Com pouco mais de um mês de gestão, o governo do presidente interino Michel Temer foi considerado ruim ou péssimo por 39% da população, em junho, de acordo com a pesquisa CNI/Ibope. O levantamento foi divulgado hoje (1º) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Na última pesquisa CNI/Ibope que avaliou o governo de Dilma, em março deste ano, 69% dos entrevistados consideram o governo da petista ruim ou péssimo.
O percentual de pessoas que consideram o governo de Michel Temer ótimo ou bom é 13%, contra 10% de Dilma. Já os que avaliam o governo Temer como regular somam 36%. Em março, 19% disseram que o governo de Dilma era regular.
A popularidade do presidente interino é maior que a da presidenta afastada Dilma Rousseff, mas também é negativa. Entre os entrevistados, 31% concordam com a maneira Temer de governar e 53% discordam. No caso de Dilma, 82% concordavam com a maneira de ela governar em março de 2016 e 14% aprovavam.
Sobre a confiança, 27% confiam no presidente Temer e 66% não confiam. O índice de confiança de Dilma era de 18%; 80% não confiavam na presidenta afastada.
Segundo o gerente-executivo de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca, a proximidade política entre os dois governos e o pouco tempo em que Michel Temer está no poder reflete na manutenção do percentual de pessoas que consideram o governo atual ótimo ou bom (13%), considerando a margem de erro, em relação à última pesquisa da presidenta Dilma (10%).
Em comparação com o governo de Dilma Rousseff, 44% da população consideram que o governo Temer está sendo igual ao da presidenta afastada; 245% consideram pior e 23%, melhor. “É um fator que já se esperava, porque [o PMDB] é um dos principais partidos que estavam na base aliada do governo passado; alguns ministros até participaram do governo passado. Isso pode levar essa impressão na população de que o governo está muito parecido. Quando olhamos pelo lado do ruim ou péssimo, está melhor que antes, mas não significa dizer que está um ótimo governo”, explicou Fonseca.
Nordeste
A popularidade de Temer, segundo a CNI, é mais baixa na Região Nordeste. Para 44% dos entrevistados nessa região, o governo está sendo ruim ou péssimo; 72% não confiam no presidente em exercício e 63% desaprovam sua maneira de governar. Nas demais regiões, as avaliações são similares. No Nordeste, o governo Temer está sendo pior que o governo Dilma para 38%. Esse percentual cai para 25% entre os entrevitados no Norte e Centro-Oeste, 20% no Sudeste e 19% no Sul.
“O Nordeste era onde a presidente Dilma tinha mais força, tinha melhor índice de aprovação, e certamente esse é um fator determinante para que o presidente interino tenha uma desaprovação maior nessa região”, disse Fonseca, ao acrescentar que ainda há uma incerteza na população e um desconhecimento do que realmente esse governo vai fazer e as políticas que vai adotar.
Notícias
Para 40% do entrevistados, as notícias recentes são mais desfavoráveis ao governo. Na comparação com a pesquisa de março de 2016, o número recuou 36 pontos percentuais. O percentual dos que consideram as notícias mais favoráveis ao governo é de 18%; em março, esse percentual era 10%. Na comparação com março, houve um aumento de 9% para 25% dos que consideram que as notícias não são favoráveis nem desfavoráveis.
Para Fonseca, esse é um ponto que chamou a atenção, pois cresceu o número de pessoas que não citaram ou não lembraram ou não quiseram citar notícias específicas sobre o governo (63%). Em março, esse percentual era de 25%. “Houve uma avalanche de notícias sobre corrupção e [Operação] Lava-Jato e, de repente, isso diminuiu um pouco e começam entrar notícias de mudanças de governo. E as pessoas não se atentaram ainda ou não absorveram ainda essas notícias por completo”, disse o gerente executivo da CNI.
A pesquisa CNI/Ibope também avalia o governo por área de atuação. Impostos e taxa de juros são as áreas que mais desagradam à população, ao alçancar 77% e 76% de desaprovação, respectivamente. A pesquisa completa está disponível no site da CNI.
Temer assumiu o governo em 12 de maio, quando o Senado aprovou a admissibilidade do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
A pesquisa foi feita entre os dias 24 e 27 de julho com 2.002 pessoas, em 141 municípios. A margem de erro é dois pontos percentuais e, segundo a CNI, o grau de confiança da pesquisa é 95%.