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Uma rota urbana inclusiva (por Francisco Cunha)

Recentemente tive a satisfação de guiar uma Caminhada Domingueira Olhe Pelo Recife, coisa que faço há já mais de uma década, por uma rota inusitada: da Praça Fleming, na Jaqueira, até a Avenida 17 de Agosto, em Casa Forte, passando pelos Altos da Bela Vista e Santa Terezinha.

Foram, no total, quase 12 km percorrendo, na planície, a Estrada Velha de Água Fria e a Avenida Beberibe até Porto da Madeira. De lá, subimos até o Alto da Bela Vista, passando pelo projeto Mais Vida nos Morros da Rua Vitoriana. Em seguida fomos, por cima, até o Alto Santa Terezinha, cerca de 1 km depois, e visitamos o primeiro Compaz (Centro Comunitário da Paz) do Recife, em torno do qual os índices de violência caíram 25,5% desde a sua inauguração (ver reportagem de capa desta edição da Algomais). A partir do Compaz iniciamos a descida, passando pela Bomba do Hemetério até a Avenida Norte, novamente na planície. Da Avenida Norte, seguimos pela Rua da Harmonia até Casa Forte.

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Das mais de 100 pessoas que foram nessa caminhada, acredito que a grande maioria nunca tenha estado por aquelas bandas nem, muito menos, feito uma travessia do tipo, muito embora a ocupação urbana daqueles altos date da primeira metade do século 20, quando a cidade passou por uma explosão populacional, e seja a mais antiga ocupação dos morros da Zona Norte do Recife.

Fiquei com a firme impressão de que a rota percorrida fez bem, tanto para quem “passou por dentro” dos altos, quanto para os moradores da localidade que viram a “outra cidade” passar por dentro da sua. Afinal, embora socialmente separadas uma da outra, a cidade é uma só. Uma parte conhecer e integrar-se fisicamente com a outra é condição de desenvolvimento da cidadania urbana!

Achei tão importante essa integração que até me comprometi a estudar e desenvolver, por meio da pesquisa feita com os caminhantes, uma proposta de rota adequadamente sinalizada que, partindo da Avenida Beberibe, mais precisamente da Praça Camilo Simões em Porto da Madeira, seguisse por uma boa parte do roteiro percorrido e terminasse no mirante do Morro da Conceição que já é, por si só, um ponto de atração turística. Com isso, poderíamos ter um roteiro turístico inclusivo e democrático ligando as “duas cidades”, hoje separadas. Vamos nos empenhar para que seja possível. A cidadania agradecerá, com certeza!

*Francisco Cunha é consultor e sócio da Algomais

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