Uma sertaneja que persistiu e conquistou seu espaço na Capital - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Quem disse que a mulher não pode ocupar qualquer função? Disputar uma vaga no mercado de trabalho, fazer carreira e construir histórias. Alcançar até mesmo um cargo de gestão. Ainda há resistências, mas com persistência e foco, é possível sim vencer desafios e conquistar um lugar ao Sol. Elaine Martins sabe bem disso. Ela nasceu em Tabira, Sertão de Pernambuco, em uma família humilde. Foi mãe cedo e resolveu tentar a vida no Recife para oferecer melhores condições ao filho. Persistiu um bocado. E conseguiu seu espaço.

Aos 21 anos, deixou seu filho temporariamente com sua mãe, no interior, para tentar a vida na capital. Aqui, dividiu um kitnet com outras cinco mulheres. Vendeu doces em lojas do Centro para conseguir pagar o aluguel. Percorria de um lado a outro e contava o dinheiro para custear as despesas. Não sabia nem pegar ônibus e ficava junto do cobrador para não errar o ponto de descida. Vivia procurando emprego e classificados de jornal. Nas tentativas, ela lembra que sofreu muito preconceito por ser mulher. “Era uma matuta que não sabia de nada, mas queria crescer e dar uma vida melhor ao meu filho”, resume ela, que relata esconder da mãe as dificuldades que passava para não preocupar a genitora.

Após bater muito pé por aí, conseguiu uma vaga em uma factoring. Ajudou no orçamento, mas a experiência não foi tão exitosa. O clima organizacional era pesado. Havia conflitos. Mas ela se manteve firme. Precisava pagar as contas, oferecer uma vida melhor ao filho e seguir.

Até que uma amiga avisou a ela de uma vaga na distribuidora pernambucana de combustíveis Dislub. Resolveu tentar e foi selecionada. Iniciou no administrativo e teve que aprender muitas habilidades no dia a dia. Passou por outras áreas ao longo dos anos e foi subindo o degrau na organização, conquistando seu espaço e aprendendo novas habilidades. Quando estava mais estabilizada, trouxe o filho para cá com a irmã para auxiliar no dia a dia. Com apoio do grupo pernambucano, ela conseguiu fazer faculdade e especialização.

O tempo passou e Elaine foi acompanhando também o crescimento da quinta maior distribuidora de derivados de petróleo independente do país. Aos poucos, a sertaneja desenvolveu seus talentos e a organização foi expandindo para novos mercados. Duas histórias de luta e conquistas. Hoje, ela é gerente de suprimentos do Grupo Dislub Equador, que está presente nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste e atua no mercado de combustíveis desde 1997.

De lá para cá, já são 18 anos na empresa, colecionando muitas vivências e histórias para contar. “Não desisti. Foram muitas batalhas, mas venci! Se tivesse desistido, não teria conseguido tudo que consegui”, ressalta Elaine, que casou novamente, teve uma filha - hoje com nove anos.