Paraíba, dedicam-se à produção têxtil e de confeccionados, com mais de 225 milhões de peças fabricadas somente em solo pernambucano. Juntas, as cidades dos dois estados ocupam mais de 250 mil trabalhadores em atividades ligadas à cadeia. Em Pernambuco, o polo se concentra num raio de 40 Km. Entenda como funcionará o Comitê do Funtec O comitê que será criado para dividir as decisões que dizem respeito à aplicação de recursos voltados ao fomento do polo será formado por 14 representantes. Da parte do governo estadual, participarão quatro secretarias - Desenvolvimento Econômico (SDEC), Ciência e Tecnologia (SECTI), Fazenda (Sefaz) e Micro e Pequena Empresa, Trabalho e Qualificação (SEMPTQ). Além disso, a gestão pública ainda é representada pela AD Diper e pela Agefepe (Agência de Fomento ao Estado de Pernambuco). Do lado privado, estarão as três principais associações do setor nos municípios de Toritama, Caruaru e Santa Cruz do Capibaribe (ASCAP, ACIT e ACIC), além dos sindicatos estaduais da Indústria do Vestuário (Sindvest) e da Indústria Têxtil (Sinditêxtil). Três representantes do poder executivo municipal, das cidades que mais contribuíram para o Funtec, também terão assento no conselho: Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe. Objetivos do Fundo: Formação e qualificação técnica e de gestão; Promoção da Cadeia Têxtil e de Confecções; Diagnósticos e estudos sobre o setor; Orientação e educação fiscal; Instalação de laboratórios, centros de prototipagem e estruturas de formação e qualificação; Promoção e comercialização de produtos têxteis e de confecções de empresas e cooperativas; Estruturação da governança estadual e de governanças regionais e municipais. (Da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Governo de Pernambuco)

Governo do Estado lança pacote de medidas para fortalecer cadeia têxtil e de confecções Read More »

Um texto de boa têmpera - Por Paulo Caldas

*Paulo Caldas Walther Moreira Santos, no seu "0 metal de que somos feitos" - Companhia Editora de Pernambuco-(Cepe) 2013, demonstra o domínio na arte de escrever. No conto "Herança", por exemplo, passa ao leitor agruras de uma guerra revelada no clamor dos oprimidos, sem contudo esmaecer o culto e a coragem de um povo digno e autêntico. A rigor, no entanto, reside na criatividade a virtude de sua escrita, o que por certo motivou a conquista dos prêmios Pernambuco e São Paulo de Literatura e ser finalista do cobiçado Portugal - Telecom. Neste livro, a narrativa se mostra madura, própria de quem conhece os labirintos da prosa ficcional. Em diversos trechos o autor sobrepõe as vozes (narrador e personagem) manuseando com perícia o artifício da falsa terceira pessoa. Mesmo que, embora eventualmente, busque refúgio em pronomes e marcações na identificação dos diálogos, esse pecado venial foge à retina do leitor envolvido pela sedução das cenas. O autor abraça a beleza estética quando forja, no capricho, sua poética com imagens marcantes, vindas da concepção de símiles e metáforas bem encaixadas: "a pobreza é uma ratazana suja que ninguém quer como companhia", ou quando constrói esta alegoria: "nem sempre a culpa é um rochedo que surge inteiriço do nada e em cima da pessoa vai esmagando-a aos poucos até que não possa respirar. Às vezes a culpa é uma areia fina que aparece calada e mansamente vai se acumulando sem a pessoa perceber até que esteja completamente enterrada numa duna". Dentre tantas outras virtudes do livro, a dinâmica narrativa é consolidada pelo apego aos detalhes certificadores e se acentua ao ritmo de aventura vivenciado no conto (quase novela) "Campo semeado em tempo morto", passado na cidade imaginária de Alto Paraíso, com destaque para a montagem dos personagens Max, Ernesto, Cassandra e Dona Olga, que fogem pela contramão do meramente convencional. Nesses trechos, particularmente elogiáveis, concebeu esmeradas metáforas: " a doçura do piano de Dona Olga", "a dor de Seu Júlio transbordava da biblioteca", “a presença de sua ausência nos dava nós na garganta" e "silêncios amontoados pelos cantos". Não obstante os cinco anos de lançado, vale a pena uma busca pelo livro nas plataformas de venda da editora. *Escritor

Um texto de boa têmpera - Por Paulo Caldas Read More »