Na situação em que a pandemia chegou, de escalada de casos e mortes, só há uma alternativa para enfrentá-la com possibilidade de êxito, tanto do ponto de vista sanitário quanto econômico: cobertura vacinal ampla da população. Ou seja, “imunização de rebanho” com a vacina (e ainda bem que as vacinas foram desenvolvidas com a eficiência necessária, numa corrida científica notável, menos de um ano depois do aparecimento do vírus).
Pelo fato de várias dessas vacinas, felizmente, terem mostrado, pelo mundo afora, níveis de eficiência adequados, embora com diferenças entre eles, muita gente está, no momento, fazendo a pergunta: qual a melhor vacina a tomar?
A resposta, infelizmente, é uma só: a melhor vacina é a que podemos ter! Ou seja, como diz o médico Marcio Bittencourt, pesquisador da USP: “A melhor vacina é a que eu possa tomar logo, a pior é a que demore para chegar. A melhor estratégia é tomar o quanto antes a primeira vacina a que a gente tiver acesso, desde que aprovada pela agência reguladora”.
E, aí, temos que considerar dois condicionantes muito importantes. O primeiro deles, desfavorável, é que as vacinas mais avançadas do mundo, as que acusam eficiência acima de 90% (feitas com o chamado RNA mensageiro, da BioNTech e da Moderna) são inalcançáveis para nós (tecnologia nova, temperatura de armazenamento muito baixa, pouca capacidade de fabricação, produção já vendida aos países desenvolvidos). O segundo condicionante, favorável, é que o Brasil tem duas instituições públicas de excelência na produção vacinal (Fiocruz e Butantan) que fizeram parcerias com organizações de pesquisa, duas inglesas (Oxford/AstraZeneca) e outra chinesa (Sinovac), e conseguiram desenvolver duas vacinas eficazes para produção local em escala.
Moral da história: não podemos sonhar com as vacinas que não temos e temos que usar aquelas que estão à mão, o mais rápido possível, sem atrasos desnecessários! Portanto, a nossa prioridade, seja como pessoas físicas seja como pessoas jurídicas, deve ser só uma: vacina, vacina, vacina! Sem elas, só nos resta esperar pelo pior na saúde e na economia.
*Francisco Cunha é sócio da TGI e da Revista Algomais. Esse artigo foi publicado na coluna Última Página, da Revista Algomais, publicada no dia 15 de janeiro de 2021.